Vajrayana (Tibetano)

Bardo Thodol: o Processo da Morte e do Pós-Morte de acordo com “O Livro Tibetano dos Mortos”

O Bardo Thodol, também conhecido no Ocidente como O Livro Tibetano dos Mortos, é um texto terma (tesouro escondido) da literatura Nyingma, uma das principais escolas budistas tibetanas. Ele foi revelado por Karma Lingpa (1326–1386) e é uma parte essencial das práticas funerárias no budismo tibetano. O termo “bardo” refere-se ao intervalo entre a morte e o próximo renascimento. O Bardo Thodol foi projetado para guiar a consciência do falecido durante esse período. Vamos conhecer neste artigo os vários bardos e o que acontece nesse processo segundo a referida obra.

Por Manuel Sanches, para o Olhar Budista.


Conteúdo:


Introdução

A escritura budista-tibetana conhecida por Bardo Thodol é atribuída a Padmasambhava, o mestre budista do século VIII cujo nome significa, literalmente, “o Nascido do Lótus.” Este mestre indiano é, provavelmente, a figura budista mais importante no Tibete, sendo considerado pelos tibetanos a segunda vinda do Buda Shakyamuni. É também creditado por ter sido um dos principais pioneiros do budismo no Tibete.

Esta obra é popularmente conhecida como “O Livro Tibetano dos Mortos,” um nome popularizado por Walter Evans Wentz, o seu primeiro tradutor ocidental, para o distinguir do “Livro dos Mortos” da civilização egípcia. No entanto, o seu nome original em tibetano significa algo do género de “A Grande Libertação Através da Audição no Estado Intermédio.”

O Bardo Thodol é um texto que descreve o processo da morte e do pós-morte na perspetiva budista-tibetana e pode ser usado como um manual para ajudar os vivos a prepararem-se para a morte e para, ao ser lido oralmente, guiar a consciência dos recentemente mortos, que se considera serem capazes de ouvir. O seu objetivo principal é aproveitar o processo e a experiência da morte como um catalisador para o despertar espiritual. É de importância extrema para as práticas funerárias no contexto cultural tibetano e é, geralmente, lido ritualmente pelos lamas tibetanos para guiar os mortos nos funerais.

Os 6 Bardos

Um conceito particularmente importante para compreender o Bardo Thodol é o conceito de bardo. Bardo é uma palavra tibetana relacionada com liminaridade, que significa algo como “estado intermédio.” No fundo, trata-se de um estado liminar do ser, um estado impermanente e transitório, pelo qual os seres sencientes passam ao longo da sua existência. Vários bardos são descritos no Bardo Thodol, seis, para ser preciso:

1 – o bardo da vida
2 – o bardo onírico do sonho
3 – o bardo da meditação
4 – o bardo do momento da morte
5 – o bardo da Realidade (ou dharmata, em sânscrito)
6 – e o bardo do devir (ou do renascimento)

É verdade, até a vida é considerada um bardo. De acordo com a doutrina budista, a impermanência é uma qualidade universal de todos os fenómenos. A impermanência da vida e a inevitabilidade da morte são questões muito enfatizadas no budismo. Os bardos do sonho e da meditação são fáceis de compreender: são os estados “alterados” de consciência que experienciamos quando estamos a dormir e a sonhar, ou a meditar; o bardo do momento da morte trata-se da experiência da morte em si; os bardos da Realidade e do devir são estados experienciados depois da morte, de acordo com as crenças budistas-tibetanas. Talvez possam parecer mais abstratos ou difíceis de compreender, mas a sua explicação e descrição é algo a que este artigo se dedicará mais à frente.

O que acontece nos 3 bardos ligados à morte?

