Artes Vajrayana (Tibetano)

Arte Budista Tibetana: Pinturas e Mandalas

“O budismo foi levado ao Tibet por volta do século VII, com o apoio do rei Songtsen Gampo (tib. srong btsan sgam po). Posteriormente, o tibetano Rinchen Zangpo (tib. rin chen bzang po, 980-1055), monge e tradutor que estudou em Kashmir, na Índia, retornou ao Tibet com uma grande quantidade de textos religiosos e trinta e dois artesões. Começa aqui a história da arte budista no Tibet.”

Extraído do antigo site Dharmanet (o site já não existe)
Título original: Mandala – O Simbolismo da Arte Tibetana


Conteúdo:


Introdução

Não se sabe exatamente quando se iniciou a arte budista; as mais antigas representações budistas conhecidas são esculturas da época do rei indiano Ashoka (século III a.C.). As primeiras figuras modeladas em um estilo tipicamente indiano apareceram no século I, em Bharhut, Ajanta e Sanchi. Surgiram três estilos artísticos diferentes, em Amaravati, Gandhara e Mathura. Estes dois últimos estilos mostram influência dos gregos, que conquistaram algumas regiões da Índia na época de Alexandre o Grande.

Durante a dinastia indiana Gupta (320-510), a pintura e a escultura budistas se encheram de estabilidade, elegância e serenidade. Nos séculos VI e VII, as posturas das imagens acabaram sendo padronizadas, com figuras bastante graciosas. No século IX, com o intercâmbio dos monges de países vizinhos, o estilo indiano foi levado ao Nepal, Tibet, China e Ásia Central.

As primeiras imagens de Buddha no sudeste asiático apareceram por volta do século I, em esculturas e monumentos, mostrando influência das etnias locais. Na Birmânia, as estátuas foram influenciadas pelo estilo indiano de Bengala. Na Tailândia e no Laos, diversas estilos surgiram sob influência Khmer, florescendo a estatuária em bronze, assim como em madeira.

Na Indonésia, foi construído o monumento de Borobudur, riquíssimo em baixos-relevos e estátuas budistas em estilo Gupta. Já no Camboja, a arte budista é focalizada na divindade Lokeshvara e nos pássaros dançantes, Apsaras, que decoram a maioria dos monumentos.

Na China, as primeiras imagens budistas apareceram por volta do século II, com influência do estilo de Gandhara. Nos séculos seguintes, novos modelos foram trazidos da Índia, seguindo o estilo Gupta, com mais ornamentos, corpos flexíveis, rostos mais humanos, auréolas decoradas. As pinturas floresceram posteriormente, nos murais de cavernas e de monastérios. Na Coréia, os estilos seguiram os modelos chineses.

A arte budista no Japão inicialmente seguiu os estilos da China e da Coréia. Aos poucos, um estilo tipicamente japonês foi aparecendo, com rostos mais expressivos e realistas, auréolas trabalhadas. Surgiram grandes estátuas de bronze, como a do Tôdai-ji, e em madeira laqueada, como as imagens do Sanjusangendô. Por volta do século XII, as pinturas e ilustrações em escrituras budistas acabaram tomando o lugar das esculturas na arte budista japonesa.

Pinturas Tibetanas

O budismo foi levado ao Tibet por volta do século VII, com o apoio do rei Songtsen Gampo (tib. srong btsan sgam po). Posteriormente, o tibetano Rinchen Zangpo (tib. rin chen bzang po, 980-1055), monge e tradutor que estudou em Kashmir, na Índia, retornou ao Tibet com uma grande quantidade de textos religiosos e trinta e dois artesões. Começa aqui a história da arte budista no Tibet.

As pinturas tibetanas (tib. thang ka) passaram a ser usadas como suporte para as práticas meditativas com visualizações. Elas representam iconograficamente a filosofia budista, o caminho do despertar e a meta da iluminação. As imagens, proporções e simbolismo são derivados de antigos textos budistas. Tradicionalmente, as pinturas são executadas sobre telas de algodão e montadas sobre brocados de seda. As tintas são feitas com pigmentos minerais e vegetais, e às vezes com ouro e prata. Os pintores tibetanos também se especializaram em pinturas com um número de cores reduzido — pinturas prateadas, douradas, vermelhas e negras são muito comuns.

