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Matrix – Um filme sobre Budismo? + Animatrix

O filme Matrix é de uma inteligência única na história do cinema: Conseguiu trazer para o inconsciente coletivo dos ocidentais o que dois mil anos de doutrinas orientais não conseguiram.

Referências em português:

Saindo da Matrix e Esteja Aqui e Agora:

O filme Matrix é de uma inteligência única na história do cinema: Conseguiu trazer para o inconsciente coletivo dos ocidentais o que dois mil anos de doutrina orientais não conseguiram. Claro que toda a mensagem está cifrada, e misturada com efeitos especiais e ação. Mas está lá…

Uma cena emblemática do filme é a do garoto budista que segura uma colher, e ela começa a entortar. Neo olha curioso, e o garoto lhe diz: “Não é a colher que entorta, e sim você. Não há colher”.

Bem, a colher foi só um exemplo pra causar o efeito “uau” que causou. O verdadeiro sentido destas palavras é que,se você segue o caminho do meio (ações corretas, pensamento correto, enfim, é uma pessoa correta) o mundo pode desabar ao seu redor e você não será afetado. Pode até morrer, mas o seu “eu” não será afetado.

Vamos substituir, no diálogo original,a palavra “colher” por “mundo” e “entortar” por “mudar”:

Garoto: Não tente mudar o mundo. Isto é impossível. Ao invés disto tente perceber a verdade. Neo: Que verdade?
Garoto: Não há mundo.
Neo: Não há mundo?
Garoto: Então você verá que não é o mundo que muda, e sim você mesmo.

Esse conceito não é novo. Há 1.300 anos, no Templo Fa Shin, dois monges discutiam:
– A bandeira está se movendo!
– Não, é o vento que está se movendo!
Como eles não conseguiam chegar a um acordo, Hui-Neng apareceu e disse aos dois:
– É a mente de vocês que está se movendo!

O mundo não nos faz. Nós é que o fazemos.

Buda foi o primeiro a perceber que esse mundo não é real. Ele parece real, pois estamos sintonizados com ele, mas é fácil perceber que há algo além. Como tudo aqui é uma criação mental tão forte que chega a se materializar, pode-se ter controle sobre ela. Por isso que também somos aquilo que pensamos. Como já havia comentado anteriormente, a beleza está em ver que não é a colher que entorta,e sim você mesmo.

Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente.
(Buda)


O blog Pensando Zen tinha um artigo interessante, infelizmente o blog já não existe, como tenho o artigo guardado, transcrevo-o na integra:

There’s no spoon… e o seu mundo!

Não tente entortar a colher. Isso é impossível. Em vez disso, apenas tente compreender a verdade.

Substituindo no diálogo original, a palavra “colher” por “mundo” e “entortar” por “mudar”:

Garoto: Não tente mudar o mundo. Isto é impossível. Ao invés disto tente perceber a verdade. Neo: Que verdade?
Garoto: Não há mundo.
Neo: Não há mundo?
Garoto: Então você verá que não é o mundo que muda, e sim você mesmo.

Nenhuma religião, ou filosofia tem tantas semelhanças com o filme Matrix-I quanto o budismo. O principal ponto em comum é a idéia de samsara ou maya, segundo a qual as nossas vidas são uma grande ilusão montada pelo nossos próprios desejos. É como se todo o mundo fosse, como diz Morpheus, “uma projeção mental da sua personalidade”. As pessoas estariam presas em um ciclo: elas tratam o que sentem como se fosse real e a ignorância de que aquilo é só uma ilusão as mantém presas a esse mundo. Nesta cena do filme, Neo encontra uma criança com trajes de monge budista que entorta uma colher com a mente. O segredo, diz ela, é saber que a colher não existe. Uma vez superada a ilusão, atinge-se o nirvana, um estado que as palavras não podem descrever, em que a noção de indivíduo se perde.

No budismo, aprendemos que Sidharta Gautama era um príncipe hinduísta que abandonou seu castelo, sua esposa e seu filho para descobrir a causa de tanto sofrimento. Após alguns anos de ascetismo, meditou durante 7 dias embaixo de uma figueira tornando-se Buda (do sânscrito desperto, acordado) e descobriu que a razão do sofrimento seria, resumidamente, o apego e o desejo. A solução budista está em cada pessoa descobrir a sua própria “não- existência”.

Segundo o budismo, o homem simplesmente deve entender que não existe o “eu”. As últimas palavras de Buda, aos oitenta anos e antes de morrer de desinteria, foram: “tudo é impermanente”.


O Darma.info citou uma passagem interessante do livro “A Alegria de viver”, escrito por Yongey Mingyur Rinpoche:

Não posso pensar em um melhor exemplo de paciência e diligência necessárias para realmente reconhecer seu pleno potencial, sua natureza búdica, do que o primeiro filme da série Matrix, ao qual muitos de vocês provavelmente tenham assistido alguns anos antes de mim. O filme me impressionou não somente pelo fato de a realidade convencional vivenciada pelas pessoas presas na Matrix revelar-se uma ilusão, mas também porque, mesmo com o benefício de todo equipamento e treinamento disponível, ainda ter levado algum tempo para que o personagem principal, Neo, reconhecesse que as limitações pessoais aceitas como reais na maior parte de sua vida eram, na verdade, meras projeções de sua mente.

