Fique a conhecer uma ampla variedade de locais sagrados do budismo, a sua história e impacto nas sociedades. Imagens e símbolos têm uma influência psicológica em nós, dessa forma, numa peregrinação se estabelece uma conexão emocional com o Buda e os seus ensinamentos, a peregrinação motiva e inspira o praticante.
INTRODUÇÃO
Existem diversos motivos que leva alguém a fazer um peregrinação budista. Pode ser simplesmente para visitar locais históricos, conhecer a história do budismo e desses locais, apreciar a magnificência dos monumentos, etc. Mas essencialmente, uma peregrinação é uma oportunidade de aprofundamento da prática.
Nas palavras de Narada Mahathera: “Os Budistas não adoram imagens esperando favores espirituais ou terrenos, mas prestam reverência ao que elas representam. Um Budista consciente, oferecendo incenso e flores a uma imagem, se faz sentir expressamente a si mesmo na presença de Buddha em vida, e assim, ganha inspiração da sua personalidade nobre e respira profundamente da sua compaixão ilimitada. Tenta seguir o nobre exemplo de Buddha.”
Como é sabido, imagens e símbolos têm uma influência psicológica em nós, dessa forma, numa peregrinação se estabelece uma conexão emocional com o Buda e os seus ensinamentos, a peregrinação motiva e inspira o praticante. É um momento para ampliar certas qualidades mentais e progredir no Caminho.
É importante salientar que qualquer tipo de viagem, seja para longe ou perto, e mesmo em locais que não sejam historicamente associados ao budismo, pode ser feita como uma jornada espiritual. Por exemplo uma viagem tipo mochilão pode ser transformadora e expandir os horizontes. Não é absolutamente necessário ir para o outro lado do mundo, mas nesta serie de artigos vão ser destacados mais concretamente locais associados ao budismo.
Os locais onde é comum as peregrinações budistas são vários. Os 4 principais são: Lumbini (no Nepal), Bodhgaya, Sarnath e kushinagar (na Índia). Adicionalmente existem mais outros locais importantes, tais como: Rajgir, Shravasti e Nalanda, também na Índia. Esses são alguns dos locais onde Buda esteve e que estão relacionados com eventos importantes da sua história. Além desses locais conectados à vida de Buda, existem vários outros que se tornaram importantes quer pela sua história como por sua beleza arquitectónica e importância actual.
Neste artigo dividido em 3 partes, fique a conhecer uma ampla variedade de locais sagrados do budismo, a sua história e impacto nas sociedades. Na Parte 1 é explorado o: Nepal, Índia, Butão e Tibete; na Parte 2: Sri Lanka, Tailândia, Myanmar, Camboja, Indonésia e Laos; e na Parte 3: China, Taiwan, Correia do Sul, Japão e Vietname.
“Ananda, há quatro lugares que ao serem vistos despertarão um senso de urgência e emoção nos devotos. Quais quatro? ‘Aqui o Tathagata nasceu’, é o primeiro. ‘Aqui o Tathagata realizou a perfeita iluminação’, é o segundo. ‘Aqui o Tathagata colocou em movimento a insuperável roda do Dhamma’, é o terceiro. ‘Aqui o Tathagata realizou o parinibbana’, esse é o quarto.”
– Buda, Mahaparinibbana Sutta (DN 16)
PARTE 1
Nepal, Índia, Butão e Tibete
.: Nepal :.
Lumbini
Lumbini foi o local de nascimento de Siddhartha Gautama, o príncipe do clã Shakya que mais tarde viria a se tornar no Buda. Estima-se que Buda tenha nascido por volta de 500 a 600 anos antes da Era Comum, ou até mais, conforme apontam algumas investigações.
Em Lumbini existe um número significativo de templos e mosteiros em representação das diversas tradições do budismo. O Templo Mayadevi é o templo mais sagrado e marca a localização exacta do nascimento de Buda. Além dos templos existe um museu, monumentos, edifícios de apoio aos peregrinos, hotéis, restaurantes e uma ampla área verde. Lumbini é Património Mundial da UNESCO.
