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Interdependência, vacuidade e não-eu

“Os verdadeiros ensinamentos sobre a vacuidade implicam num espaço infinitamente aberto, que permite a qualquer coisa aparecer, mudar, desaparecer e reaparecer.”Tsoknyi Rinpoche

“Vacuidade” é uma tradução aproximada do termo sânscrito shunyata e do termo tibetano tongpa-nyi. O significado básico da palavra sânscrita shunya é “zero”, enquanto a palavra tongpa em tibetano significa “vazio”, não no sentido de um vácuo ou espaço vazio, mas sim no sentido de que a base da experiência está além da nossa capacidade de perceber com nossos sentidos ou de ser capturada em um belo e bem arranjado conceito. Talvez uma melhor compreensão do sentido profundo da palavra pode ser “inconcebível” ou “inominável”.

Assim, quando os budistas falam sobre a vacuidade como a base do nosso ser, não queremos dizer que quem ou o que somos não é nada, é um zero, esse é um ponto de vista que pode dar lugar a uma espécie de cinismo. Os verdadeiros ensinamentos sobre a vacuidade implicam num espaço infinitamente aberto, que permite a qualquer coisa aparecer, mudar, desaparecer e reaparecer. O significado básico de vacuidade, por outras palavras, é a abertura, ou potencial. No nível básico do nosso ser, nós somos “vazios” de características definidas.

– Tsoknyi Rinpoche, The Best Buddhist Writing 2013


“A visão de que a vida contém possibilidades infinitas é explorada usando os conceitos de “interdependência” e “vazio”. Quando você ouve o termo “vazio” pela primeira vez, pode pensar que isso sugere nada ou ausência, mas na verdade “vazio” aqui deve-nos lembrar que nada existe no vácuo. Tudo está inserido num contexto – um conjunto complexo de circunstâncias. Esses próprios contextos estão em constante mudança. Quando dizemos que as coisas são “vazias”, queremos dizer que elas carecem de qualquer existência independente fora desses contextos mutáveis. Porque tudo e todos estão “vazios” nesse sentido, eles são capazes de uma adaptação infinita. Nós mesmos temos a flexibilidade básica para nos adaptarmos a qualquer coisa e nos tornarmos qualquer coisa.

Por causa disso, não devemos confundir o vazio com o nada. Pelo contrário, o vazio está cheio de potência. Entendido corretamente, o vazio inspira otimismo, ao invés de pessimismo, porque nos lembra da gama ilimitada de possibilidades de quem podemos nos tornar e como podemos viver.”

– 17º Karmapa, Ogyen Trinley Dorje
Do livro “The Heart is Noble: Changing the World from the Inside Out”


Excerto de palestra, por Tsering Paldron

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Sobre Tsering Paldron | Lista de Mestres e Professores

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