A Lua Não Pode Ser Roubada
Ryōkan Taigu, um mestre zen, vivia a mais simples e frugais das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Uma noite um ladrão entrou na cabana apenas para descobrir que nada havia para ser roubado.
Ryōkan retornou e o surpreendeu lá.
“Você fez uma longa viagem para me visitar,” – ele disse ao gatuno – “e você não deveria retornar de mãos vazias. Por favor tome minhas roupas como um presente.”
O ladrão ficou perplexo. Rindo de troça, ele tomou as roupas e esgueirou-se para fora. Ryōkan sentou-se nu, olhando a lua.
“Pobre coitado,” – ele murmurou – “gostaria de poder dar-lhe esta bela lua.”
A Velha Manta
O mestre Ryōkan vivia numa pequena ermida, na montanha. Certa noite, um ladrão apareceu por lá. Entrou na ermida e olhou ao redor, atentamente, mas não encontrou nada para roubar.
Ryōkan, ao que parecia, dormia profundamente, envolto numa velha manta que o ladrão, para não sair de mãos vazias, resolveu levar. Tomou-a com todo cuidado e fugiu rapidamente.
Então Ryōkan, que não estava tão adormecido quanto o ladrão imaginava, levantou-se. E, tremendo de frio, compôs um haicai:
“Cá, na janela,
deixada pelo ladrão,
ficou a lua.”
Fonte: Histórias para a Sabedoria – Uma Ontologia de Koans, Contos, Lendas e Parábolas Orientais.
Compilação e Edição de: Shén Lóng Fēng.
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