O importante é que, durante estes três bardos ligados diretamente à morte – o bardo do momento da morte (chikai bardo, em tibetano), o bardo da realidade (chonyid bardo), e o bardo do devir (sidpa bardo) – o/a falecido/a é confrontado com várias oportunidades para se libertar espiritualmente: para reconhecer a vacuidade da sua identidade individual, o seu “eu,” e desvelar a sua verdadeira natureza. Qual é a verdadeira natureza dos seres sencientes, de acordo com o budismo tibetano? É a própria consciência, na sua forma mais pura, não-dualista, vazia, espaçosa, luminosa, sem limites, sem forma, cognoscente, e que está para além de qualquer conceito. Nas várias tradições budistas há muitas designações para esta consciência base: Natureza de Buda, por exemplo. Mas num contexto budista tibetano, é geralmente referida como rigpa, a luminosidade-base. Se, durante o processo da morte ou pós-morte, o/a falecido/a a reconhecer com sucesso, atingirá o despertar espiritual, o chamado nirvana; senão, irá continuar a navegar pelos bardos seguintes, vinculado ao samsara, o modo cíclico de existência que se caracteriza pelo sofrimento perpétuo. Se o indivíduo não se conseguir despertar no bardo da morte, a sua consciência continua para o bardo da Realidade; se não se conseguir libertar no bardo da realidade, continua para o bardo do devir; se não conseguir despertar no bardo do devir, a sua consciência renascerá novamente, como outro ser, no bardo da vida. As suas probabilidades de sucesso são influenciadas pela lei da causalidade e pelas ações do seu passado, o seu karma.

À medida que a consciência do/a falecido/a atravessa os bardos descritos no “Livro Tibetano dos Mortos,” ela experiencia vários tipos de visões, extáticas ou aterradoras. No entanto, como Padmasambhava relembra repetidamente ao longo do texto, qualquer fenómeno experienciado nos bardos é vazio, sem essência ou substancialidade própria, uma projeção ilusória da consciência-base universal.

E o que é que acontece exatamente, nos bardos? O que é que Padmasambhava descreve no Bardo Thodol?

O bardo do momento da morte (chikai bardo)

O complexo psicofísico

O primeiro bardo que a pessoa moribunda enfrenta é o chikai bardo, o estado intermédio do momento da morte. Neste bardo o indivíduo sofre uma dissolução do seu complexo psicofísico. É importante compreender que, na perspetiva budista, a identidade individual é considerada uma ilusão, pelo menos enquanto realidade absoluta. Entende-se que o indivíduo existe apenas enquanto ilusão convencional, porque a sua constituição psicofísica é impermanente, composta, vazia de uma essência própria, e dependentemente originada. Ou seja, o indivíduo não é uma entidade que exista por si só, mas sim um agregado de vários elementos que existe em interdependência total com toda a realidade. A doutrina budista defende que a pessoa é composta por cinco elementos a que se chama agregados (ou skhanda, em sânscrito): a forma ou corpo físico; as perceções sensoriais; os fenómenos mentais; os tons afetivos, num espetro de atração, indiferença, ou aversão; e a consciência. No processo da morte no chikai bardo, este complexo psicofísico desagrega-se e a identidade pessoal dissolve-se.

Dissolução dos 5 elementos

Acredita-se também que o corpo físico é composto por cinco elementos: terra, água, fogo, ar, e espaço. Estes elementos não devem ser entendidos literalmente, ou seja, o elemento fogo não é mesmo uma chama e o elemento água não é mesmo um litro de água. São representações simbólicas das qualidades que representam. A terra representa a estabilidade, a solidez; a água representa os fluídos do corpo, assim como a flexibilidade e coesão; o fogo representa a temperatura, assim como a transformação da digestão e do envelhecimento; o ar representa o movimento; e o espaço representa possibilidade. No processo do bardo da morte, segundo o Bardo Thodol, os elementos do corpo dissolvem-se progressivamente.

O corpo subtil

 Nas tradições esotéricas do budismo, como é o caso do budismo tibetano, acredita-se também que existe um corpo subtil, uma dimensão energética do indivíduo algures entre o físico e o mental. Neste corpo a energia subtil da consciência do corpo circula por canais e centros energéticos. No processo da morte do chikai bardo dão-se algumas alterações importantes no corpo subtil.

