Filmes e Séries Vajrayana (Tibetano)

[Filme completo] Samsara | 2001

Sinopse: Samsara é uma “história de amor espiritual”, filmada nas imponentes montanhas geladas dos Himalaias. O foco está centrado nas buscas empreendidas por duas pessoas diferentes. De um lado, um homem procura pelo esclarecimento espiritual por meio da renúncia ao mundo real. De outro, uma mulher quer encontrar o amor e uma nova vida inserida no mundo. Essas duas buscas, em determinado momento, se cruzarão e conectarão irreversivelmente a vida dos personagens. (Interfilmes)

FILME COMPLETO

Comentários de Monja Coen:

Comentário do critico de cinema Bernardo Krivochein (RJ):

É uma reflexão profunda sobre o desejo e a necessidade de auto-satisfação, transformado em filme “cult” surpreende pela riqueza e beleza.

“Samsara”, dizem-me, significa “vida”. Mas lendo os anúncios no jornal, “Samsara” também significa “o filme que está virando cult no Rio de Janeiro”. Sendo habitante desse balneário imbecil, fui conferir o filme numa tarde preguiçosa e o que me deparei não foi com algo que eu chamaria de “cult”, mas, macacos me mordam, que filme fantástico que “Samsara” é.

Produção indo-germânica, “Samsara” acompanha a saga de um monge budista, saindo de uma meditação de 3 anos, 3 meses, 3 semanas e 3 dias (ela tem um nome, mas eu já me esqueci) e voltando para seu mosteiro na fronteira indo-tibetana. Acabamos descobrindo que o monge não está dando conta de seu desejo carnal. A gota d’água vem na forma de uma bela camponesa que, em uma noite, resolve dar uma aliviada no pobre monge. O prazer sentido é tanto que ele joga os anos de formação e o seu prestígio pro alto e resolve tentar consumar seu relacionamento com a moça.

Samsara” é um filme lento, você sente as horas escorrendo do relógio, mas as horas passadas na companhia do filme são as mais frutíferas possíveis, a começar pela fotografia do filme, que é de fazer qualquer um se rasgar. Aproveitando o máximo de suas locações (e que locações), ajudado pelo ritmo do filme e a riqueza técnica por trás das câmeras, “Samsara” é tão envolvente que assistí-lo deveria ser tarefa curricular de qualquer aspirante a diretor de programa da National Geographic. Ele não simplesmente expõe a beleza dos locais, “Samsara” o joga, pipoca e Fanta, em seus cenários. Praticamente se sente a brisa, os cheiros. Por isso, pediria que você fosse a uma sessão de “Samsara” tranquilo, disposto, para melhor aproveitar o filme.

A riqueza do filme encontra-se nas sutilezas das ações e decisões do personagem principal. Nele, o conflito entre suas crenças e seu instinto acabam traduzindo-se para fora como um duelo entre o tradicionalismo e o progresso, esse último alimentado pelo desejo pessoal e até egoísta.

Sem contar que o filme é sensual pra caramba – isso me surpreendeu muito. Existem cenas de relações sexuais no filme e o que eu disse sobre as cenas do filme em geral valem para elas também. São tão belas quanto. E a beleza delas só atenuam todo o erotismo que as envolvem, sexy sem apelar para as cavucadas nervosas de costume. Tudo é delicado e respeitoso. Algo me diz que é no oriente que se sabe fazer direito.

Aliás, quem assiste o filme sai louco para experimentar a posição “dependurada-e- rodando-feito-cartaz-de-supermercado”.

Numa cidade onde o hedonismo é palavra de ordem, surpreende-me o sucesso de “Samsara”. O filme é uma reflexão profunda sobre o desejo e a necessidade de auto-satisfação. Sobre até que ponto você iria, o que você arriscaria para realizar suas vontades/necessidades e se isso valeria realmente a pena. Com base nos ensinamentos budistas, o filme guarda seu golpe tiger uppercut para o final, em que o diretor/roteirista conclui que nenhuma ação no caminho da realização pessoal é isenta de vítimas. Não que o filme exalte a culpa, mas sim a consideração com o próximo. É bem capaz que você chore desavergonhosamente.

(Publicado originalmente no site zetafilmes.com.br, a crítica não está mais disponível e por isso foi colocada aqui na integra)


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