A imagem do “Buda gordo e sorridente” é muito popular, mas na verdade o Buda não era gordo e essa famosa imagem não é uma representação do Buda. Nas estátuas que realmente representam o Buda histórico ele não é apresentado como gordo.
O príncipe Siddhartha Gautama antes ter atingido o despertar e passar a ser chamado de Buda, tinha um compleição atlética. Siddhartha pertenceu a uma casta guerreira e por isso chegou mesmo a praticar artes marciais. Mais tarde, quando abandonou o palácio em busca de um caminho para o despertar, passou por várias austeridade. Segundo alguns textos Siddhartha chegou a comer apenas um grão de arroz durante dias a fio, tendo ficado esquelético e perto da morte. Essas austeridades foram abandonadas, mas ainda assim, não comia mais que uma ou duas refeições por dia. Depois de ter atingido o despertar e até morrer, exceto os 3 meses de retiro anualmente durante a estação das chuvas, andou de vila em vila, percorrendo milhares de km a pé ao longo da sua vida.
Então quem é esse “Buda gordo e sorridente”?
A origem dos “Budas Gordos” é nebulosa, existem várias explicações e parece que até existiram vários personagens gordos que se mesclam e se confundem de forma que nem mesmo os povos asiáticos sabem mesmo do que se trata, quanto mais os ocidentais… A maioria dessas personagens remonta à china, a mais conhecida é o Budai, que no Japão é conhecido como Hotai. Também no folclore tailandês surgiu a história de um “Buda gordo”.
Budai
De acordo com a tradição chinesa, Budai ou Pu-tai, foi um monge budista itinerante semilendário do século X, que é cerca de 1600 anos após o nascimento do Buda histórico. Budai era natural de Fenghua e viveu na china durante dinastia Liang (907-923 DC). O seu nome budista era Qieci e ele era considerado um homem de bom caráter, amoroso, generoso, feliz, contente e de bom humor. Ele espalhava alegria e felicidade onde quer que fosse. Budai tornou-se um personagem famoso dos contos populares chineses e segundo algumas crenças ele é considerado como um Bodhisattva ou Maitreya (o futuro Buda).
Na iconografia Budai é retratado como um homem gordo, sorridente e careca, com os lóbulos das orelhas alongados e uma grande barriga. Geralmente é representado também com túnicas largas, com um terço budista e carregando um saco. O nome Budai significa precisamente “saco de pano”, uma referência ao facto de ele carregar um saco de pano.
Este monge errante e excêntrico vagava de cidade em cidade. As pessoas se reuniam ao seu redor por causa do seu olhar engraçado, do grande sorriso e do poder curativo da sua risada. Budai gostava especialmente das crianças e as crianças o adoravam. Ele dava doces para elas e as ensinava a serem generosas. O monge também fornecia arroz e outros alimentos para quem necessitava, sem que o seu saco ficasse vazio. Mas ele não retirava apenas coisas do seu saco para oferecer, ele também guardava lá os problemas das pessoas.
Budai nunca perdeu a sua disposição divertida, mesmo diante da morte. Sabendo que o fim estava próximo, Budai instruiu os seus companheiros monges a queimarem o seu corpo depois que ele partisse. Os monges ficaram perplexos, pois a cremação não era um costume na China. Ainda assim eles decidiram realizar o seu desejo e quando as chamas começaram a consumir o corpo, fogos de artifício começaram a explodir. Numa brincadeira final, Budai encheu as suas roupas com fogo de artificio.
As estátuas do “Buda gordo e sorridente” são talvez um dos artefactos mais amados. Eles são comumente vistos em casas, escritórios, hotéis, jardins, restaurantes, lojas, museus e templos. Geralmente são feitos de madeira, metal, porcelana ou pedra e podem ser pintados com várias cores.
Budai é um símbolo da felicidade, contentamento e prosperidade.
Budai no panteão mitológico de outros países
O Budai também entrou no panteão mitológico de outros países do oriente, como a Coreia, Vietname e Japão. No Vietname é conhecido como Bố Đại e no japão como Hotei, chegando mesmo a ser absorvido pelo Xintoísmo e considerado como um dos “Sete Deuses da Sorte”.
Poderá o “Buda Gordo” ter se originado por influência do Pai Natal, ou vice-versa?
O Prof. Ricardo Sasaki diz que “sempre há a possibilidade de alguma influência escandinava desconhecida e o ‘Buddha Gordo’ não ser outro que o Papai Noel disfarçado (afinal quem aguentaria passar a vida inteira nas terras geladas e com aquele casaco pesado?); ou, pelo contrário, que o Papai Noel seja na verdade Maitreya ou o ‘Buddha Gordo’, uma forma de trazer iluminação e felicidade também aos povos ocidentais. Afinal de contas, ambos são gordos, prósperos, sempre aparecem sorrindo, gostam de crianças, distribuem presentes e carregam um saco nas costas. Não é de se pensar?”
Superstições associadas
Associadas ao “Buda gordo” estão várias superstições, tais como:
- Colocar a estátua de costas para a porta do lar ou do quarto:
- Colocar a estátua em cima de uma moeda ou colocar moedas ao redor;
- Esfregar a barriga da estátua.
As pessoas começaram a acreditar que fazer esse tipo de coisas à estátua daria sorte e prosperidade. Trata-se de uma crença popular mas que não faz o menor sentido para o budismo. Esfregar a barriga da estátua ou o que quer que seja, do ponto de vista budista não tem qualquer efeito.
Phra Sangkajai
Kaccāna, Mahākaccāna, ou Mahākaccāyana, era um dos 10 principais discípulos do Buda. Na Tailândia é conhecido como Phra Sangkajai ou Phra Sangkachai.
Uma história do folclore tailandês relata que Phra Sangkajai era um jovem muito bonito e atraente, as mulheres não o deixavam em paz e até um homem uma vez o quis. Para evitar essas situações o monge decidiu transformar-se num monge gordo e pouco atraente, para que o deixassem em paz e para que pudesse meditar tranquilamente. Uma outra versão o associa a Anathapindika, o rico comerciante que apoiou o Buda e a comunidade monástica.
Referências: KnowledgeNuts, The Hindu, Wikipedia, Folhas no Caminho.
Veja também:
- Sabia que: O Sutra do Diamante é o primeiro livro impresso no mundo?
- Budismo Chinês [Documentário completo]
- O que fazer para melhorar o mundo?
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