“Louca Sabedoria” refere-se a uma pessoa iluminada que se comporta de uma maneira socialmente não convencional. Mas será que a Louca Sabedoria é mesmo Sabedoria? Ou será uma desculpa para a má conduta? Serão esses “meios hábeis” de ensino? Ou deverão ser questionáveis? Cabe ao leitor ou leitora retirar a sua própria conclusão. Fique a conhecer neste post 3 mestres com “louca sabedoria”.
1: Ikkyū Sōjun (1394-1481)
Ikkyu foi um excêntrico monge viajante, o que o fez ser apelidado de “Nuvem Louca”. Teve várias aventuras eróticas e não dispensava o saquê (bebida alcóolica tradicional japonesa). Ikkyu não se importava com o que as autoridades religiosas de seu tempo pensavam dele.
Influenciou um grande número de artistas, poetas, calígrafos, músicos e actores, deixando uma marca profunda no desenvolvimento das manifestações artísticas nipônicas por séculos a fio. Um dos romances mais famosos da história japonesa retrata o relacionamento amoroso que teve com Mori.
Ikkyu sempre foi um amante dos paradoxos, quando a guerra civil destruiu a maioria dos templos Zen do país, ele apoiou as instituições que outrora ferozmente criticou. Ikkyu conseguiu favores de muitas pessoas que conheceu durante sua vida de viajante e reconstruiu assim alguns dos principais templos do Japão.
Neste vasto reino
quem entende o meu Zen?
Mesmo se o mestre Kidô aparecesse,
não valeria um céntimo!
_
A longa espada lampeja contra o céu,
o meu esqueleto exposto para todos verem.
Sou elogiado como um general do Zen
que provou o sabor da vida e desfrutou o sexo a fundo!
_
Muitos caminhos levam
ao topo da montanha,
mas do cimo
todos vemos a mesma
única lua brilhante.
(Ikkyu Sojun)
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2: Drukpa Kunley (1455-1570)
Drukpa era conhecido pelos seus métodos loucos de supostamente iluminar outros seres, a maioria mulheres, o que lhe valeu o título de “O Santo das 5.000 mulheres”. As mulheres procuravam a sua bênção sob a forma de sexo. Drukpa tinha a intenção de mostrar que é possível ser iluminado, transmitir a iluminação, e ainda levar uma vida sexual muito saudável, ele queria expandir o leque de meios pelos quais a iluminação poderia ser transmitida.
Introduziu o Budismo no Butão e lá estabeleceu o mosteiro de Chimi Lhakhang em 1499. Atribui-se a ele a introdução da prática de pinturas fálicas no Butão e a colocação de estátuas fálicas em telhados para afastar os maus espíritos. Por causa deste suposto poder de despertar seres não iluminados, o pénis de Kunley é referido como o “raio da sabedoria flamejante” e ele próprio é conhecido como o “santo da fertilidade”. Por essa razão, mulheres de todo o mundo visitaram o seu mosteiro para buscar sua bênção.
Estou feliz por ser um Yogi livre.
Então eu cresço mais e mais em minha felicidade interior.
Eu posso fazer sexo com muitas mulheres,
porque eu as ajudo a seguir o caminho da iluminação.
Exteriormente eu sou um tolo
e interiormente eu vivo com um claro sistema espiritual.
Exteriormente, eu gosto de vinho, mulheres e música.
E interiormente eu trabalho para o benefício de todos os seres.
Exteriormente, eu vivo para o meu prazer
e interiormente faço tudo no momento certo.
Exteriormente eu sou um mendigo esfarrapado
e interiormente um Buda feliz.
(Drukpa Kunley)
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3: Chögyam Trungpa (1939-1987)
Trungpa foi um importante mestre que disseminou o budismo tibetano no ocidente. O termo Louca Sabedoria foi cunhado por ele. Os seus métodos foram controversos durante a sua vida e depois dela, ele abusou do álcool e cultivou relações sexuais com suas alunas.
No entanto, Trungpa deixou um legado muito importante no ocidente e muitas pessoas têm grande admiração por ele.
Confira um documentário sobre a vida de Chögyam Trungpa neste post:
[Documentário completo] Louca Sabedoria: A Vida de Chogyam Trungpa Rinpoche
Saiba mais (links externos):
Mais informações sobre a Louca Sabedoria (links externos):
Lista de Mestres e Professores
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