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As 3 Preciosas Pílulas | Tenzin Wangyal Rinpoche

"A razão pela qual eu as chamo de pílulas, é porque no ocidente se toma muitas pílulas. Há pílulas para tudo. A Pílula Branca é relativa ao Corpo. A Pílula Vermelha é relativa à Fala. A Pílula Azul é relativa à Mente. Quando tomar estas pílulas?" - T. Wangyal Rinpoche

Transcrição:

Esta é uma prática muito simples, pode ser muito útil para todos, eu a chamo de Três Preciosas Pílulas. A Pílula Branca, a Pílula Vermelha e a Pílula Azul.

A razão pela qual eu as chamo de pílulas, é porque no ocidente se toma muitas pílulas. Há pílulas para tudo.

A Pílula Branca é relativa ao Corpo.
A Pílula Vermelha é relativa à Fala.
A Pílula Azul é relativa à Mente.

Quando tomar estas pílulas?

Pílula Branca | Corpo – Quietude

Por exemplo, em muitos momentos da nossa vida, se você prestar bastante atenção em si mesmo, você está sofrendo, sem se dar conta. Por exemplo, como se fosse um corpo de dor. O que é um corpo de dor? Quando você está preso, conscientemente ou não, na sua identidade de sofrimento. Por exemplo, segunda-feira de manhã, 9h, todos ao redor do mundo, todos profissionalmente, estão presos no seu sofrimento, um sofrimento colectivo, e ninguém está consciente disso. Conduzem carros segurando deste jeito, o rosto franzido, o corpo está tenso, não estão felizes, estão tristes, com resistências, com bloqueios, é bem assim, mas não estão conscientes. Não estão cientes.

Algumas pessoas, ficam assim não apenas às segundas de manha, às terças-feiras é a mesma coisa, quarta-feira… quinta… e talvez na sexta estejam um pouco melhores, na sexta-feira à tarde, todos estão tendo uma pequena iluminação. Sentem-se como após uma boa meditação, após um bom yoga, após um bom exercício, após uma boa choradeira, uma boa conversa. Sentem-se livres. Elas se sentem assim na sexta à tarde. A questão é que cada momento pode ser sexta-feira à tarde. Cada momento pode ser uma sexta-feira à tarde, assim, se você disser a si mesmo: “cada momento pode ser uma sexta à tarde”, e não se deixar prender nessa identidade de angústia profissional, então eu posso sentir cada momento como se fosse sexta à tarde. Eu sou livre.

Então, essa sensação de consciência desperta mostra que é importante reconhecer quando for segunda-feira, você está indo trabalhar às 9h, reconheça o seu corpo, reconheça a sua respiração, reconheça a sua mente.

O que você toma? Você toma uma pílula, mas não a pílula do frasco, não aquela que você diz: “Ai, esqueci a pílula no armário da cozinha”. Não. Você apenas tem que se lembrar de tomar uma pílula. Então, você se lembra. Algumas respirações profundas, e a cada expiração, busque descansar o seu corpo, mesmo se você estiver dirigindo, andando ou em frente ao computador, sinta a quietude no seu corpo.

Quando você conseguir sentir a quietude no seu corpo, especificamente, a consciência dessa quietude no seu corpo, o está protegendo daquele sofrimento ou daquele sofrimento colectivo. Naquele momento, talvez cinco minutos, você não está nele. Você é a única pessoa no mundo inteiro que está livre, curtindo a manhã de segunda-feira. O resto das pessoas estão sofrendo e você está aproveitando.

Pílula Vermelha | Fala – Silêncio

Da mesma forma, a segunda pílula, que é a vermelha e tem a ver com o silêncio e fala.

Quando você a toma?

Quando você estiver a fim de reclamar. Você conhece alguém que reclama muito? Alguém que reclama o tempo todo? Alguém que reclama, não importa o que você faça, se fizer desta forma ela reclama, se fizer de outra ela reclama, a reclamona.

É claro, que você está dizendo: “Sim! Sim! Sim!”, você está pensando em outra pessoa, não em si mesmo. Certo?

Eu estou falando de você! Você faz isso, todos nós fazemos isso, eu faço isso. E é especialmente triste quando você faz isso com pessoas com quem se importa, respeita e ama, como alguém da família, seu marido, sua esposa seus filhos. Quando você faz isso com eles, é muito triste.

Mas se você diz: “Eu quero estar consciente, eu vou mudar”, isso significa querer estar desperto. Antes de reclamar, você sente que a energia está surgindo, internamente, voltando-se para dentro, fechando o cerco. Você pode sentir a energia. Você vê palavras surgindo, frases aparecendo. Você vê o vocabulário que costuma usar antes mesmo que tudo isso saía da sua boca.

Você captura a si mesmo. Você diz: “Oh, minha fala de dor!” Minha fala de dor está abrindo o dicionário da dor, minha fala de dor está formando palavras e frases de dor, minha fala de dor está criando histórias de dor, minha fala de dor está está olhando para o objecto de dor para expressar tais coisas. Você reconhece isso.

Neste exacto momento em que você se apanha a si mesmo, abra o seu frasco… tire a sua pílula vermelha… e o que você faz?