O principal estilo que conhecemos hoje, o Menri (tib. sman ris), surgiu apenas no século XV, combinando a iconografia da Índia, as ilustrações e simetria do Nepal, e as paisagens e cores da China. Os artistas tibetanos representam buddhas, bodhisattvas, divindades meditacionais pacíficas e iradas, lamas e diagramas sagrados. Cada divindade é representada de acordo com as proporções tradicionais e com as descrições de liturgias tântricas (sânsc. sadhana, tib. sgrub thabs/ drubthab). Como objetos sagrados, essas pinturas são consideradas como o receptáculo das próprias divindades que são representadas — são chamadas de kusün thugten (tib. sku gsun thugs rten), suporte aos três corpos [búddhicos], ou simplesmente de kuten (tib. sku rten), suporte ao corpo [búddhico].

O primeiro passo na execução de uma thangka é preparar a tela de algodão e colocá-la em uma estrutura retangular, feita com varas de bambu e de madeira. Após definir o tamanho da pintura, são desenhados os eixos principais e o rascunho das imagens. Finalmente, realiza-se a aplicação das cores, sombras, contornos e detalhes, começando pela paisagem e então as divindades, deixando os olhos por último. Dependendo do tamanho e da complexidade da pintura, o processo pode demorar de um a quatro meses para ser completado.

Após a finalização, a pintura é montada sobre brocados de seda e consagrada com cerimônias especiais. Geralmente, são nestas cerimônias que os olhos das divindades são pintados, para que elas se tornem realmente “vivas”.

Divindades pacíficas

Divindades iradas

Mestres

Padmasambhava

Mandalas de Areia

Mandala significa círculo em sânscrito. Aqui, ela designa um diagrama simbólico de uma mansão sagrada, o palácio de uma divindade meditacional, representando todas as qualidades iluminadas. A palavra tibetana para mandala é kyilkhor (tib. dkyil khor), centro-círculo. Cada mandala é associada a uma certa divindade; porém, essas divindades não são “deuses” ou “deusas”, mas buddhas (tib. sangs rgyas/ sangye), seres iluminados que demonstram sua compaixão, sabedoria e habilidade para liberar todos os seres do sofrimento e levá-los ao despertar.

As mandalas são pintadas como thangkas, representadas tridimensionalmente em madeira ou metal, simbolizadas por montes de arroz, ou construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Neste último caso, a mandala é desfeita após algumas cerimônias e a areia é jogada em um rio próximo, para que as bênçãos se espalhem. A dissolução de uma mandala serve também como exemplo da impermanência.

As técnicas de construção de mandalas fazem parte do aprendizado dos monges tibetanos, incluindo a memorização dos textos que especificam os nomes, proporções e posições das linhas principais que definam a estrutura básica das mandalas. Esses textos não descrevem cada linha ou detalhe, mas servem como guias para complementar a ajuda dos monges mais experientes.

A base central segue proporções de 8 x 8, semelhante à arquitetura dos templos indianos tradicionais e dos altares védicos. O ponto cardeal norte é representado à direita, o sul à esquerda, o leste abaixo e o oeste acima. O centro da mandala representa a essência, a natureza búddhica, a própria iluminação.

Geralmente, essas mandalas são construídas no início de uma cerimônia de iniciação (sânsc. abhisheka, tib. dbang bskur/ wangkur), na qual um mestre (sânsc. guru, tib. bla ma/ lama) qualificado autoriza seus alunos a praticar um tantra. Os tantras (tib. rgyud/ gyü) são escrituras esotéricas que descrevem diversos tipos de yogas (tib. rnal ‘byor/ nenjor) — meditações, visualizações, recitação de mantras — para alcançar a iluminação. Por exemplo, em uma iniciação de Kalachakra, o mestre autoriza seus alunos a praticas as yogas das escrituras do Kalachakra Tantra; aqueles que atingem a verdadeira realização dessas práticas alcançam o estado iluminado do buddha Kalachakra.