Assim, durante o chikai bardo, os agregados do indivíduo separam-se, os elementos físicos do seu corpo dissolvem-se, a sua consciência fica progressivamente mais refinada, e as duas essências energéticas do seu corpo subtil viajam até ao centro do canal central até se encontrarem no meio. À medida que este processo se vai dando, há sinais que se manifestam. Por exemplo, quando o elemento terra se começa a dissolver no elemento água, o moribundo sente o seu corpo muito pesado, a afundar, e este começa a ficar sem força. Quando o elemento fogo se dissolve no elemento ar, o sujeito moribundo tem a visão de “pirilampos no céu.” Ao longo do processo, a consciência vai oscilando entre a claridade e a dormência, e eventualmente o indivíduo começa a deixar de conseguir reconhecer a realidade à sua volta.

O movimento das essências

À medida que este processo vai decorrendo, as essências vão se movendo ao longo do canal central em direção ao meio, na zona do coração. Quando a essência vermelha e feminina dada pela mãe, se move, cria a visão de “vermelhidão.” Quando branca e masculina, dada pelo pai, se move cria a visão de “brancura.” À medida que as essências se vão aproximando, o sujeito tem uma visão de “negridão,” e sente-se como se estivesse a cair num abismo. Depois disto acontecer, o pensamento conceptual cessa. Depois da última expiração, quando as essências finalmente se encontram, o moribundo entra num estado de êxtase. O corpo e a mente morreram. Padmasambhava descreve que, nesta fase, o/a falecido/a experiencia sua verdadeira natureza intrínseca: a consciência pura, espaçosa, radiante, vazia e sem centro que está na base de tudo. Se o indivíduo reconhecer este espaço como a sua verdadeira natureza, ele libertar-se-á; se não, continuará para o próximo bardo: o bardo da Realidade.

O bardo da realidade (chonyid bardo)

A mente conceptual

Na tradição budista acredita-se que a mente conceptual é, de várias formas, um grande obstáculo à experiência do despertar espiritual. É descrito que a experiência da libertação desvela uma dimensão de nós próprios e da realidade caracterizada por um profundo não-dualismo: tudo está ligado e interdependente, e qualquer limite de qualquer fenómeno e da realidade em si é meramente ilusório. Ao comunicarmos conceptualmente, limitamos a realidade. O pensamento e linguagem conceptuais, por natureza e por uma questão de utilidade convencional, delimitam a realidade. Mesmo que entendamos, em absoluto, que qualquer separação entre os fenómenos é ilusória, a linguagem conceptual é extremamente útil para nos conseguirmos entender uns com os outros. Em dadas circunstâncias, queremos falar especificamente acerca de esta cadeira, e não da mesa ou de outra cadeira qualquer. É útil podermos avisar alguém que a cadeira está a pegar fogo e está a começar um incêndio ali, ou que vem um predador perigoso daquela direção específica. É útil, mas delimita consideravelmente a realidade: o universo inteiro em toda a sua multiplicidade de experiências e perspetivas é reduzido a algo particular, por exemplo, a cadeira, o fogo ou o predador, e tudo o resto é ignorado pela consciência. Depois da mente conceptual cessar na transição entre o bardo da morte e o bardo da Realidade, a existência expressa-se na sua forma absoluta, sem limites. É por isso que esta fase se chama bardo da Realidade.