Expira, com esse reconhecimento… reconheça a fala de dor, que está criando uma história. Esteja consciente do barulho dessas vozes. Ouça o silêncio. Ouça o silêncio. Escute o silêncio. Sinta o silêncio. Sinta que está num belo lugar silencioso dentro de de si naquele momento. Pode ser qualquer lugar, no engarrafamento, no meio de uma reunião. Pode ser no meio de uma luta, uma luta intensa. Mas ao levar a atenção para aquele lugar, ele está ali para você, só esperando por você. Mesmo que alguém esteja discutindo, você está apenas sorrindo, curtindo o silêncio.

Se você quiser realmente se engajar com a pessoa, você se conecta ao silêncio e ouve a pessoa a partir desse silêncio. Você ouvirá mais, muito mais do que se tivesse essas vozes de dor na sua cabeça. Vamos dizer que você queira conversar com essa pessoa, você não quer ser passivo, quer se engajar naquela conversa para resolver algum conflito. Claro que você pode prosseguir com isso. Mas se você estiver conectado a esse silêncio, firmado nele, sentindo esse silêncio, as palavras que sairão serão belas falas, bela poesia, palavras gentis. Incríveis palavras de clareza. A solução surge disto. Até você se surpreende e pode dizer: “Este sou eu?”

É claro que é você! Como pode dizer que não é você? Quando você está lutando, gritando, você não questiona: “Esse sou realmente eu?” É nesse momento que você deveria questionar mais: “Esse sou eu?” Não! Esse não é você, que teve um momento de emoção e se desconectou de si memo. Mas quando a voz surge daquele silêncio, essa é mais a sua voz do que aquela que surgiu da fala de dor, não é você.

Então, você toma essa pílula e reconhece que pode fazer isso em qualquer momento, qualquer hora. Essa é a beleza, que você pode fazer a qualquer hora, especialmente antes que a sua fala de dor saía para fora. Você irá ferir menos pessoas.

Se você tem um bom relacionamento com alguém e quer manter isso, vigie sua fala de dor, tome muitas pílulas vermelhas. Porque se você olhar para o seu passado, as relações maravilhosas que você teve e não foi capaz de manter e sustentar, a sua fala de dor foi responsável por terminar tais relacionamentos, ou a fala de dor do outro foi o responsável por terminar aquele relacionamento. Então, essa é a segunda pílula

Pílula Azul | Mente – Espaço

A última pílula, a terceira, é a azul, relativa à mente. A mente de dor. Quem é que está doente com a mente de dor? O que é a mente de dor?

A mente de dor é… a imaginação extrema da dor. Quando você sente dor, você imagina tantas coisas malucas. Internamente você imagina tantas coisas dolorosas, externamente, ao ver a destruição e malefício advindo de uma situação, também surge uma imaginação incrível.

Li sobre… a tragédia de 11 de Setembro em Nova York, fizeram uma quantidade incrível de pesquisas e descobriram… o que tinha acontecido naquele dia? Chegaram a uma conclusão, de que aos americanos falta imaginação. Fata-nos imaginação. Isso significa que eles estão muito avançados na imaginação de dor. Quando você tem muita dor, você descobre muitas formas diferentes de destruir as coisas. É muita imaginação. O que isso traz? Uma incrível desarmonia no mundo.

Do mesmo modo, às vezes você expressa isso, às vezes interioriza. Por exemplo, você pensa que quer fazer isso, quer fazer aquilo, tal e tal coisa pode acontecer comigo… todas essas coisas possíveis podem acontecer com você, mas essa imaginação, essa preocupação está destruindo você.

Acontecerá… você pensa: “É possível que eu fique velho”, não é uma questão de ser possível, você envelhecerá. “É possível que eu fique doente”, não é uma possibilidade, um dia você ficará doente. “É possível que…” Porque você tem de destruir a si mesmo com essas possibilidades que só ocorrerão no futuro?

Mas a sua imaginação de dor conjectura essas coisas e destrói-te… e no final das contas, a imaginação de dor não te permite ser livre e feliz.

O que você faz então?

Mais uma vez, ao fazer isto, reconheça que está fazendo. Reconheça que o está fazendo. Então, de novo, você abre o seu frasco, o frasco invisível, o frasco gratuito, e tire a pílula azul, tome a pílula azul. O que ela é?

O espaço da sua mente, o espaço no seu coração.

Com o reconhecimento da sua mente de dor, você… respira fundo. Talvez três vezes. Geralmente é o suficiente para ter efeito. Três respirações profundas são o suficiente para dar o efeito, para expirar as tensões que está sentindo na mente, as imaginações que surgem dessas tensões e dores. Exale tudo, e no fina das expirações, encontre esse espaço. Mesmo que seja um espaço pequeno. Vai somando espaços e se torna um grande espaço. Qualquer que seja o espaço, encontre-o.

Vamos dizer que, no pior caso, você não encontra nenhum espaço. Pelo menos você está consciente! Pelo menos você tem ciência dessa mente de dor. Reconhecer que esta é a sua dor e que não vê nenhum espaço, nenhuma felicidade, mas eu sei que isso tudo está aí. Você confia nessa presença e na sua existência. Como quando temos um longo inverno. Chuva, frio, escuro. Você sabe que a primavera está lá. Você sabe que o sol ainda está brilhando. A atenção no sol e na primavera e que ele surgirá é provavelmente melhor para tais pessoas do que não ter nada.

Então, é assim que se toma estas três pílulas. Eu as chamo de As Três Preciosas Pílulas.

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