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As 3 Jóias: Buda, Dharma e Sangha

A pessoa que decide seguir o caminho budista normalmente costuma tomar refúgio nas 3 Jóias.

“Tomar refúgio no Buda significa reconhecer a semente da iluminação que está dentro de nós mesmos, a possibilidade de libertação. Também significa tomar refúgio naquelas qualidades que o Buda corporifica; qualidades como destemor, amor e compaixão.

Tomar refúgio no Dharma significa abrigar-se na lei, no modo como as coisas são. É reconhecer a nossa submissão à verdade, permitindo que o Dharma se desdobre dentro de nós.

Tomar refúgio na Sangha significa aceitar o suporte da comunidade, de todos nós ajudando uns aos outros em direção à iluminação e à liberdade.”

– Joseph Goldstein, em “The Experience of Insight”.
Tricycle’s Daily Dharma, 2 de junho de 2007.

Trecho de palestra proferida por S. N Goenka em curso de 10 dias.

Buda

(…) quando alguém busca refúgio no Buda, deve se lembrar das qualidades de um Buda e trabalhar para desenvolver essas mesmas qualidades em si próprio. A qualidade essencial de um Buda é a iluminação; portanto, o refúgio é, na realidade, tomado na iluminação, na iluminação que se desenvolve dentro de si. Prestamos respeito a qualquer ser que tenha alcançado o estágio de iluminação total; ou seja, é dada importância à qualidade, onde quer que se manifeste, sem limitá-la a uma seita ou um ser particular. E honramos o Buda, não com rituais ou cerimonias, mas colocando em prática os seus ensinamentos, caminhando na trilha de Dhamma desde o primeiro passo, sīla a samādhi, paññā a nibbāna, libertação.

Quem quer que seja um Buda, precisa possuir as seguintes qualidades: precisa ter erradicado toda a avidez, aversão, ignorância. Conquistado todos os seus inimigos, os inimigos interiores, ou seja, as impurezas mentais. Ser perfeito, não só na teoria de Dhamma, mas também na sua aplicação. Aquilo que ele pratica, ele prega e, o que prega, pratica; não há nenhuma brecha entre as suas palavras e os seus atos. Cada passo que ele dá é um passo certo, levando na direção correta. Ele aprendeu tudo acerca do universo inteiro, pela exploração do universo interior. Ele transborda de amor, compaixão, simpatia bondosa pelos outros e ajuda, continuamente, aqueles que se desviaram a encontrar o caminho certo. Ele está repleto de equanimidade perfeita. Se trabalhar para desenvolver estas qualidades em si próprio, de modo a alcançar o objetivo final, faz sentido refugiar-se no Buda.

Dhamma

Da mesma maneira, refugiar-se em Dhamma [ou Dharma] nada tem a ver com sectarismo; não se trata de converter-se de uma religião organizada para outra. Tomar refúgio em Dhamma é, na realidade, refugiar-se na moralidade, no domínio sobre a sua própria mente, na sabedoria. Para que um ensinamento seja Dhamma, deve ter também certas qualidades. Em primeiro lugar, deve ser claramente explicado, de modo que qualquer um o possa entender. Deve ser visto por si, com seus próprios olhos, a realidade experimentada por si mesmo e não uma imaginação. Mesmo a verdade de nibbāna não deve ser aceita até que tenha sido experimentada. Dhamma deve dar resultados benéficos aqui e agora, não apenas prometer benefícios a serem desfrutados no futuro. Dhamma tem a qualidade de “venha-e-veja”; veja por si mesmo, experimente isto você próprio, não aceite isto cegamente. E, tão logo tenha experimentado Dhamma e sentido os seus benefícios, não se pode resistir a encorajar e a ajudar outros a vir e a ver também. Cada passo no caminho o leva mais perto do objetivo final: nenhum esforço será desperdiçado Dhamma é benéfico no começo, no meio e no fim. Finalmente, qualquer pessoa de inteligência média, não importa com que conhecimentos, pode praticar isto e experimentar os benefícios. Com este entendimento sobre o que isto é, na realidade, se alguém se refugiar em Dhamma e começar a praticar, a sua devoção terá um sentido real.

Sangha

Da mesma maneira, tomar refúgio em Saṅgha não é o mesmo que se envolver em uma seita. Qualquer pessoa que tenha dado passos no caminho de sīla, samādhi e paññā, e que tenha alcançado, pelo menos, o primeiro estágio da libertação, que se tenha tornado um ser santo, é uma Saṅgha. Ele ou ela, pode ser qualquer um, com qualquer aparência, qualquer cor ou condição; isto não faz diferença. Se alguém for inspirado por ver tal pessoa, e trabalhar para alcançar o mesmo estado para si próprio, então, refugiar-se em Saṅgha faz todo o sentido, é devoção correta.

Fórmula em Páli da tomada de refúgio

Buddham saranam gacchami
Eu tomo refúgio no Buda.
Dhammam saranam gacchami
Eu tomo refúgio no Dhamma.
Sangham saranam gacchami
Eu tomo refúgio na Sangha.

Dutiyampi Buddham saranam gacchami
Pela segunda vez, eu tomo refúgio no Buda.
Dutiyampi Dhammam saranam gacchami
Pela segunda vez, eu tomo refúgio no Dhamma.
Dutiyampi Sangham saranam gacchami
Pela segunda vez, eu tomo refúgio na Sangha.

Tatiyampi Buddham saranam gacchami
Pela terceira vez, eu tomo refúgio no Buda.
Tatiyampi Dhammam saranam gacchami
Pela terceira vez, eu tomo refúgio no Dhamma.
Tatiyampi Sangham saranam gacchami
Pela terceira vez, eu tomo refúgio na Sangha.


Para um aprofundamento sobre este tema, confira o post:
Reflexões sobre o Tríplice Refúgio do Budismo

A “entrada formal” para o budismo acontece na cerimónia do refúgio nas 3 Jóias. A cerimónia do refugio é uma marco na medida em que o praticante se compromete a seguir o caminho budista, a se dedicar ao Dharma. É a formalização de uma decisão interior perante nós próprios e perante outros. É o reconhecimento que as coisas habituais perante as quais nós “tomamos refugio” não são um verdadeiro porto seguro. Essa cerimónia marca “oficialmente” a entrada para o budismo, mas o refúgio nas 3 Jóias pode e deve ser feito em várias ocasiões, formalmente ou informalmente, não se resume a uma cerimónia. O mais importante é a tomada interna de refúgio. Aliás, a pessoa que decide seguir o caminho budista pode-se considerar budista sem mesmo ter passado “oficialmente” por esse tipo cerimónia; no tempo do Buda, quando a pessoa via valor nos ensinamentos do Buda, ela própria simplesmente decide seguir o caminho do Dharma e expressa essa intenção recitando os versos de refúgio.

Há budistas que também são portadores de um nome do Dharma, isto é, um nome budista. Mas será que todos os que se tornam budistas recebem um nome? São só alguns? A resposta no seguinte post:
Todos os budistas recebem um nome do Dharma?


Saiba mais (links externos):

Veja também:

Olhar Budista > Recursos > Budismo: comece aqui!


Sobre S. N Goenka | Lista de Mestres e Professores


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