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Karma: eles mereceram?

Faz hoje 15 anos que ocorreram os atentados ao World Trade Center. 11 de Setembro de 2001 ficou na história pelos ataques terroristas nos EUA.

Mas qual o papel do Karma neste tipo de situação? Será que essas pessoas foram vítimas do próprio Karma? Ou não tem nada haver com Karma? Será que temos um entendimento correcto do que é realmente o Karma?

Para entendermos esta problemática do Karma, é sugerido a leitura do ensaio de Ajahn Santikaro: “Karma: eles mereceram? – Reflexões sobre o atentado ao World Trade Center (ensaio completo em pdf). A tradução é do Centro Buddhista Nalanda.

Segue trecho:

Muitos budistas tratam os ensinamentos sobre o karma como se eles fossem algum tipo de verdade absoluta. Várias noções e crenças relativas ao karma são tomadas tal como foram dadas, sem muito questionamento. Elaborações são feitas a partir de tais crenças e confusões acerca do lugar que o karma ocupa no seio do Buddha-Dhamma. Às vezes, isso envolve um erro deletério. No caso da tragédia do 11 de setembro, tais erros se tornaram prejudiciais. Assim, eu gostaria de considerar os ensinamentos acerca do karma à luz desta situação.

Este ensaio é endereçado aos buddhistas. Se eu estivesse falando para uma audiência de não-buddhistas, como o público em geral, eu não usaria explicitamente a palavra “karma” – a cultura popular já está confusa demais acerca do significado deste termo. Neo-buddhistas soltam-no por aí sem saber da tradição, aumentando a confusão. Usando-o no presente contexto, tornam-se possíveis muitos mal-entendidos. O Buddha-Dhamma oferece importantes abordagens sobre esta situação. O uso descuidado da linguagem e a repetição impensada de termos buddhistas não irão captar estas perspectivas de uma maneira significativa.

Da maneira como eu entendo, a mensagem básica dos ensinamentos budistas acerca do karma é que:

– Nossas ações têm consequências (vipaka);
– Nós escolhemos nossas ações de acordo com uma motivação (cetana);
– O caráter da motivação determina o caráter do resultado ou das consequências;
– Nós somos responsáveis pelas nossas ações e suas consequências;
– Nossas escolhas determinam subjetivamente nosso mundo.

Estes princípios acima levantam questões relativas aos acontecimentos recentes. Quais são as motivações dos sequestradores, dos seus apoiadores e líderes, dos nossos governos, da mídia, dos cidadãos comuns, etc? Que consequências seguirão para os envolvidos? Qual será o caráter de tais consequências – bom, mau ou misto? As pessoas presentes nas torres do WTC, e outras vítimas de crimes terríveis, são elas mesmas responsáveis por esses crimes e pela própria vitimização? De que modo somos responsáveis, se tanto, pelo que aconteceu em 11 de setembro e os eventos que se seguiram? Continue a ler… (documento pdf)

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