Contos e Poemas

[Conto] O Caminho do Meio (vídeo)

Durante seis anos, Gautama Siddhārtha e os seus seguidores viveram em silêncio e nunca saíram da floresta. Para beber, tinham a chuva, como comida, comiam um grão de arroz ou um caldo de musgo, ou as fezes de um pássaro que passasse. Estavam tentando dominar o sofrimento tornando as suas mentes tão fortes que se esqueceriam dos seus corpos.

Então… um dia, Siddhārtha escutou um velho músico, num barco que passava, falando para o seu aluno…

“Se apertares muito a corda, ela arrebentará; se deixares frouxa demais, ela não tocará.”

De repente, Siddhārtha percebeu de que estas palavras simples continham uma grande verdade, e que durante todos estes anos ele tinha seguido o caminho errado.

Siddhārtha, muito fraco, se levantou da postura meditativa da qual se encontrava e lentamente caminhou até o rio.

“Se apertares muito a corda, ela arrebentará; se deixares frouxa demais, ela não tocará.” – dizia ele para si mesmo enquanto se banhava no rio.

Uma aldeã ofereceu a Siddhārtha um pouco de arroz. E pela primeira vez em anos, ele provou uma alimentação apropriada. Mas quando os ascetas viram o seu mestre banhar-se e comer como uma pessoa comum, sentiram-se traídos, como se Siddhārtha tivesse desistido da grande procura pela iluminação.

Ao ver os ascetas, com a voz ainda fraca, Siddhārtha, humildemente falou: “Venham… e comam comigo.”

Os ascetas responderam: “Traíste os teus votos, Siddhārtha. Renunciou à busca. Não podemos mais segui-lo. Não podemos continuar a aprender contigo.”

Enquanto os ascetas foram se retirando, Siddhārtha disse: “Aprender é mudar. O caminho para a iluminação é no Caminho do Meio. É a linha entre todos os extremos opostos.”

O Caminho do Meio foi a grande verdade que Siddhārtha encontrara, o caminho que ensinaria ao mundo.

Fonte: Histórias para a Sabedoria – Uma Ontologia de Koans, Contos, Lendas e Parábolas Orientais.
Compilação e Edição de: Shén Lóng Fēng.

Caminho do Meio – Trecho do filme Little Buddha

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1 comment

  1. Os ensinamentos de Sidarta são sempre atuais, porque, mesmo ao longo de tantos anos, ainda teimamos em esquecer questões básicas da vida.

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