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Buda Rebelde: Na rota da liberdade | Dzogchen Ponlop Rinpoche

“Buda rebelde é uma exploração sobre o que significa ser livre e sobre como podemos nos libertar. Buda: a mente desperta. Rebelde: Aquele que questiona, resiste, recusa-se a obedecer ou se insurge contra o controle injusto ou descabido de uma autoridade ou tradição.” Dzogchen Ponlop Rinpoche

Buda Rebelde (Ponlop Rinpoche)

Trecho do livro Buda Rebelde: Na rota da liberdade, por Dzogchen Ponlop Rinpoche.

bu.da
a mente desperta.

re.bel.de
Aquele que questiona, resiste, recusa-se a obedecer
ou se insurge contra o controle injusto ou descabido
de uma autoridade ou tradição.

NASCIDOS PARA A LIBERDADE

Buda rebelde é uma exploração sobre o que significa ser livre e sobre como podemos nos libertar. Embora possamos votar em nossos líderes, casar por amor e cultuar forças divinas ou mundanas conforme nossa escolha, a maioria de nós não se sente realmente livre. Quando falamos sobre liberdade também estamos falando sobre o seu oposto — aprisionamento, dependência, estar sujeito ao controle de algo ou alguém externo a nós mesmos. Ninguém gosta disso e, quando nos encontramos nessa situação, logo tentamos descobrir como escapar. Qualquer restrição a “nossa vida, nossa liberdade e nossa busca da felicidade” provoca forte resistência. Quando a felicidade e a liberdade estão em jogo, podemos nos tornar rebeldes.

Há traços de rebeldia em todos nós. Geralmente estão adormecidos, mas manifestam-se algumas vezes. Caso sejam alimentados e guiados com sabedoria e compaixão, podem ser uma força positiva que nos liberta do medo e da ignorância. Porém, caso se expresse de forma neurótica, ressentida, cheia de raiva e de autointeresse, transforma-se em uma força destrutiva que prejudica a nós e aos outros. Quando nos confrontamos com uma ameaça à nossa liberdade ou à nossa independência e esse traço de rebeldia vem à tona, podemos escolher como reagir e canalizar essa energia. Ela pode tornar-se parte de um processo contemplativo que leva ao discernimento. Esse discernimento, às vezes, surge rapidamente, mas também pode levar muitos anos para surgir.

De acordo com o Buda, não há dúvida em relação à nossa liberdade. Nascemos livres. A verdadeira natureza da mente é sabedoria iluminada e compaixão. Nossa mente está sempre brilhantemente alerta e lúcida. Ainda assim, somos assediados por pensamentos dolorosos e pela inquietação emocional que os acompanha. Vivenciamos estados de confusão e de medo para os quais não vemos saída. O problema é que não conhecemos a nós mesmos no nível mais profundo. Não reconhecemos o poder de nossa natureza iluminada. Confiamos na realidade que reconhecemos à frente de nossos olhos e simplesmente acatamos a sua validade, até que alguma coisa acontece — uma doença, um acidente, uma decepção — e nos sacode dessa ilusão. Quando isso ocorre, podemos estar prontos para questionar nossas crenças e começar a buscar uma verdade mais significativa e duradoura. Uma vez que tenhamos dado esse passo, teremos entrado na rota para a liberdade.

Nessa rota, aquilo de que nos libertamos é a ilusão e o que nos liberta dessa ilusão é a descoberta da verdade. Para descobri-la, precisamos cooptar a poderosa inteligência de nossa mente desperta e colocá-la na direção de expor, opor e vencer a ilusão. A essência e a missão do “buda rebelde” é libertar-nos das ilusões que criamos para nós mesmos, sobre nós mesmos, e das ilusões que tentam se passar por realidade em nossas instituições culturais e religiosas.

Começamos olhando os dramas em nossa vida, não com olhos comuns, mas com os olhos do Darma. O que é drama e o que é Darma? Acho que poderíamos dizer que drama é uma ilusão que age como realidade e que o Darma é a própria realidade — como as coisas são de fato, o estado básico das coisas que não muda de acordo com a moda, o humor ou a perspectiva. Para transformar o Darma em drama, bastam os elementos de uma boa peça de teatro: emoções, conflitos e trama — uma sensação de que algo importante e urgente está acontecendo com os personagens. Nossos dramas pessoais podem começar com “fatos” a respeito de quem somos e sobre o que fazemos, mas, quando são alimentados por nossas emoções e conceitos, rapidamente tornam-se mera imaginação e ficam tão difíceis de serem decifrados quanto os enredos de nossos sonhos. Assim, a nossa percepção da realidade fica cada vez mais longe da realidade básica. Perdemos o fio da meada com relação a quem realmente somos. Não temos capacidade de distinguir os fatos da ficção ou de desenvolver autoconhecimento e sabedoria, o que poderia nos libertar de nossas ilusões.

