“Muitas vezes, o Buda comparava a mente natural à água, que, em sua essência, é sempre pura e transparente. Lama, sedimentos e outras impurezas podem temporariamente obscurecer ou poluir a água, mas podemos filtrar essas impurezas e restaurar sua clareza natural.” – Mingyur Rinpoche
Trecho do livro “Alegria de Viver” de Yongey Mingyur Rinpoche
«Se um tesouro inesgotável fosse enterrado no chão embaixo da casa de um homem pobre, o homem não saberia disso e o tesouro não lhe diria: “Eu estou aqui!”» — Maitreya, The Mahayana Uttaratantra Shastra, traduzido para o inglês por Rosemarie Fuchs.
Muitas vezes, o Buda comparava a mente natural à água, que, em sua essência, é sempre pura e transparente. Lama, sedimentos e outras impurezas podem temporariamente obscurecer ou poluir a água, mas podemos filtrar essas impurezas e restaurar sua clareza natural. Se a água não fosse naturalmente limpa, não importaria quantos filtros você utilizasse, ela nunca se limparia.
O primeiro passo para reconhecer as qualidades da mente natural é ilustrado por uma antiga história contada pelo Buda sobre um homem muito idoso que morava em um velho e frágil barraco. Apesar de não saber disso, centenas de pedras preciosas estavam incrustadas nas paredes e no chão de sua cabana. Todas aquelas jóias pertenciam a ele, mas, como desconhecia seu valor, ele vivia como um mendigo — passando fome e sede, sofrendo com o frio cortante do inverno e o terrível calor do verão.
Certo dia, um amigo perguntou: “Por que você vive como um mendigo? Você não é pobre. Você é um homem muito rico.”
“Você está louco?”, o homem retrucou. “Como você pode dizer isso?”
“Olhe ao redor”, o amigo disse. “Sua casa inteira está repleta de pedras preciosas: esmeraldas, diamantes, safiras, rubis.
No começo, o homem não acreditou no que o amigo estava dizendo. Mas, depois de algum tempo, ficou curioso, retirou uma pequena pedra preciosa da parede de seu barraco e levou-a à vila para tentar vendê-la. Inacreditavelmente, o mercador a quem ele levou a jóia lhe pagou uma grande quantia e, com o dinheiro em mãos, o homem voltou à vila e comprou uma casa nova, levando consigo todas as jóias que conseguiu encontrar. Ele comprou roupas novas encheu sua cozinha de comida, contratou auxiliares e começou a levar uma vida muito confortável.
Agora pergunto: Quem é mais rico, o homem que mora em uma casa velha cercado de jóias que não reconhece ou alguém que compreende o valor do que tem e vive em pleno conforto?
Como a questão formulada antes sobre a pepita de ouro, a resposta neste caso é: ambos. Ambos possuem uma grande fortuna. A única diferença é que, por muitos anos, um deles não reconhecia o que possuía. Foi só depois que reconheceu o que tinha é que pôde libertar-se da pobreza e da dor.
O mesmo ocorre com todos nós. Enquanto não reconhecemos nossa verdadeira natureza, sofremos. Quando passamos a reconhecer nossa natureza, tornamo-nos livres do sofrimento. Entretanto, não importa se você reconhece ou não sua natureza, suas qualidades permanecem as mesmas. Mas, quando passa a reconhecê-la em si mesmo, você muda, e a qualidade de sua vida também muda. Coisas que você nunca sonhou serem possíveis começam a acontecer.
Veja também:
- A Mente como o Espaço | Mingyur Rinpoche
- Ondas mentais e ervas daninhas | Shunryu Suzuki
- Mente de principiante | Shunryu Suzuki
- [Vídeo-Palestra] A mente é número um | Ajahn Mudito
- [Vídeo-Palestra] Budismo como a Ciência da Mente | Lama Padma Samten
- [Vídeo-Palestra] A mente que mente. Ilusão mental e des-ilusão meditativa | Paulo Borges
- [Documentário completo] Luz no Fim do Mundo: Budismo a Ciência da Mente (NatGeo)
Sobre Mingyur Rinpoche | Lista de Mestres e Professores
Discover more from Olhar Budista
Subscribe to get the latest posts sent to your email.