“Eu ando pensando nos adolescente, na criançada… Temos de fazer um budismo que seja cool para eles.”
– Dzongsar Khyentse Rinpoche
Transcrição e tradução de trecho da palestra “Peyote vs Shamatha vs Vipassana vs Habanero vs Mariachi vs Mojito”, proferida em 2017 por Dzongsar Khyentse Rinpoche. Ver no final do artigo o vídeo original.
Samadhi, dhyana, zen… meditação… Quando você escuta essa palavra, no que você pensa? Qual é a primeira imagem que surge? Zafu… não é? [o Rinpoche faz uma posição de meditação, costas retas e sério] Não é? Meditação… olhos fechados, não é?
Se você vê uma pessoa assim, imediatamente a sua mente diz: Ah, meditando! Não é? Se alguém está fazendo qualquer coisa assim [o Rinpoche move os braços e mãos de forma “cool”], você acha que alguém diria “ele está meditando?” Não me parece! Você entende?
Isso é importante. O que eu estou dizendo é importante. Nós construímos esta cultura de que meditação significa… [sentar no zafu] No entanto, há uma razão, há uma razão para isso. É uma pena, mas ao mesmo tempo não tem outro jeito. Acho que não tem, especialmente para os principiantes.
As chances, especialmente para os principiantes, de obter alguma consciência sentado no zafu, sentado reto, são mais altas do que deitado numa rede. Essa é a razão.
Mas preciso dizer que esse tipo de entendimento, esse modo de colocar toda a meditação nesse tipo de contexto: sentar… Eu tenho pensando um pouco sobre isso. Sabem, eu não sou um budista realmente e verdadeiramente espiritual. Eu penso na popularidade do budismo, penso na população budista, por assim dizer. Eu gosta mais de quantidade do que de qualidade. Eu gosto de muita quantidade, de modo que, os outros lamas podem cuidar da qualidade, entende? Eles podem trabalhar nisso.
Então, eu ando pensando… nos adolescente, na criançada… Temos de fazer um budismo que seja cool para eles. Cool, certo? Como é que vocês dizem cool em espanhol? Chilo, é isso mesmo, eu gosto disso, é uma ótima palavra, chilo.
Sim, precisamos deixar o budismo cool. Agora imaginem, aqui temos uma menina de 12 anos, um menino de 13, 16 anos, não sei… Digo a eles para… [Rinpoche fica sério e reto em posição de meditação]… não é chilo.
É tão chato, porque alguém faria isso? Mas é o que fazemos [explicar a meditação dessa forma], e é muito frustrante, porque se olharmos para a sabedoria do Buda, sentar reto é o menos importante. É o importante para os que estão começando e tudo mais, mas não é a coisa mais importante.
A consciência, ter uma boa consciência é o mais importante! Consciência constante é o que importa. É disso que você precisa. Então, primeiro quero falar disso, pois cada vez que falamos em meditação, que é o que faremos depois, tem essa coisa, essa grande vontade de permanência, sentado. Permanência… entende?
Quando vem um pensamento você considera que não está meditando. Quando não há pensamentos, ou quando você sente que não está pensando, então você sente: “Ah, agora estou bem.” Mas isso não é verdade! Quando os pensamento surgem como uma cascata, se a consciência continuar constante, fantástico! Se houver muita bem-aventurança e tranquilidade, mas faltar consciência, não é suficientemente bom.
Então, quando você meditar, quanto sentar-se e surgirem pensamentos, não crie animosidade em relação a eles. “Oh, lá veem eles…” Esse tipo de animosidade. Não faça isso, de facto, desenvolva um tipo de: “Vem cá! Venham, venham eles… Venham me pegar!… Eu estou aqui! Venham, venham! Vamos ver quem é o melhor. Venham, venham!” Então os pensamentos chegam e você só observa. E eles vão… e você olha, e olha… entende? E é quase como se nunca fossem suficientes. É esse tipo de atitude que você deve desenvolver.
Isso é muito importante, especialmente se você quer ser o tipo de meditador que é como um guerreiro. Falando nisso, há muitos tipos de meditadores.
Palestra original completa:
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