O budismo tem mais dança do que qualquer outra religião. As culturas que deram origem ao budismo e à sua disseminação foram culturas dançantes, eram culturas em que a dança era uma parte central da vida cívica, privada e espiritual. No Sri Lanka por exemplo, nenhuma função governamental ocorre sem uma dança tradicional.
Quando ao Budismo Vajrayana (tibetano) e às culturas dos Himalaias que intermediaram a sua disseminação, tais como: Caxemira, Ladakh, Índia, Himachal, Nepal e Butão, pode-se dizer que são culturas dançantes. Todos dançam, sejam jovens ou velhos.
Estudiosos ocidentais, notaram a importância da dança para a cultura tibetana. O linguista e tibetologista tcheco René de Nebevsky-Wojkowitz (1923–59) traduziu o manual de dança ritualística do 5º Dalai Lama, o Chams Yig, e o aventureiro e polímata italiano Giuseppe Tucci (1894–1984) abordou o tema com perspicácia nos seus livros.
A dança da cultura tibetana não é vista como uma forma de socialização e entretenimento, mas sim como uma prática espiritual.
3 aspetos da dança tibetana
Joan Erdman classificou a dança tibetana em 3 aspetos essenciais: Dança real, dança representada e dança efêmera.
Dança real: é o que normalmente chamamos de dança: corpos físicos movendo-se no espaço de acordo com uma ordem e forma específica. Mais à frente será abordado a dança real Cham.
Dança representada: refere-se a imagens dançantes na arte, pintura, escultura, murais e manuscritos com ilustrações budistas. Há muitas imagens de dança retratadas na arte budista.
Dança efêmera: refere-se à dança sem corpo, como em visualizações na prática meditativa.
Na prática, esses aspetos interagem. Por exemplo a dança efêmera pode ser auxiliada pela dança representada e culminar na dança real.
A dança budista tibetana pode ser entendida como algo multidimensional, transformadora e que altera a consciência. Ao compreender esses três aspetos da dança budista – real, representada e efêmera – é mais fácil de entender o seu significado completo e a razão da sua proeminência na arte faz mais sentido.
A Dança Cham
É uma dança com máscaras e fantasias associada às escolas do budismo tibetano e a festivais budistas. A dança é acompanhada por música tocada por monges com instrumentos musicais tradicionais tibetanos.
As Chams são consideradas uma forma de meditação em movimento e uma oferenda aos devas. O líder da cham é tipicamente um músico, marcando o tempo com a utilização de algum instrumento de percussão como pratos.
Chams frequentemente retratam incidentes da vida de Padmasambhava, o professor Nyingmapa do século 9, assim como de outros grandes mestres. A dança do chapéu preto é uma dança Vajrakilaya e é a dança mais frequentemente retratada em pinturas.
É comum nesses eventos serem ministrados ensinamentos sobre a compaixão pelos seres sencientes e outros temas do budismo.
A Dança Vajra
A Dança Vajra faz parte dos Ensinamentos Dzogchen transmitidos pelo mestre de renome mundial Chogyal Namkhai Norbu.
Segundo Chogyal Namkhai Norbu, através da dança ativamos e coordenamos pontos específicos da energia do nosso corpo de acordo com o conhecimento antigo dos canais e chakras. Desta forma, a dança dissolve os bloqueios de energia, harmoniza os três aspetos principais do nosso ser – corpo, energia e mente – e desenvolve a presença e a consciência. Os movimentos simples, lentos e fluidos da dança relaxam o corpo, limpam a mente e aliviam as tensões da nossa vida diária.
Namkhai Norbu tem transmitido esta dança principalmente no ocidente para qualquer tipo de pessoa, seja ela budista ou não.
Referências: Buddhistdoor, Wikipédia, Vajradance.
Veja também:
- Yantra Yoga, o yoga com raízes no budismo
- Yantra Yoga, o yoga tibetano do movimento
- Os chakras no budismo tibetano
- Arte Budista Tibetana: Pinturas e Mandalas
- O que é cultura e o que é Dharma?
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