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As 5 Sabedorias | Lama Padma Samten

Lama Padma Samten explica as 5 Sabedorias Budicas referidas na tradição Vajrayana: Sabedoria do Espelho, Sabedoria da Igualdade, Sabedoria Discriminativa, Sabedoria da Causalidade e Sabedoria de Darmata.

Estas 5 sabedorias estão associadas aos 5 Dhyani Budas e são simbolizadas pelas 5 cores das bandeiras de orações tibetanas. Os Dhyani Budas frequentemente são vistos como emanações e representações das cinco qualidades do Ādi-Buddha, também referido como Buda Dharmakaya ou Buda primordial. Esses cinco Budas são um assunto comum das mandalas Vajrayana e aparecem com destaque em vários Tantras Budistas.


Sabedoria do Espelho
Buda Akshobia – Cor Azul – Acolhimento

Precisamos ter a sabedoria da cor azul, que é a sabedoria de olhar para o outro e acolhê-lo do jeito que ele vem. Isso é também chamado de sabedoria do espelho. E o que significa acolher o outro do jeito que ele vem? Significa, em primeiro lugar, entender como o outro está vivendo, qual sua experiência de mundo, como ele está experimentando aquilo. Para entender como o outro vive a sua experiência de mundo, temos que entender que a mente dele se espelha no mundo; que o mundo é um espelho que reflete a mente dele. Se ele tem raivas, o mundo vai aparecer como a fonte desta raiva que brota nele.

Nós vamos então trabalhar esse aspecto muito sutil da compreensão da vacuidade, que é também chamado de co-emergência entre o mundo externo e o mundo interno. Nós não conseguimos entender o outro se nós olhamos o outro a partir dos nossos próprios referenciais. Nós precisamos entender o outro a partir dos referenciais dele.

Quando nós entendemos o outro a partir do referencial dele, isso significa que nós vemos o mundo do mesmo modo que ele vê, e por isso nós conseguimos falar dentro do mundo dele e ser entendidos. (…)

Sabedoria da Igualdade
Buda Ratnasambhava – Cor Amarela – Generosidade

Depois, nós temos a sabedoria do Buda Ratnasambava, representada pela cor amarela. Essa é uma habilidade que não pode faltar em nós: se há alguém que está em dificuldades, aquele alguém nos interessa. Se não somos tocados pela sabedoria da igualdade, simplesmente dizemos: “bem, isso é um problema dele, aliás, isso é o carma dele” e nós vamos escapando. Ou então podemos não ter propriamente um interesse maior pelos outros e dizemos: “olha, a vastidão dos carmas é infinito, o que posso fazer? Eu, quando muito, lido com o meu próprio carma”. Essa seria uma posição Hinayana, uma posição do caminho do ouvinte, do caminho estreito, onde não há compaixão.

No caminho Mahayana, nós temos os cinco Diani Budas. O segundo deles é a sabedoria da igualdade. Então, mais do que apenas nos interessarmos pelos outros, é necessário que comecemos a gerir a nossa própria energia a partir disso. Por exemplo: se nós ajudamos os outros, isso produz em nós um interesse e uma sustentação de energia.

De um modo geral, a nossa energia se sustenta de um outro modo, ela se sustenta pelo gostar ou não gostar das coisas com as quais fazemos contato. Mas agora não mais. Não importa se estamos vendo alguém que gostamos ou não gostamos, isso não vem ao caso. Vemos alguém em dificuldade e vamos ajudar. (…)

Sabedoria Discriminativa
Buda Amitabha – Cor Vermelha – Investigação

Em seguida, temos a sabedoria discriminativa, cuja cor é vermelha. O facilitador de cultura de paz precisa ter isso também, porque essa é a essência dos ensinamentos. A sabedoria de entender o outro, a sabedoria de acolhê-lo, de fazer brotar a energia que vai trazer benefício a ele – isso é muito importante! Mas o benefício, de fato, como é que acontece? O benefício acontece através da sabedoria discriminativa do Buda Amitaba.

Para simplificar, a sabedoria discriminativa são as Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho de Oito passos. Aspiramos que as crianças entendam, que todos entendam as suas vidas a partir do referencial das Quatro Nobres Verdades e do Nobre Caminho de Oito Passos. (…)

A sabedoria discriminativa vai discriminar o que é real do que não é real e, dentro da sabedoria discriminativa, nós estudamos com cuidado todos os aspectos do quadro da Roda da Vida. A partir da Sabedoria Discriminativa, geramos a motivação correta, que é a motivação de nos afastarmos do engano, porque ele não produz resultado algum. Dessa perspectiva mais ampla, obtemos resultados positivos, que, no início, podem ser descritos como felicidade, a nossa felicidade. Está bem se tomarmos a nossa felicidade como referencial, mas mais a diante vamos achar que isso é pouco, vamos querer ir além da própria sensação de felicidade.

A sabedoria discriminativa nos ajuda a definir a motivação adequada em nossas vidas, em nossas ações. Ela irá determinar se a pessoa vai conseguir ter sucesso ou não. A sabedoria discriminativa é a própria essência do ensinamento budista.

Sabedoria da Causalidade
Buda Amogasiddhi – Cor Verde – Causa e Efeito

A seguir, nós temos a cor verde, que simboliza a ação da sabedoria da causalidade.

A causalidade é assim: nós fazemos um tipo de ação e aquilo produz resultados. Então, muito cuidado! Precisamos entender como se dão os resultados, em níveis mais profundos e mais superficiais – em todos os níveis! Precisamos entender como os resultados são manifestados e aprender a produzir resultados positivos e evitar resultados negativos. (…)

Sabedoria de Darmata
Buda Vairocana – Cor Branca – Transformação

Finalmente, temos a cor branca, a sabedoria de Darmata, a compreensão do espaço básico. Isso é realmente maravilhoso. Por exemplo, podemos começar pensando que, no passado, nós nos descrevíamos de um jeito ou de outro. Nós já moramos em diferentes lugares, já fizemos diferentes coisas. Agora dizemos: “eu não sou aquilo! Aliás, de fato, eu nunca fui aquilo, aquilo foi alguma coisa que se manifestou”. “No passado eu manifestei fraudes sucessivas. Não era eu! Eu me apresentei de um jeito, mas eu não era aquilo. E agora eu estou me manifestando de um outro jeito. Seria esse jeito também uma fraude, ou não?”

Então, nós olhamos deste modo. Quando entendemos que aquilo que está se manifestando hoje também é uma fraude, entendemos Darmata. Compreendemos que todos os jeitos particulares que manifestarmos são construções; porém, existe uma natureza livre de onde as construções brotam. Nós nunca seremos nenhuma das construções, mesmo que juremos de pés e mãos juntas: “eu sou isso, eu faço isso, pode confiar!”

Todos esses aspectos são transitórios, construídos. A nossa natureza é uma natureza livre, que ri dos nossos votos samsáricos. (…)

A sabedoria de Darmata é a sabedoria de ver o que nós verdadeiramente somos. É o olhar que atravessa a aparência e vê a natureza livre que cria as nossas manifestações. (…)

Veja o texto completo em: CEBB: As Cinco Sabedorias.

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Palestras do Retiro: A Mandala das 5 Sabedorias

Lama Padma Samten aborda os tipos de faixas ou níveis sob os quais estamos a operar e explica as 5 Sabedorias.

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