Imagens de Mandalas

Kalachakra, a Roda do Tempo

Kalachakra (tib. dus kyi ‘khor lo/ Dükyikhorlo), ou Roda do Tempo em sânscrito, é o nome de uma das principais divindades do budismo Vajrayana tibetano. De acordo a tradição, os ensinamentos de Kalachakra foram transmitidos pelo Buddha Shakyamuni no século VI a.C., a pedido de Suchandra, o rei da terra pura de Shambhala. Esses ensinamentos, compilados em um texto chamado Kalachakra Tantra, teriam sido transmitidos de geração a geração, de mestre a discípulo.

Os ensinamentos foram levados ao Tibet no século XI, em duas linhagens separadas (Dro e Rva), unidas posteriormente pelo monge Butön Rinchen Drup. Um de seus discípulos, Chökyi Pel, transmitiu os ensinamentos de Kalachakra ao lama Je Tsong Khapa e, eventualmente, a linhagem chegou ao sétimo Dalai Lama. Ele introduziu os ensinamentos em seu monastério pessoal, o Namgyel, e essa transmissão continua até hoje, com o Dalai Lama atual.

Os ensinamentos registrados no Kalachakra Tantra são interpretados em três níveis — externo, interno e alternativo. O Kalachakra externo se refere ao mundo físico, aos elementos do universo e às leis do tempo e do espaço, lidando com a astronomia, astrologia e matemática. O Kalachakra interno corresponde aos elementos do corpo, aos agregados psicofísicos, às capacidades físicas e psíquicas, lidando com a fisiologia tântrica e com o sistema de energia do corpo humano. O Kalachakra alternativo lida com a base, o caminho e o resultado das yogas, ou meditações, que conduzem ao estado iluminado da divindade Kalachakra e de sua mandala. Deste modo, a prática do Kalachakra alternativo purifica os Kalachakras externo e interno.

Todos elementos dessa mandala — o diagrama simbólico de um palácio divino, a própria roda do tempo — representam algum aspecto da divindade Kalachakra e de sua terra pura. Há 722 divindades na mandala, simbolizando os várias aspectos da consciência e da realidade que constituem a sabedoria de Kalachakra. Interpretar e entender todos estes símbolos equivale a ler e compreender toda a vasta gama de ensinamentos do Kalachakra Tantra.

A divindade Kalachakra reside no centro da mandala. Seu palácio divino é constituído pelas nossas próprias mandalas pessoais: corpo, fala, mente, sabedoria e grande êxtase. O palácio é dividido em quatro quadrantes, cada um deles com muros, portões e centros. As cores são representações específicas dos elementos: preto ou azul, no oeste (abaixo), representa o ar; vermelho, no sul (esquerda), representa o fogo; amarelo ou laranja, no oeste (acima), representa a terra; e branco, no norte (direita), representa a água.

O palácio quadrado das 722 divindades fica sobre o círculo da terra; os outros círculos, representando a água, o fogo, o ar, o espaço e a consciência, se estendem para fora dos muros do palácio. Os círculos externos representam o cosmos, e dez divindades iradas residem em um desses círculos, servindo como protetores.

A mandala de Kalachakra é dedicada à paz e ao equilíbrio interior e exterior. Ao observá-la, pode-se sentir a paz em muitos níveis. Segundo o Dalai Lama, as divindades da mandala criam uma atmosfera favorável, reduzindo a tensão e a violência. “É um modo de plantar um semente, e esta semente terá seu efeito kármico. Não é necessário estar presente à cerimônia de Kalachakra para receber seus benefícios.”