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Veja também:
Boudhanath Stupa, Kathmandu
Localizada na capital do Nepal, Boudhanath é uma das maiores stupas semi-esféricas do mundo e é o templo budista tibetano mais sagrado do mundo fora do Tibete. Boudhanath é Património Mundial da UNESCO.
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.: Índia :.
Bodhgaya
Bodhgaya é o local mais importante de uma peregrinação budista, pois foi aí que Siddhartha Gautama atingiu a iluminação ou despertar e se tornou num Buda. Também foi em Bodhgaya que o Buda tomou a decisão de ensinar o Caminho. Tal como Lumbini e outros locais importantes por onde o Buda passou, existem templos e mosteiros das diversas tradições do budismo.
O Templo mais importante é o Mahabodhi, que assinala o local exacto do despertar de Buda. Debaixo da árvore Boddhi, Buda meditou e despertou, uma parente dessa árvore permanece no complexo. A partir das 4:30 ou 5h da manhã, o complexo Mahabodhi começa a fervilhar de actividade. O Mahabodhi é Património Mundial da UNESCO.
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Varanasi e Sarnath
Varanasi, também conhecida por Benares, é uma das cidades mais incríveis da Índia. É também uma das cidades mais antigas da Índia e do mundo. É um local de grande importância para os Hindus. A actividade na cidade e principalmente junto ao rio Ganges é impressionante! Por todo o lado vemos Sadhus, peregrinos, muito comércio e claro as vacas sagradas. Uma cidade cheia de sons, cheiros, ruas labirínticas, ruelas e becos. Há sempre qualquer coisa a acontecer.
Junto a Varanasi fica Sarnath.
Sarnath foi o local do primeiro ensinamento proferido pelo Buda e o inicio da Sangha (comunidade budista). A Stupa Dhamekh é o monumento mais importante, marca o local do primeiro ensinamento. Foi mandada construir pelo imperador Ashoka.
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Rajgir
Assim como Varanasi, Rajgir também está entre as cidades mais antigas da Índia e do mundo. Na época de Buda era a capital do Reino de Magadha. Foi para Rajgir que o príncipe Siddhartha se dirigiu após abandonar o seu palácio, provavelmente para contactar com a grande comunidade de ascetas que frequentavam as grutas, florestas e escarpas à volta da cidade.
O Pico do Abutre ou Pico da Águia é o local mais importante, aí foram expostos importantes ensinamentos. Foi também numas grutas em Rajgir que ocorreu o Primeiro Concílio Budista.
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Nalanda
A poucos kms de Rajgir ficam as ruínas de Nalanda. Considerada a primeira universidade residencial do mundo, Nalanda no seu apogeu teve mais de 10 000 alunos e 2000 professores. Foi a maior universidade na sua época. Segundo fontes tibetanas, Nagarjuna ensinou aí. Para além de estudos budistas e de filosofia, também era ensinado ciência, astronomia, medicina, lógica, yoga, vedas, etc. Nalanda é Património Mundial da UNESCO.
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Veja também:
Sravasti
Sravasti foi a capital do antigo Reino de Kosala, serviu de abrigo a Buda durante 24 estações da chuva nos jardins Jetavana.
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Kushinagar
Foi em Kushinagar que Buda faleceu e entrou em Parinirvana. No Templo do Parinirvana encontra-se uma grande estátua do Buda deitado. A Ramabhar Stupa assinala o local onde o Buda foi cremado.
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Para ver mais fotos e conhecer com um pouco mais de detalhe estes locais da Índia acima referidos (e outros), incluíndo os Suttas associados a esses locais e links para outras informações, veja o post: Viagem à Índia – Nos Passos de Buda.
