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As 4 Moradas Divinas (qualidades incomensuráveis)

Estas são as qualidades de um bom coração. São emoções e estados positivos que são produtivos e úteis para qualquer pessoa de qualquer religião ou mesmo para quem não tem religião.

Na língua Páli estas qualidades são chamadas de Brahma-viharas. A palavra brahma significa literalmente “mais alto” ou “superior”, é também o nome dado ao deus supremo no hinduísmo durante a época do Buda. Vihara significa “habitar”, “viver” ou “permanecer”. Por isso, diz-se que aqueles que as praticam estão permanecendo ou vivendo no caminho divino ou nobre. Estas qualidades também são conhecidas em Páli como appamaññā, que significa “incomensuráveis”, um estado sem limites, sublime.

Os 4 Brahma-Viharas são a bondade amorosa, compaixão, alegria empática e equanimidade. Essas qualidades, e especialmente a primeira, são objetos de meditação muito populares, o propósito é cultivá-las, nutri-las e desenvolvê-las, levando a uma mente “incomensurável.”

Estas são as qualidades de um bom coração. São emoções e estados positivos que são produtivos e úteis para qualquer pessoa de qualquer religião ou mesmo para quem não tem religião. O resultado será uma boa pessoa, livre do ódio e má vontade. Aqueles que cultivam os Brahma-Viharas desenvolvem uma mente feliz.

Bhikkhu Khantipalo salienta que:

“O caminho em direção ao objetivo passa pelo que chamamos de Moradas Divinas, onde as emoções profundamente enraizadas são transformadas de inábeis e prejudiciais em hábeis e benéficas de acordo com o Dhamma. […] o objetivo de uma pessoa, bem como de todos os seres, é conquistar condições que produzam a felicidade. Portanto, a pessoa deve agir de tal forma que a felicidade resulte das suas ações. A pessoa deveria, nesse caso, tratar os outros da maneira como ela gostaria de ser tratada, pois cada ser vivo tem muita estima por si mesmo e deseja o seu próprio bem-estar e felicidade. A pessoa não pode esperar ter uma felicidade isolada que surja sem uma causa ou que não surja de si mesma, nem a felicidade pode ser esperada se alguém maltrata outros seres, humanos ou não. Todos os seres desejam a vida e temem a morte, sendo isso verdadeiro tanto para nós como para as outras criaturas.”

As 4 Moradas Divinas

  1. Metta (bondade amorosa): Bem-querer, amor altruísta, suave e carinhoso estendido a todos os seres e por nós mesmos. Não é um tipo de amor rígido e romântico e não é um amor que inclui apego extremo ou sentimentos controladores. É o remédio do Buda para a raiva e a antipatia.
  2. Karuna (compaixão): É sensibilizar-se em relação aos sofrimentos de outros seres. É como um coração aberto que se preocupa com todos. Inclui a empatia, ser capaz de compreender a posição da outra pessoa e cuidar dela. É o remédio do Buda para a crueldade.
  3. Mudita (alegria empática): É também chamada de alegria apreciativa ou alegria altruísta. É a capacidade de ficar feliz ao ver alguém feliz, de regozijo com a felicidade dos outros. É o remédio do Buda para a inveja e o ciúme.
  4. Upekkha (equanimidade): É a imparcialidade e a serenidade. É a habilidade para enfrentar situações difíceis com tranquilidade e paz mental imperturbável. É o medicamento do Buda para a distração e a preocupação.

Inimigos próximos e distantes

Cada um dos quatro Brahma-Viharas tem o que é chamado de inimigo próximo e inimigo distante.

O inimigo próximo é um estado de espírito próximo ao brahma-vihara e às vezes é confundido como uma qualidade incomensurável, mas na verdade é “um inimigo próximo” e não o estado mental correto. O inimigo distante é o oposto de brahma-vihara, e obviamente um estado incorreto.

  1. Metta (bondade amorosa)
    Inimigo próximo: Apego sensual.
    Inimigo distante: Má vontade.
  2. Karuna (compaixão)
    Inimigo próximo: Pena ou dó.
    Inimigo distante: Crueldade.
  3. Mudita (alegria empática)
    Inimigo próximo: Alegria interesseira, ou seja, alegria apenas pelo benefício que se tem devido ao ganho do outro.
    Inimigo distante: Inveja, aversão, descontentamento ou ressentimento.
  4. Upekkha (equanimidade)
    Inimigo próximo: Indiferença.
    Inimigo distante: Cobiça.

Referências: Bhikkhu Khantipalo, Centro Thubten Ling (vídeo),
Dhammawiki, Buddhanet, Wikipedia.

Leitura adicional (link externo):

Veja também:

2 comments

    1. Olá Rafael,

      O apego tem haver com o agarramento, o desejo ardente de possuir, é ficar prisioneiro do que nos causa apego. A sensualidade é relativa as sensações que resultam do contacto dos sentidos com os objetos. Por exemplo, nós ouvimos uma música e isso nos causa uma sensação agradável ou desagradável. No post o “apego sensual” foi referido como um inimigo próximo de Metta (bondade amorosa), neste contexto creio que o apego sensual seja mais relacionado com as questões relativas ao amor romântico.

      Para entender melhor consulte estes posts:
      [Vídeo-Palestra] Sensualidade e outros vícios | Ajahn Mudito: https://wp.me/p7nUB1-4o (veja pelo menos os primeiros 11 minutos)
      Desapego e Apego: https://wp.me/p7nUB1-Mh
      Prazer x Felicidade: https://wp.me/p7nUB1-NF
      Budismo, o amor e as relações: https://wp.me/p7nUB1-AW

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