As várias visões

De acordo com Padmasambhava, neste bardo o indivíduo experiencia várias visões, sendo as mais relevantes a visita de vários Budas cósmicos. A reação do indivíduo a estas visitas depende do karma passado e irá condicionar o que lhe acontecerá no futuro. O sujeito será visitado por 100 Budas, alguns dos quais são pacíficos, e alguns dos quais são irados. Estes seres são descritos como sendo gigantescos. Na verdade, os Budas pacíficos e irados são imagens espelhadas, pois são exatamente as mesmas entidades, mas vistas de perspetivas diferentes e de acordo com a disposição emocional do sujeito da experiência. Os Budas pacíficos irão tentar fazer o sujeito despertar através de luzes e cores com significado esotérico, e os Budas irados irão também tentar despertá-lo, mas através de métodos severos, aterrorizando-o. Os Budas pacíficos são representados na iconografia tibetana com a aparência típica do Buda Gautama (sentado, com o cabelo apanhado, lóbulos alongados, etc.) e os Budas irados são representados como monstros grotescos e assustadores, de olhares ferozes, com vários braços ou cabeças, a beber de crânios humanos, empunhando armas, etc. Padmasambhava insiste ao longo desta secção que todas estas aparições são, essencialmente, vazias, e que o/a falecido/a não as deve temer porque elas não o podem realmente magoar: por mais assustadoras que sejam, são formas vazias, como todos os fenómenos da realidade. São emanações ilusórias da consciência espaçosa e radiante que está na base de tudo. Para além disso, ele já nem tem um corpo físico que possa ser magoado em primeiro lugar. Compreender a vacuidade das aparições do bardo da Realidade é uma excelente oportunidade para o indivíduo se libertar.

Como foi mencionado, os Budas pacíficos irão apresentar luzes coloridas ao indivíduo. Se o sujeito as acolher, estas vão possibilitar-lhe o despertar. No entanto, estas luzes são reconhecidas pelo indivíduo como assustadoras devido à sua intensidade. Ao mesmo tempo que estas luzes aparecem, aparecem também luzes mais fracas e mais confortáveis. Se o sujeito seguir os seus padrões habituais e seguir estas segundas luzes, dependendo da sua cor, ele será atraído para o renascimento num dos seis reinos da cosmologia budista: os deuses (deva), os titãs (asuras), os seres humanos, os animais, os espíritos ávidos (preta), ou os habitantes dos infernos (naraka). Apesar de alguns renascimentos serem mais vantajosos que outros, todos fazem parte do samsara, e todos levam a uma existência permeada de sofrimento. Até os deuses são efémeros, na perspetiva budista, e a sua existência divina chegará a um fim. Apenas os seres iluminados como os Budas, que se libertaram do ciclo do nascimento e da morte, estão livres de sofrimento. O renascimento enquanto ser humano é considerado o melhor, pois o seu equilíbrio entre estabilidade mental e insatisfação oferece as melhores condições para a busca espiritual. Os outros seres do samsara têm impedimentos que dificultam a busca espiritual. Os deuses, por exemplo, estão tão deleitados na sua divindade que não têm razões para se quererem libertar, e os animais estão tão vinculados aos seus padrões instintivos que não têm disponibilidade mental para praticar meditação e outros exercícios espirituais. Estes reinos podem ser entendidos como literais ou como simbólicos, e cada um deles tem uma emoção negativa associada: os deuses com o orgulho, os titãs com a inveja (dos deuses), os seres humanos com a insatisfação, os animais com a ignorância, os espíritos famintos pela avidez, e os habitantes dos infernos pela ira.

Se o indivíduo não se conseguir libertar no bardo da Realidade, desmaiará, avassalado pelas aparições, e a sua consciência continuará para o próximo bardo: o bardo do devir (do “vir a ser”, ou renascimento).

O bardo do devir (sidpa bardo)

O corpo mental e a ânsia por um corpo físico

No sidpa bardo a o/a falecido/a ganha um corpo mental supersensível e com poderes extraordinários, tem vislumbres do seu próximo possível renascimento (onde renascerá, se deixar seduzir) e, se não conseguir despertar, entra no útero de onde irá renascer na próxima vida.