Descrição da Mandala de Kalachakra

  1. Mandala do grande êxtase, com um lótus que abriga três casais de divindades (Kalachakra e Vishvamata, Akshobhya e Prajnaparamita, Vajrasattva e Vajradhatvishvari), circundados por oito shaktis
  2. Mandala da sabedoria iluminada
  3. Mandala da mente iluminada
  4. Mandala da fala iluminada
  5. Mandala do corpo iluminado
  6. Animais que representam os meses do ano
  7. Meio-vajras com meias-luas, cada uma delas adornada com uma jóia vermelha
  8. Formas geométricas que representam os seis elementos, ou seja, os cinco elementos físicos (fogo, água, terra, ar, espaço) e o elemento da sabedoria (consciência)
  9. Trinta e seis deusas de oferendas, representadas por sílabas-semente em sânscrito
  10. Vajras duplos que correspondem aos quatro pontos cardeais
  11. Guirlandas e meias-guirlandas de pérolas brancas, circundadas pelos oito símbolos auspiciosos
  12. Goteiras que liberam a água da chuva que cai sobre o teto do palácio
  13. Meio-lótus que simboliza a proteção contra as emoções aflitivas
  14. Sete animais puxando uma carroça, levando duas divindades protetoras
  15. Portão da mandala do corpo iluminado
  16. Jardim de oferendas
  17. Círculo do elemento terra com cruzes entrelaçadas, representando a firmeza
  18. Círculo do elemento água com ondas
  19. Senge Kanga Gyepa, um leão de oito patas, puxando uma carroça com duas divindades protetoras iradas
  20. Círculo do elemento fogo
  21. Círculo do elemento ar
  22. Roda do Dharma, com um par de divindades protetoras no centro
  23. Sílabas-semente em sânscrito
  24. O círculo do elemento espaço com uma cerca de vajras dourados cruzados
  25. Círculo do elemento da sabedoria (o grande círculo da proteção)

A Iniciação de Kalachakra

Na maioria de todas as tradições tântricas do budismo tibetano, uma iniciação é dada apenas a um pequeno grupo de alunos qualificados, com um número geralmente limitado a 25 pessoas. A iniciação de Kalachakra é a única exceção entre os sistemas meditacionais superiores (sânsc. Anuttara Yoga Tantra) e é concedida abertamente ao público, sem pré-requisitos ou práticas preliminares. A cerimônia completa dura geralmente 12 dias.

Primeiro, há 8 dias de cerimônias preparatórias, durante os quais os monges constroem a mandala de Kalachakra com areia. Na iniciação, o mestre concede aos alunos a permissão para que pratiquem as yogas, ou meditações do Kalachakra Tantra. O mestre realiza o seu voto de transmitir os ensinamentos da linhagem de Kalachakra para trazer benefício a todos os seres; e os alunos fazem o voto de respeitar e manter estes ensinamentos. O compromisso dos alunos pode variar: muitos participam da iniciação apenar para receber as bênçãos, e alguns se comprometem a praticar as meditações diariamente, o que poderá levar a maiores resultados.

No primeiro dia, um representante dos estudantes pede ao mestre para dar a iniciação, e ele consente, mostrando sua compaixão pelos alunos. O mestre pede então a permissão dos espíritos locais para que ele possam utilizar a sua morada. Geralmente, alguns espíritos não cooperam… então os monges realizam a dança da terra, fazendo gestos simbólicos com as mãos e pés. As preces, músicas e danças pacificam todos os espíritos que poderiam interferir.

Após as danças, o mestre recebe a permissão para prosseguir com a cerimônia do Tenma, para todos os espíritos locais. A mandala, que simbolicamente abriga 722 divindades, é protegida por punhais (sânsc. kila, tib. phur ba/ purba) simbólicos.

Todos os objetos usados durante a cerimônia, inclusive aqueles usados para construir a mandala, são abençoados pelo mestre. Para começar a construir a mandala, desenha-se o rascunho com cordas cerimoniais, banhadas com giz líquido de cor branca. Sobre a base da mandala, o mestre segura uma ponta da corda, enquanto um monge assistente segura a outra ponta. O mestre então puxa a corda para cima e solta, fazendo com que a batida marque um traço de giz sobre a base da mandala. Cada estalada da corda soa como uma bênção do Buddha para a construção da mandala. Todo o processo de marcação das linhas-guia demora dois dias.

No terceiro dia, o mestre joga gotas de água com açafrão sobre a plataforma da mandala, apagando algumas linhas e abrindo caminho para as 722 divindades entrarem. As almofadas das divindades são simbolicamente representadas por grãos de trigo, que são colocados na mandala. Fazendo três linhas paralelas, o mestre então coloca os primeiros grãos de areia, de cor branca, vermelha e preta, representando respectivamente o corpo, a fala e a mente de Buddha. Os monges continuam a colocar os grãos de areia e completam a mandala, que ao final terá mais de 2 metros de diâmetro. Apenas para aprender as centenas de símbolos da mandala e como desenhá-las, os monges precisam de 2 anos de intenso estudo.

