Existem pontos convergentes entre o OpenSource e o Budismo?
Transcrevo parte do artigo do blog Folhas no Caminho:
(…) Há mais de 2.500 anos, muito antes da revolução tecnológica que culminou com a era da informação, surgiu na Índia, no clã do Sakyas, a figura que, além de se tornar um líder espiritual, foi o primeiro hacker do mundo: o Buddha.
É preciso, em nome da precisão terminológica, esclarecer a diferença entre hacker e cracker. O hacker é um estudioso da tecnologia da informação. Ele é especialista em quebrar barreiras, divulgar ideias de liberdade e aprimorar o funcionamento de um software. Sua atuação é ideológica e está relacionada com a manutenção da livre circulação de informações à população de maneira geral.
O cracker, diferentemente, procura quebrar barreiras de segurança com finalidades escusas, como o enriquecimento ilícito, subtraindo senhas bancárias e números de cartões de crédito.
O leitor deve estar se perguntando: “Como poderia o Buddha, muito antes da invenção do computador, ter sido um hacker?”.
Outro significado do termo hacker é decifrador.
A resposta é simples, ele conseguiu hackear (decifrar) talvez o mais complexo sistema de informações existente no universo: a mente humana.
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Além disso, a forma utilizada para manter vivos os seus ensinamentos, mesmo após vinte e cinco séculos, é exatamente a mesma largamente utilizada hoje pelo movimento do software livre: a criação de uma comunidade.
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Os monges mantêm vivos os ensinamentos do Buddha, pelo intenso estudo, prática da contemplação e da compaixão para com todos os seres vivos. Os monges, em certa medida, são voluntários em prol de uma causa maior: a sobrevivência das técnicas ensinadas pelo Buddha para colocar fim ao sofrimento. Eles são os técnicos que dominam o código-fonte e o aprimoram.
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O Buddha nunca cobrou por seus ensinamentos, por mais precisos que eles fossem. Sempre os transmitiu gratuitamente, a quem quisesse recebê-los, fornecendo o suporte necessário para o desenvolvimento de monges e leigos que o seguiam. Aliás, a ideia de direitos autorais sequer existia em seu tempo.
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O Buddha anteviu que a filosofia GPL, utilizada pelos softwares de código aberto, conferiria ao dhamma uma sobrevida muito maior.
Obviamente, se o Buddha tivesse implementado um sistema de licenciamento de seus ensinamentos, cobrando por sua utilização e manutenção, à moda do que hoje acontece com o software proprietário, certamente o dhamma já teria se perdido e hoje não teríamos conhecimento do caminho para a iluminação.
O Buddhismo ensina a ideia de interdependência. Todos os seres vivos estão interconectados, não existindo um “eu” permanente e imutável. Esse conceito é idêntico às práticas da comunidade do software livre. Um dos maiores exemplos disso é Ubuntu, nome de uma das mais famosas distribuições do Linux. Ubuntu significa: “eu sou o que sou pelo que nós somos”.
O Buddhismo é open source (código aberto) porque ele não foi criado com o intuito de controlar as pessoas ou impor que elas têm que seguir seus ensinamentos ou neles acreditar. Esse caráter adogmático significa que o Buddha não exauriu as técnicas de iluminação. Vários seguidores, monges e leigos, ao longo dos séculos, aprimoraram a obra do Buddha, criando novas técnicas e trazendo à baila reflexões buddhistas sobre as questões éticas do seu tempo.
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É claro que existe um núcleo central, um verdadeiro kernel, que não pode ser mudado.
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Mas é inegável que o Buddhismo se amoldou às várias culturas com as quais se deparou, adaptando-se às condições de cada local. Por isso, assim como o Linux, o Buddhismo possui várias distros: Mahayanas, Theravadas e Tibetanos.
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O exemplo do Buddha nos inspira, como buddhistas e decifradores, a continuarmos explorando o código-fonte do nosso mundo e compartilhando nossas descobertas com todos os seres vivos.
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Mais sugestões de leitura (links externos):
- OpenBuddha: What is Open Source Buddhism?
- Tricycle.org: Towards Open Source Buddhism
- Theidproject: Open Source Buddhism
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Quer conhecer uma distribuição Linux? Leia este post sobre o Ubuntu, e se considera que tem conhecimentos técnicos suficientes, instale no seu computador.
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