“Se as coisas aparecem como algo lindo, então como consideramos isso como algo existindo objetivamente, independentemente, sentimos apego. Quando as coisas aparecem como algo negativo, também objetivamente, ou seja que o negativo está ali, desenvolvemos raiva, ódio e todas essas coisas.”
– Dalai Lama
O texto que se segue é a transcrição de uma palestra do Dalai Lama. Confira no final do post o vídeo do Youtube com a palestra original.
Todas as coisas externas, assim como as nossas experiências internas, tudo aparece como se existissem por si mesmas. Nunca nos aparecem como uma simples designação, as coisas aparecem como algo que existe independentemente. Essas são as aparências. Se essas experiências são verdadeiras, a realidade de que existem independentemente, então devemos investigar, investigar muito mais para que a realidade fique mais e mais clara.
Ontem também mencionei a física quântica, os cientistas quânticos já sabem. As coisas aparecem como se existissem objetivamente, mas se as investigas, não as consegues encontrar.
Ontem mencionei que os físicos quânticos agora têm um dilema. Qual é a realidade? Não a consegues encontrar… Aparece como existindo objetivamente, mas se investigarmos, nada existe objetivamente.
Então a realidade é que nada existe objetivamente1. Nas aparências tudo existe, visto do seu próprio lado. Está é uma diferença.
O nível mais profundo de ignorância está baseado nas aparências. Nós… certa mente, considera que as coisas existem independentemente. Então, o que está mal? É uma delusão, ou uma grave delusão?
Por exemplo, eu tenho uma certa ignorância do que tens no bolso, eu não sei, e sei que isso é um tipo de ignorância. Vocês também não sabem o que tenho no bolso, têm ignorância acerca disso, é um tipo de ignorância. Essa ignorância não é importante, não importa.
Mas porque a outra ignorância é algo sério?
Porque esse profundo nível de ignorância é a base de todas as nossas projeções mentais. Nós damos muita ênfase às coisas como existindo objetivamente. Então dizemos: “isso é absolutamente verdade”.
Se as coisas aparecem como algo lindo, então como consideramos isso como algo existindo objetivamente, independentemente, sentimos apego. Quando as coisas aparecem como algo negativo, também objetivamente, ou seja que o negativo está ali, desenvolvemos raiva, ódio e todas essas coisas. Isso também mencionei brevemente ontem.
Essa é a razão, esse tipo de nível fundamental, dessa ignorância, causa todas as distorções de conceitos. Esses conceitos distorcidos geram emoções destrutivas que estão baseadas na ignorância.
Vídeo da palestra original:
Veja também:
- A Realidade da Realidade
- A Realidade Ilusória
- As 3 marcas da existência: Anicca, Dukkha, Anatta
- Interdependência, vacuidade e não-eu
- Laranjas, papel e a interdependência de todos os fenómenos
- Algumas palavras sobre vacuidade
Sobre Dalai Lama | Lista de Mestres e Professores
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Notas:
- As coisas não existem objetivamente porque são interdependentes. Por exemplo: Um carro é feito de elementos “não-carro”, ou seja, motor, rodas, volante, vidros, portas, etc. Todas essas coisas em conjunto formam um carro. Além disso, o carro existe porque foi construído por trabalhadores e máquinas, por sua vez esses trabalhadores e máquinas existem devido a uma infinidade de causas e condições. Sem essa infinidade de causas e condições – que inclui até as condições naturais que permitem a existência de minerais úteis (e tantas outras coisas) para a construção dos carros e para a existência da própria vida – não existiria carro. De igual modo, a nossa existência, a nossa vida é impermanente, interdependente, depende de uma infinidade de causas e condições, não existimos de forma objetiva e separada (Anatta). Mas apesar de intelectualmente podermos aceitar o que foi exposto acima, na maioria das vezes agimos como se existíssemos objetivamente, independentemente e separadamente.↩
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