Na primeira vez que precisou confrontar essas limitações, ele ficou aterrorizado e pude me identificar facilmente com seu medo. Apesar de ter Morpheus como guia e professor, ele ainda achava difícil acreditar no que era realmente capaz de fazer — da mesma forma como achei difícil acreditar na verdade de minha própria natureza na primeira vez em que ela me foi revelada pelos mestres que efetivamente demonstravam o pleno potencial de sua verdadeira natureza. Só no final do filme, quando Neo pôde constatar que as lições que lhe foram ensinadas eram verdadeiras, é que ele foi capaz de parar as balas no ar, voar pelo espaço e ver coisas antes de ocorrerem.

Mesmo assim, ele precisou aprender essas coisas de forma gradativa. Assim, não espere que, após dois ou três dias de meditação, você será capaz de andar sobre a água ou voar no alto de prédios. É mais provável que a primeira mudança observada seja um nível maior de abertura, confiança e auto-sinceridade e uma habilidade de reconhecer os pensamentos e motivações das pessoas a seu redor com mais rapidez do que antes. E isso não é pouco: é o começo da sabedoria.

Se continuar praticando, todas as qualidades maravilhosas de sua verdadeira natureza gradualmente se revelarão. Você reconhecerá que a natureza essencial não pode ser prejudicada ou destruída. Você aprenderá a “ler” os pensamentos e as motivações dos outros antes deles mesmos. Você será capaz de olhar mais claramente para o futuro e ver as consequências das próprias ações e as ações das pessoas ao seu redor. E, talvez o mais importante de tudo, você perceberá que, apesar de seus próprios medos, não importa o que aconteça com seu corpo físico, sua verdadeira natureza é essencialmente indestrutível.


Sobre Budismo:
Garoto: Não tente entortar a colher. É impossível. Apenas tente ver a verdade.
Neo: Que verdade?
Garoto: A colher não existe (There’s no spoon).
Neo: A colher não existe?
Garoto: Você verá que não é a colher que entorta. É você mesmo.

Vamos a uma das possíveis interpretações:

“Não tente entortar a colher, é impossível.” Não devemos tentar mudar o mundo externo, pois é impossível, já que não podemos controlar as situações externas.

“Apenas tente ver a verdade. A colher não existe.” A colher não existe por não possuir uma natureza própria. Nada nessa colher a faz “colher”, tanto que ela pode ser entendida somente como um aglomerado de metais e outras substâncias. Ela é apenas uma construção interna da nossa própria mente e só pode existir externamente se surgir dentro de nós ao mesmo tempo.

“Você verá que não é a colher que entorta. É você mesmo.” Se quisermos que algo externo mude, devemos mudar primeiro o nosso interior e a forma de ver e entender o que se passa ao nosso redor.

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O blog Saindo da Matrix, publicou uma análise da trilogia a partir dos estudos de Carl Jung:

A forma do mundo em que o homem nasceu já está dentro dele como imagem virtual.”
– Carl Jung

Neo aprendeu que sua mente, enganada (e subjugada) pelas máquinas durante toda a vida, poderia novamente ser enganada (e subjugada) por uma força ainda maior: ele mesmo. Inicia-se assim todo um esforço de desprogramação (desintoxicação) das limitações que o cerceavam na Matrix.

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Referências em inglês:

O Buddhist Channel (Eng) nos dá 7 Evidencias que comprovam que o Matrix é sobre budismo Veja aqui.

O ebook (eng) The Matrix and Philosophy é um coletânia de vários artigos abordando os paralelos entre o filme e a filosofia. Destaque para o capitulo There Is No Spoon: A Buddhist Mirror, escrito por Michael Brannigan.

There Is No Spoon: Buddhist References in The Matrix, escrito por Bobby Rohrkemper, é outro artigo que aborda o assunto, Não faz parte do livro que referi anteriormente.


Citações de personagens do filme:

“Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho”. – Morpheus

“Você é um escravo. Como toda a gente. Você nasceu num cativeiro, nasceu numa prisão que não consegue sentir ou tocar. Uma prisão para a sua mente”. – Morpheus

“Quero libertar a sua mente, Neo. Mas só posso te mostrar a porta. Você tem que atravessá-la” – Morpheus

“Você precisa entender, a maioria destas pessoas não está preparada para despertar. E muitas delas estão tão inertes, tão desesperadamente dependentes do sistema, que irão lutar para protegê-lo”. – Morpheus

“Você já se sentiu como se não soubesse se está acordado ou se está sonhando?” – Neo

“A resposta está aí, Neo. Ela está à sua procura. E ela te encontrará se você desejar”. – Trinity

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E se gosta de animação 3d, sugiro o visionamento da serie Animatrix, segue trailer:

Veja também:


IMDBWikipédia-EngWikipédia-Pt | Lista de Filmes e Séries

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