O Dr. Manuel Sans Segarra é um médico catalão especialista em cirurgia geral, com um foco particular em cirurgia oncológica. No seu novo livro ele relata que tem provas científicas que existe vida após a morte.
Numa entrevista à CNN Portugal, Manuel Sans resume as conclusões da sua investigação.
Ele afirma que o método cartesiano e newtoniano é o método cientifico para o estudo do mundo macroscópico, o mundo objetivo e o mundo real, e que teve o objetivo de demonstrar que existe vida após a morte com métodos científicos. Ao estudar as experiências de quase morte, viu que existem provavas objetivas e reais.
Pacientes com morte clinica comprovada com eletrocardiograma e eletroencefalograma, que não têm atividade cerebral, não respiram, ou seja estão mortos, relatam experiências, nem antes nem depois, mas durante esse momento em que é impossível ter visão e todos os fatores que permitem o ser humano relacionar-se com o exterior.
Vários dos seus pacientes descrevem por exemplo o que está a acontecer quando os está a reanimar, relatam inclusive o que está a suceder noutras salas do serviço de urgência do hospital, com todos os detalhes que se possa imaginar, que depois se verificou serem factos reais. Alguns descrevem o que está a acontecer a quilómetros de distância, descobrem coisas como por exemplo serem adotados, familiares que nem sabiam que tinham, etc.
Segarra tem feito ressonâncias magnéticas funcionais enquanto os pacientes contam a experiência de quase morte que tiveram. “Veja bem: quando viram um objeto durante a experiência de quase morte, que nunca tinham visto antes, nem voltaram a ver, que estava a uma distância enorme de onde ele estava morto, e comentam isso, o lobo occipital é ativado”, conta o médico. É no lobo occipital que o ser humano interpreta as imagens. “Então pergunto ao neurologista: porque é que o lobo occipital é ativado? Sabe qual é a resposta? Ele diz: pode ter a certeza de que este doente viu este objeto. Eu digo-lhe: ele só viu este objeto durante a experiência de quase morte. O seu corpo estava numa maca, morto e nunca o tinha visto, nem antes nem depois. Ele diz: Então, pode ter a certeza de que ele viu”. Manuel Sans refere que o neurologia não acreditava nas experiências quase morte, dizia que eram alucinações, mas quando viu as imagens da ressonância magnética, garantiu que a experiência de quase morte é verdadeira, que não é um sonho ou uma alucinação.
Nesses eventos as pessoas não só veem o que se passa ao seu redor como entram em contacto com “seres de luz” e têm uma sensação de paz, harmonia e amor, que jamais experimentaram na dimensão humana.
Existem milhares de casos na biografia mundial, há provas objetivas, não existe é uma explicação cientifica para esses fenómenos, diz Segarra. “Temos o que se chama epistemologia, o conhecimento, mas não temos a ontogenia, ou seja, o conhecimento da essência, da natureza, da origem.”
Ao estudar esses casos, Manuel Sans deparou-se com várias manifestações da nossa identidade autêntica, a que chama de supraconsciência. Ele acredita que “um dia todos seremos capazes de entrar em contacto com a nossa supraconsciência. Nessa altura, todos teremos a capacidade de sermos bons e a Terra será o Céu. Não haverá maldade nem desigualdades. […] Chegaremos a um momento em que seremos todos santos.”
O Dr. Manuel Sans Segarra falou sobre esses fenómenos com o Papa e também com o 14º Dalai Lama.
Algumas das suas descobertas estarão alinhadas com o budismo, outras serão interpretações pessoais que poderão ser distintas da interpretação budista.
Entrevista completa (links externos):
- É médico e garante que tem provas objetivas de que há vida depois da morte. “Chegaremos a um momento em que seremos todos santos” (CNN Portugal)
- A morte não existe. Este médico diz ter provas de que, mesmo em morte clínica, “há uma consciência que persiste” (CNN Portugal)
Este é um tema que não é recente. Um dos pesquisadores mais conhecidos é o Raymond Moody, cujo seu livro mais famoso se chama “Vida Depois da Vida”.
