O Ven. Zhi Xian, monge-chefe do Templo Bao’en, que se situa no nordeste de Shangai, resgatou cerca de 8.000 cães vadios desde o início dos anos 90. Os resgates começaram mais precisamente em 1993, 8 anos depois de se tornar monge.
Zhi Xian começou a notar um aumento acentuado do número de animais perdidos e feridos nos últimos anos, resultado, diz ele, de donos de animais bem-intencionados, mas mal instruídos, que abandonam animais indesejáveis.
Anos atrás poucas pessoas na China mantinham cães ou gatos como animais de estimação, eles eram encontrados principalmente em áreas rurais, mantidos para caçar ratos e vigiar propriedades. O Ven. Zhi, que cresceu rodeado de animais numa fazenda, notou que mesmo depois de ser ordenado, ajudar os animais era algo natural para ele. Os seus primeiros resgates foram maioritariamente gatos feridos por carros.
Com o boom económico da china cresceu enormemente o mercado de animais domésticos, e muitas pessoas quando não desejam mais cuidar deles simplesmente os descartam. Zhi Xian afirma que o problema não é causado por pessoas que não gostam de cães, mas por amantes de cães que não têm o conhecimento adequado sobre como cuidadar deles.
Os animais salvos pelo Ven. Zhi vão para o seu templo, para um abrigo que ele administra em Shangai, ou para novas casas ao redor do mundo. Auxiliado por uma equipa de voluntários, o monge encheu o seu templo com muitos cães doentes e precisando de cuidados, juntamente com cerca de 200 gatos e ainda algumas galinhas, gansos e pavões.
Ven. Zhi estima que cerca de um terço dos cães resgatados estão muito doentes ou feridos para sobreviver. O monge não é veterinário, mas oferece a sua compaixão e faz o que pode para os ajudar.
O encargo financeiro para cuidar dos animais tem sido grande, estimado em cerca de 12 milhões de yuans (1,9 milhões de dólares). Até agora, esse fardo foi carregado pelo Ven. Zhi, que pediu dinheiro emprestado aos seus pais e a outros monges, além de ter recebido também doações de leigos. Mas agora não pode continuar a pedir mais dinheiro emprestado.
Alguns dos seus voluntários falam inglês e usaram as mídias sociais para encontrarem pessoas por todo o mundo disponíveis para adotar um animal. Foram encontrados cerca de 300 lares para cães no Canadá, Europa e Estados Unidos, desde 2019. Ven. Zhi comentou que sente a falta deles mas acha que estão felizes e por isso vale a pena. Ele diz que tem o sonho de um dia quando tiver tempo livre ir para o exterior visitar os animais que resgatou.
“A minha decisão de ser monge não se deve a alguma intervenção divina. Eu simplesmente acredito nisso.” Disse Ven. Zhi numa entrevista no início deste ano. “No início, eu tinha uma vaga ideia do que significava o budismo. Mas depois de um tempo, senti que não era apenas ajoelhar-me na frente de uma estátua. Um budista precisa sacrificar algo pelos seres vivos e pela sociedade.”
Referência: Buddhistdoor.
Imagem de destaque meramente ilustrativa.
Veja também:
- Mosteiro budista torna-se num refúgio para cobras ameaçadas
- Monges tailandeses vestem mantos feitos de garrafas de plástico reciclado
- Não conscientes da interdependência, estamos a destruir o meio ambiente, a comer e respirar plástico
Discover more from Olhar Budista
Subscribe to get the latest posts sent to your email.
Religião sem compaixão e caridade é teoria sem a prática. Enquanto muitos rezam, de joelhos e mãos postas, Zhi Xian chegou primeiro, praticando o Amor Incondicional acima de tudo, sentindo a dor do outro, acolhendo e salvando estes sencientes chamados CÃES, que poderia ser qualquer um de nós. Bendito seja.