Levou muito tempo para que eu reconhecesse as diferenças entre drama e Darma em minha vida. Drama e Darma podem se assemelhar muito, sendo difíceis de discriminar, seja na cultura asiática ou na ocidental. Olhando para minha vida hoje, como morador de uma cidade grande, ou para a minha infância em um mosteiro, onde recebi treinamento intensivo para assumir o papel de Rinpoche para o qual nasci, reconheço que, em certos aspectos, esses dois estilos de vida não são muito diferentes. Tanto antes quanto agora os dramas da vida seguem entrelaçados com o Darma da vida. Quando jovem, deparei-me com várias responsabilidades avassaladoras. Era minha obrigação, por exemplo, manter as atividades espirituais — oficiar cerimônias e preservar as formas culturais tradicionais. Ainda assim, nem sempre eu via sentido nessas atividades ou reconhecia a sua conexão com a verdadeira sabedoria. Embora fosse jovem demais para compreender esses sentimentos, esse ligeiro descompasso levou-me a uma investigação sobre o que seria real — portanto, realmente significativo — e o que seria apenas ilusão. Foi um dilema para mim, meu drama pessoal, um primeiro gostinho de uma rebelião que desafiava a minha identidade e o meu papel de futuro professor na tradição onde nasci. Ainda assim, isso também me colocou na direção do Darma: a minha busca pessoal pela verdade começou exatamente assim, com questões, e não com respostas.

REBELDE INTERIOR

No verão de 1978, já há oito anos vivendo no sistema monástico de educação, estudei os textos do Vinaya, ensinamentos do Buda sobre ciência social, governança e conduta ética, dirigidos principalmente para a comunidade monástica. Enquanto me deleitava com o banquete dessa sabedoria e ela verdadeiramente me inspirava, eu reconhecia aquele rasto de rebelião novamente surgindo — a mesma insatisfação que havia sentido anteriormente, com os rituais vazios e os valores institucionalizados das demais tradições religiosas.

Mais adiante em meus estudos, cheguei às noções budistas de vacuidade e me senti totalmente perdido. Perguntava-me o que, afinal, Buda queria dizer com “isso é vazio, aquilo é vazio, mesa vazia, eu vazio”. Afinal, podia ver e sentir a mesa, e a velha sensação de um eu operando seguia intacta. Ainda assim, enquanto contemplava esses ensinamentos, percebi que nunca havia explorado a mente além de seus processos habituais de pensamento. Nunca havia encontrado certas dimensões profundas de minha mente. Essa vacuidade acabou sendo uma descoberta revolucionária, cheia de possibilidades para eu me libertar de minha fé cega no realismo, tão velha quanto eu, e que repentinamente parecia tão ingênua e simplória. Ao ler esses ensinamentos, eu já me sentia muito livre, e ao praticá-los de maneira entusiasmada e incondicional, essa sensação de liberdade só aumentou.

Que maravilhoso seria, pensei, se só praticássemos os ensinamentos do Buda como, a partir de sua própria experiência, ele realmente os ensinou — livres das nuvens de religiosidade que frequentemente os cercam. Por si só, esses ensinamentos são poderosas ferramentas para intensificar a consciência e ativar o discernimento. Mas é difícil distinguir as ferramentas de suas embalagens culturais. Quando um amigo nos dá um presente, o belo papel que envolve o presente é só papel ou é parte do presente? O logotipo na sua sacola de compras faz essa sacola ter mais valor do que os conteúdos dela? Seriam as cerimônias e as observâncias religiosas mais importantes do que aquilo que está sendo observado — o sagrado inexprimível da verdade de quem somos?

Não é fácil desafiar condicionamentos culturais, irromper limitações e, a partir disso, ir além e penetrar os mais sutis condicionamentos da própria mente. Mas essa é a natureza da busca pela verdade que liberta da ilusão. Quando penso nessa liberdade e em encontrar a coragem para romper as formalidades engessadas de minha perfeccionista cultura asiática, sempre me lembro do ancestral príncipe indiano, Sidarta, cuja realização é o exemplo perfeito de uma revolução da mente: uma busca unifocada pela verdade que o levou a seu pleno despertar, e à liberdade perante todos os aprisionamentos culturais e psicológicos. Ele não queria nada do mundo externo. Ele não estava jogando com as suas emoções, por uma intenção escusa de glorificação pessoal ou de poder. Ele apenas queria saber o que era real e o que era ilusão. A sua sinceridade e a sua coragem sempre me inspiraram, e elas igualmente podem servir de inspiração para qualquer um na busca por verdade e iluminação.