Na obra “O Livro Tibetano da Vida e da Morte”, do mestre budista falecido Sogyal Rinpoche, são descritos vários destes fenómenos no capítulo “A experiência de quase morte: uma escadaria para o céu?”. Nessas descrições estão incluídas visões celestiais e infernais. Esse livro é sobre a obra clássica Bardo Thodol, conhecido como o Livro Tibetano dos Mortos. Um bardo é um estado intermediário, que em sânscrito é chamado de antarabhava.
Um fenómeno pouco conhecido no Ocidente é as Délok, que em tibetano literalmente significa “retornou da morte”. São pessoas que aparentemente “morrem” como resultado de uma doença e que viajam no bardo. Elas visitam infernos e paraísos, muitas vezes acompanhadas por uma divindade que as protege e explica o que está acontecendo, e após uma semana retornam para a dimensão terrena com uma mensagem de incentivo à prática espiritual. Elas passam o resto das suas vidas contanto as suas experiência a fim de atrair as pessoas para o caminho espiritual, mas muitas vezes têm dificuldade em fazer com que as pessoas acreditem nas suas histórias. Frequentemente as Délok são mulheres. As biografias de algumas das mais famosas foram escritas e são cantadas por todo o Tibete por trovadores viajantes. Entre as mais conhecidas estão: Lingza Chökyi, Dawa Drolma (1910-1941) e Lochen Chönyi Zangmo.
O Dhammapada Atthakatha (Comentário do Dhammapada), que é uma obra clássica atribuída tradicionalmente a Buddhaghosa (século V), conta a história da Patipujika Kumari no comentário ao verso 48 do Dhammapada: “Com os desejos insaciáveis, colhendo apenas as flores do prazer, com uma mente que se apega aos prazeres sensuais, será subjugado pelo Senhor da Morte.” Segundo a história, Patipūjikā Kumāri era uma mulher virtuosa e generosa da cidade de Sāvatthi. Casou-se aos 16 anos e teve 4 filhos. Dedicava-se a oferecer comida e outros bens aos monges, além de ajudar nas tarefas do mosteiro. Possuía o conhecimento das suas vidas passadas (Jātissara) e recordava-se de ter sido uma das esposas de Mālābhārī no reino celestial de Tāvatiṃsa, de onde havia falecido enquanto colhia flores no jardim com outras esposas. Por isso, sempre que praticava boas ações, orava para renascer novamente naquele reino e ao lado de Mālābhārī. Um dia, adoeceu e morreu nessa mesma noite. Graças aos seus méritos e ao seu desejo sincero, renasceu em Tāvatiṃsa como esposa de Mālābhārī. Como o tempo no mundo celestial passa de forma diferente (cem anos humanos equivalem a um dia lá), ele e as outras esposas ainda estavam no jardim, e notaram apenas uma breve ausência de Patipūjikā. Ao regressar, ela contou tudo o que se tinha passado durante a sua ausência no mundo humano. Quando os monges souberam da morte de Patipūjikā, ficaram muito tristes. Foram ter com o Buda e contaram-lhe que Patipūjikā, que lhes tinha oferecido esmolas e comida de manhã cedo, tinha morrido ao fim da tarde. O Buda respondeu-lhes que a vida dos seres é muito breve e que, antes de conseguirem satisfazer os seus desejos por prazeres sensuais, são subjugados pela morte.
Existem descrições de EQM em várias culturas, mas o que a pessoa morta vê e a sua interpretação em parte reflete as expectativas individuais sobre a morte e as influencias culturais. Por exemplo na Tailândia, muitos relatos de EQM parecem ter uma influência de “Phra Malaya“, que é uma das fontes mais significativas das expectativas tailandesas sobre a vida após a morte. Esse texto descreve as visões de um monge medieval sobre os reinos infernais e celestiais.
Sugestão de leitura (link externo):
- Near-Death Experiences in Thailand, by Todd Murphy [PDF] (UNT Digital Library)
Veja também:
- Bardo Thodol: o Processo da Morte e do Pós-Morte de acordo com “O Livro Tibetano dos Mortos”
- O Samsara, a Roda da Vida e os 6 Reinos da Existência Cíclica
- O renascimento no budismo
- Budismo, a ideia de Deus e o mundo espiritual
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