Este novo corpo é um produto do karma passado e é semelhante a um corpo vivo – mas mental. Por não estar limitado pela matéria, como nos sonhos que temos durante a noite, este corpo tem capacidades extraordinárias como a clarividência, a capacidade de um movimento sem limitações (ou seja, desobstruído e capaz de atravessar o que quer que seja e ir onde quiser), e a capacidade de ver outros seres mortos, no bardo. Neste bardo, os sentidos do/a morto/a estão impecáveis. Mesmo que uma pessoa fosse cega durante a sua vida, no sidpa bardo consegue ver. É capaz de ver a sua terra-natal e os seus antes queridos a chorar, mas não pode interagir com eles.

Padmasambhava descreve que este é o bardo onde o indivíduo sofre mais. Está sujeito a uma grande instabilidade emocional, voando à deriva do karma passado como “uma pena no vento.” A consciência é abalada constantemente por várias aparições aterrorizadoras, como monstros carnívoros. O instinto do indivíduo é tentar esconder-se debaixo de estruturas como pontes, casas, templos, cabanas e estupas, mas qualquer alívio é temporário. O indivíduo começa a sofrer cada vez mais, até que, devido ao seu apego à fisicalidade, surge a ânsia de um corpo físico. A consciência começará à procura de um corpo e pode mesmo tentar entrar no corpo anterior, agora em decomposição, cremado, enterrado ou a ser comido por animais.

Depois disto Yama, o deus da morte consulta o karma passado do indivíduo e tortura-o de acordo com ele, cortando-o e desmembrando-o apenas para o corpo mental se regenerar logo de seguida para ser desfigurado de novo. Mais uma vez, a tortura de Yama pode ser utilizada como um meio para despertar para a vacuidade dos fenómenos.

O surgimento da nova vida

À medida que o tempo passa, o corpo da vida anterior do/a falecido/a fica cada vez mais difuso e o corpo do próximo renascimento fica cada vez mais vívido. A mente fica cada vez mais instável. Eventualmente, surgem seis luzes cada uma com a sua cor, correspondendo aos seis reinos da cosmologia budista. De acordo com o karma passado, uma delas brilha mais que as outras, remetendo para o seu renascimento futuro. O indivíduo é de novo confrontado com visões aterrorizadoras, como tornados, e tem o impulso de se querer esconder de novo, o que o vai atrair intensamente para o útero do seu próximo renascimento. Existem métodos sugeridos por Padmasambhava para obstruir a entrada do útero de modo a evitar o renascimento, mas a sua probabilidade de sucesso é muito reduzida. Eventualmente, o sujeito tem a visão de vários casais envolvidos em união sexual. Um dos casais chamará particularmente a atenção do sujeito: estes serão os seus futuros pais. Se o próximo corpo for biologicamente masculino, haverá aversão intensa face ao pai e ciúme e apego face à mãe. Se for biologicamente feminino, haverá ciúme intenso face à mãe e intenso apego e afeto face ao pai. A emoção intensa fará com que o indivíduo entre no útero. Quando se dá a fecundação, a consciência experiencia um estado de êxtase semelhante ao que sentiu no momento da morte, entre o chikai bardo e o chonyid bardo. Daí a mente do sujeito entra na inconsciência e o embrião começa a desenvolver-se. A nova vida surgiu.

Bibliografia:
– Padmasambhava, Graham Coleman and Thupten Jinpa, eds., Gyurme Dorje, trans. The Tibetan Book of the Dead: First Complete Translation. Penguin Classics Deluxe Edition Series. New York: Penguin Books, 2007
– Rinpoche, Sogyal. The Tibetan Book of Living and Dying. New York: PerfectBound,  HarperCollins Publishers, 2003.
– Thurman, Robert, trans. “Part One: Preparations for the Journey.” In The Tibetan Book of the Dead: Liberation Through Understanding in the Between. New York: Bantam Books, 1994.

Imagem ilustrativa de destaque gerada por IA.

Veja também:

Deixe um comentário