Grutas de Ajanta
As Grutas de Ajanta remontam ao século II aC e impressionam pelas suas esculturas e pinturas. São as primeiras grutas onde a rocha foi cortada para formar esculturas e monumentos. Ajanta é um testemunho sem interrupção da história religiosa do budismo, durante um período de 700 anos. Através de Ajanta nós podemos aprender sobre as várias facetas da vida antiga na Índia — desde o traje do povo, o trabalho artístico dos artesãos e as crenças religiosas daquela época até à posição política e económica dos governantes. Estás magníficas grutas com as esculturas e pinturas que retratam a vida de Buda e a sociedade da época, são consideradas como o início da arte indiana clássica e exerceram também uma influência na arte budista de outros países do oriente.
As Grutas de Ajanta são Património Mundial da UNESCO e um dos um dos principais destinos turísticos da Índia.
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Veja também:
- [Documentário completo-eng] Ajanta Caves (Madras Documentary)
- [Fotos] As mais belas e impressionantes Grutas do mundo budista
Sanchi Stupa
Localizada na colina da cidade de Sanchi, é considerada o mais antigo monumento de pedra da Índia. Foi mandada construir pelo imperador Ashoka no século III aC. Vários contos e eventos relacionados com o Buda foram esculpidos na pedra e estima-se que o seu núcleo seja construído sobre relíquias do Buda.
No 1° século aC foram adicionadas quatro toranas (porta monumental). As portas paifang chinesas, os toriis japoneses e outras estruturas semelhantes procedem da torana indiana.
O complexo Sanchi é Património Mundial da UNESCO.
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McLeod Ganj, Dharamshala
Dharamshala é um destino popular para turistas indianos e estrangeiros, incluindo estudantes da cultura tibetana.
O subúrbio McLeod Ganj tornou-se a residência oficial do Dalai Lama e abriga vários mosteiros budistas e milhares de refugiados tibetanos. Devido à presença do Dalai Lama e da cultura tibetana, McLeod Ganj cresceu ao longo dos anos e tornou-se num importante destino turístico e de peregrinação. Dharamshala e McLeod Ganj muitas vezes são apelidados de “Pequena Lhasa”.
Dharamshala foi seleccionada como uma das centenas de cidades indianas a serem desenvolvidas como uma cidade inteligente.
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Ladakh
Ladakh é uma região no estado indiano de Jammu e Caxemira. A sua cultura e história estão intimamente relacionadas com a do Tibete.
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Sikkim
Sikkim é um estado no nordeste da Índia e faz fronteira com o Nepal, China e Butão. Possui 75 mosteiros budistas, os mais antigos datados de 1700. O Budismo Vajrayana (tibetano) desempenha um papel significativo na vida pública.
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Darjeeling
Darjeeling é conhecida pela sua industria do chá, sua vista sobre Kangchenjunga (terceira montanha mais alta do mundo) e a linha férrea Darjeeling Himalaia (Património Mundial da UNESCO). Vários mosteiros budistas surgiram em Darjeeling ao longo do tempo, alguns datam de 1800.
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Global Vipassana Pagoda, Mumbai
O Global Vipassana Pagoda é um salão de meditação perto de Gorai, no noroeste de Mumbai.
O centro do Global Vipassana Pagoda contém a maior cúpula de pedra do mundo construída sem pilares de apoio. No interior pode acomodar mais de 8000 pessoas, permitindo-lhes praticar a meditação Vipassana, como ensinado pelo S. N. Goenka. Na construção foi utilizada tecnologia antiga e moderna para permitir que dure mais de mil anos.
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Veja também:
.: Butão :.
Taktsang Palphug
Butão é um país cheio de templos e mosteiros e o Budismo Tibetano tem um papel relevante na sociedade.
O Mosteiro de Taktsang ou Paro Taktsang, conhecido também como Ninho do Tigre, é um dos mais emblemáticos mosteiros do Butão. Foi construído em 1692 na boca da caverna Taktsang Senge Samdup que se situa num penhasco. O Guru Padmasambhava teria meditado lá nos anos 800 da Era Comum. Dentre os vários mestres famosos que visitaram o local no passado consta o nome do famoso mestre e poeta tibetano Jetsun Milarepa.