Buda rebelde é sobre essa busca. Todos nós queremos encontrar alguma verdade importante sobre quem somos e sempre estamos atrás dela. Mas só a encontraremos quando formos guiados por nossa sabedoria — por nosso buda rebelde interior. Com a prática, poderemos aperfeiçoar os nossos olhos e os nossos ouvidos de sabedoria, para que reconheçamos a verdade quando a virmos ou ouvirmos. Mas esse olhar e esse ouvir é uma arte que precisamos aprender. Muitas vezes, quando pensamos que estamos sendo abertos e receptivos a alguma coisa, na verdade, não estamos. Nossa mente já está cheia de conclusões, de julgamentos, de nossa versão particular dos fatos. Estamos mais focados em conseguir um selo de aprovação pelo que pensamos que sabemos do que em aprender algo novo. Mas, quando estamos genuinamente abertos, o que acontece? Há uma sensação de espaço, de acolhimento e de curiosidade, e uma conexão real com algo que vai além de nossos eus habituais. Nessa situação, ouvimos qualquer verdade que esteja sendo dita, não importa se vem de outra pessoa, de um livro ou de nossas percepções do mundo. É como ouvir música. Quando estamos totalmente imersos no som, nossa mente chega a um outro nível. Estamos ouvindo sem julgamentos ou interpretações intelectuais, porque estamos ouvindo com o coração. É assim que precisa ser quando se quer ouvir a verdade.

Quando podemos sentir a verdade nesse nível, descobrimos a realidade em sua forma desnuda, além da cultura, da língua, do tempo ou da localização. Essa é a verdade que foi descoberta por Sidarta, quando ele se tornou o Buda (ou “aquele que despertou”). Despertar para quem realmente somos, além dos dramas pessoais e de identidades culturais mutáveis, é um processo de transformação da ilusão em seu estado básico de realidade. Essa transformação é a revolução da mente a ser explorada. Depois de muita reflexão sobre o meu próprio treinamento, tentei, neste livro, apresentar aos leitores de hoje uma visão da jornada espiritual budista livre de um viés cultural.

ALÉM DA CULTURA

Em meu papel de professor, minha intenção é simplesmente compartilhar a sabedoria do Buda e as minhas experiências, nos âmbitos tradicionais e contemporâneos de estudo e na prática desses ensinamentos. Nos ensinamentos que realizei nos últimos anos, tento também esclarecer enganos comuns sobre o budismo — especialmente, a tendência de transmitir a cultura budista asiática como sendo o budismo, apontando a verdadeira essência dos ensinamentos, que é a sabedoria e a compaixão. Minhas experiências diversificadas levaram-me a reconhecer a influência ofuscante da cultura em nossas vidas e, a partir disso, a importância de vermos além da cultura. Para compreender quem somos como indivíduos ou como sociedade, precisamos reconhecer a interdependência de cultura, identidade e sentido.

Já que a liberdade é a finalidade do caminho budista e como precisamos da sabedoria para alcançar essa finalidade, é importante perguntarmos a nós mesmos: o que é sabedoria verdadeira — o conhecimento que leva à liberdade e não ao aprisionamento? Como podemos reconhecê-la? De que maneira ela se manifesta em nossas vidas e no mundo? Será que ela possui uma identidade cultural? As normas sociais e religiosas da vida cotidiana são a expressão da sabedoria verdadeira? Essas questões me inspiraram a dar uma série de palestras sobre cultura, valores e sabedoria. Dessas palestras, surgiu este livro.

Levar a sabedoria do Buda de uma cultura e de uma língua para outra não é uma tarefa fácil. Apenas possuir uma boa intenção não é o suficiente. Além disso, a tarefa não se dá simplesmente em uma direção, do Oriente para o Ocidente. Trata-se tanto de um movimento no tempo quanto de um movimento no espaço físico. Uma coisa é visitar um país vizinho com costumes e valores diversos e então descobrir como se comunicar com aquele povo. Dá-se um jeito, porque apesar das diferenças, compartilhamos alguns pontos de referência pelo fato de sermos contemporâneos — de vivermos, ao mesmo tempo, no século XXI. Mas se fôssemos transportados para o passado ou para o futuro dois ou três mil anos, teríamos de descobrir uma forma de nos conectar com a mente daquele período.

Da mesma forma, precisamos encontrar uma forma de conectar esses ensinamentos ancestrais sobre a sabedoria com as sensibilidades contemporâneas. Se eliminarmos os valores culturais ou sociais irrelevantes, veremos o espectro total do que é essa sabedoria em sua forma desnuda e o que ela tem a oferecer a nossas culturas modernas. Uma verdadeira mescla dessa sabedoria ancestral com a psique do mundo moderno não ocorrerá, enquanto estivermos nos prendendo aos hábitos e valores meramente culturais do Oriente ou do Ocidente.