Quando a mandala é completada, vasos sagrados são colocados ao seu redor e ela é cercada por cortinas, para que não seja vista antes do momento apropriado. O mestre agradece à cooperação dos espíritos e divindades com oferendas, e os monges tocam músicas sagradas com sinos, gongos, tambores e trombetas, além de dançarem por uma hora e meia.

No nono dia, após as preces e meditações do mestre e dos monges, os alunos chegam pela primeira vez. Aqueles que querem ser iniciados fazem o voto de ter compaixão por todos os seres sencientes, de trabalhar pelo benefício de todos eles, e de nunca revelar os segredos da mandala. São dadas duas folhas de grama kusha a cada aluno — o mesmo tipo de grama sobre o qual o Buddha se sentou ao alcançar a iluminação, sob a árvore de Bodhi. Essas folhas serão guardadas posteriormente sob os colchões e travesseiros dos alunos, para ajudá-los a lembrar e estudar os seus sonhos. São dadas também as cordas de proteção, que são amarradas em um dos antebraços.

No décimo dia, após algumas cerimônias preliminares, começa a iniciação. Os alunos colocam na testa uma venda vermelha, simbolizando a ignorância, a imaturidade espiritual. Depois dos alunos fazerem os votos de bom comportamento, o mestre pede à divindade Kalachakra para que abra os olhos deles. Os alunos então retiram as vendas, destruindo as trevas da ignorância e se tornando aptos a “ver” a mandala de Kalachakra.

Então, o mestre confere as sete iniciações do “entrar como uma criança”, para que os alunos “renasçam” como seres ideais e entrem no mundo perfeito da mandala. Cada iniciação corresponde a um evento significativo na vida de uma criança: receber um nome, tomar o primeiro banho, o primeiro corte de cabelo, o primeiro contato dos cinco sentidos, furar as orelhas para colocar brincos, dizer a primeira palavra, e aprender a ler.

Após o “renascimento”, os alunos entram no mundo ideal de Kalachakra, a Roda do Tempo — um universo iluminado, governado pela divindade Kalachakra. Os alunos podem então ver a mandala de areia, a morada de 722 divindades. Cada um dos quatro rostos da divindade olha para uma direção, e são representados simbolicamente na mandala pelos quatro quadrantes coloridos: preto ou azul no oeste (abaixo); vermelho no sul (esquerda); amarelo ou laranja no oeste (acima); e branco no norte (direita).

A mandala é plana, mas representa várias plataformas quadradas de um palácio tridimensional. Com o mestre servindo de guia no caminho para iluminação, os iniciados “entram” no palácio pelo portão do leste, chegando à mandala do corpo iluminado. A próxima entrada leva ao segundo andar, a mandala da fala iluminada, e assim sucessivamente, passando pelas mandalas da mente iluminada, da sabedoria e do grande êxtase. Este é o nível mais alto do palácio, onde estão a divindade Kalachakra e sua consorte feminina, Vishvamata, no centro de um lótus com oito pétalas. Juntos, Kalachakra e Vishvamata simbolizam a iluminação completa, insuperável e perfeita, a união indissociável da sabedoria e da compaixão.

Na última parte da cerimônia, o mestre agradece às 722 divindades com preces e pede para que retornem a suas terras puras. Com um centro vajra, ele corta a mandala, e a areia é amontoada no centro da plataforma. Na cerimônia final, a areia é colocada em um vaso e transportada até um rio próximo, onde é despejada para espalhar as bênçãos a todos os seres.

Apesar de estarem em um mundo imperfeito, os alunos passam a cultivar as qualidades perfeitas dos três segredos — ou seja, as qualidades do corpo iluminado, da fala iluminada e da mente iluminada. Ao purificar os três segredos, pode-se encontrar a verdadeira paz interior, a verdadeira sabedoria, o verdadeiro êxtase. E, ao encontrar a paz interior, pode-se encontrar também a paz exterior.

A mandala desaparece da visão, mas permanece para sempre na memória daqueles que entraram em seu reino iluminado.

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