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Punakha Dzong
Situa-se na cidade de Punakha, a antiga capital do Butão. É também conhecido como Pungthang Dewa chhenbi Phodrang, que significa “o palácio da grande felicidade ou bem-aventurança”. Atualmente serve como centro administrativo do distrito de Punakha, mas antes da capital ser transferida para Thimphu em 1955, era a sede do governo do Butão.
Foi construído em 1637-38, é o segundo mais antigo e o segundo maior dzong (mosteiro fortificado) do Butão. O dzong abriga as relíquias sagradas da linhagem Drukpa da escola Kagyu do budismo tibetano. É um dos 5 dzongs listados provisoriamente pelo governo para inscrição futura como Património Mundial da UNESCO. Os outros 4 são: Wangdue Phodrang Dzong , Paro Dzong , Trongsa Dzong e Dagana Dzong.
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Veja também:
.: Tibete :.
Lhasa
O Budismo Vajrayana surgiu na Índia, chegou ao Tibete e se disseminou e desenvolveu, por isso também é comum nos referirmos a essa forma de budismo como “budismo tibetano”. Países como o Butão e regiões do norte da Índia como o Ladakh, foram profundamente influenciados pela cultura tibetana.
Lhasa foi a capital religiosa e administrativa do Tibete desde os meados do século XVII e literalmente significa “A Cidade dos Deuses”. Contém muitos sítios budistas culturalmente significativos, como o Palácio Potala, o Templo Jokhang e o Palácio Norbulingka.
Palácio Potala
É a jóia do Tibete e foi a principal residência dos sucessivos Dalai Lamas. Actualmente o palácio é um museu. É Património Mundial da UNESCO e foi nomeado pelo programa de televisão americano Good Morning America e pelo jornal USA Today como uma das Novas Sete Maravilhas.
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Templo Jokhang
Apesar da imponência do Palácio Potala, o Templo Jokhang é considerado pelos tibetanos como o templo mais sagrado e importante do Tibete. É Património Mundial da UNESCO.
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Palácio Norbulingka
Serviu como a tradicional residência de verão dos sucessivos Dalai Lamas. É Património Mundial da UNESCO.
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Veja também:
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CONTINUAÇÃO DO ARTIGO:
- PARTE 2: Sri Lanka, Tailândia, Myanmar, Camboja, Indonésia e Laos
- PARTE 3: China, Taiwan, Correia do Sul, Japão e Vietname
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Veja também:
- 20 Grandes estátuas de Buda ou Bodisatvas, algumas entre as maiores do mundo
- [Fotos] A beleza arquitectónica de Stupas e Pagodes
- [Fotos] As mais belas e impressionantes Grutas do mundo budista
- Viagem à Índia – Nos Passos de Buda
- O Altar Budista e a prática devocional
- [Documentário completo-es] 7 Wonders of the Buddhist World / 7 Maravilhas do Mundo Budista
Créditos das fotos: Bodhgaya, Varanasi, Sarnath, Rajgir, Nalanda, Sravasti e Kushinagar – Ricardo Sousa / Olhar Budista.
As restantes fotos foram incorporadas a partir do Flickr, clique nas fotos para aceder ao perfil do autor.
Impressionante, os templos transmitem paz apenas em observa-los nas fotos, imagino como deve ser emcionante adentra-los! Gratidão pelas imagens e explicações!
E é só uma pequena amostra 🙂 Grato pelo comentário que contribui para o enriquecimento do site!
No Butão dá pra acrescentar o Punakha Dzong e o Mosteiro Gangtey.
Ótima lista.
Obrigado pelas sugestões Tiago. Irei adicionar pelo menos o Punakha Dzong, que até era para fazer parte da lista.