As diferenças bem marcadas entre o Ocidente e o Oriente estão se dissolvendo em um ritmo nunca antes presenciado. Vivemos em um mundo onde a globalização está levando todos nós aos mesmos problemas e às mesmas promessas. De Nova Déli a Toronto ou San Antonio, estamos todos falando uns com os outros usando Skype, compartilhando coisas via Facebook, fazendo negócios, assistindo aos mesmos vídeos bobos no YouTube e bebendo nosso café na Starbucks. Também estamos sofrendo os mesmos ataques de pânico e depressão, por mais que, enquanto talvez eu tome Valium, você talvez use fitoterapia chinesa para tentar conter esses problemas.

Mesmo assim, cada cultura tem o seu próprio conjunto de olhos e de ouvidos, pelos quais percebe e interpreta o mundo. Precisamos averiguar o impacto da psicologia, da história e da língua de cada sociedade, enquanto nos esforçamos na direção de manter uma linhagem genuína do despertar budista em nosso solo. Uma coisa é a cultura dar boas-vindas a uma novidade, a uma tradição espiritual curiosa, outra é mantê-la viva e fresca. Quando essa tradição começa a envelhecer, a se tornar lugar-comum, podemos ficar cegos e surdos perante a sua mensagem e o seu poder. É igual a qualquer outra coisa a que prestamos respeito externamente, mas a que damos pouca atenção. Quando perdemos nossa conexão sincera e de coração com alguma coisa, seja uma velha coleção de revistas em quadrinhos, seja um anel de casamento ou as crenças espirituais que nos acompanharão no momento da morte, é porque essa coisa se misturou com o ruído de fundo de nossa vida.

É por isso que, ao longo das eras, o budismo tem uma história de revolução e renovação, de testar e desafiar a si próprio. Se a tradição não está levando o despertar e a liberdade àqueles que a praticam, então a sua filosofia não está sendo verdadeira ou não está vivendo o seu pleno potencial. Não há nenhum despertar nas formas culturais que se dissociaram da sabedoria e das questões práticas que as originaram. Essas formas culturais acabam tornando-se ilusões e viram parte do drama da cultura religiosa. Embora possam nos fazer felizes temporariamente, não podem nos libertar do sofrimento. Devido a isso, em um dado momento, tornam-se fonte de decepção e de desencorajamento, e chega o dia em que essas formas acabam inspirando nada mais do que uma resistência à sua autoridade.

MAIS DARMA, MENOS DRAMA

Ao crescer em uma instituição monástica, na parte indiana do Sikkim, cercado de refugiados de etnia tibetana e por povos tribais das regiões dos himalaias da Índia, do Nepal e do Butão, experimentei tanto a riqueza quanto os desafios de viver em uma cultura heterogênea, em que diversas crenças coexistem. Contudo, só quando fui para Nova York, aos 14 anos, e quando estudei na Universidade de Columbia, aos 20 e poucos anos, vivenciei um multiculturalismo verdadeiramente global e uma grande diversidade de religiões. Acho que foi naquela primeira viagem, em que muito afortunadamente viajei com o meu professor, Sua Santidade o XVI Karmapa, em sua turnê pelos Estados Unidos, em 1980, que o meu destino foi selado na direção de me tornar o cidadão norte-americano que hoje sou.

Os desafios culturais que vejo na América do Norte não são tão diferentes daqueles que encontrei na Europa, na Ásia ou nas comunidades de montanhas dos Himalaias, onde os valores budistas são mais cuidadosamente preservados. Devido a seu poder para o bem ou para o mal em nossas vidas, precisamos examinar sinceramente as nossas tradições culturais e o lugar que damos a elas em nossa sociedade. Por um lado, há formas culturais que retêm a sabedoria das gerações anteriores e funcionam como importantes fontes de conhecimento. Por outro lado, há as formas culturais que não retêm qualquer parte da sabedoria que porventura detiveram anteriormente e nas quais não há nenhuma compaixão. Da noção de castas intocáveis na Índia ao governo feudal do Tibete no século XIX, da queima de bruxas na Europa à escravização de africanos na América — práticas dolorosas e injustas, destituídas de qualquer sensibilidade ou sabedoria e que sobreviveram incontestadas por muito tempo. Quando nossos pensamentos e ações são ditados por fortes pressões moldadas por valores indevidos — sociais, religiosos ou culturais —, podemos ficar presos em âmbitos desafortunados, de onde sabemos que só virá mais sofrimento e mais aprisionamento. A sabedoria verdadeira é livre dos dramas da cultura ou da religião, e deve trazer apenas a sensação de paz e de felicidade.

Ainda assim, muito frequentemente nos viciamos em nossos dramas e tememos a verdade. Se quisermos assistir a um verdadeiro drama, não precisamos ligar a TV — ele está bem aqui em nossa vida, repleta de emoções, ansiedade e depressão. E se quisermos fofocar sobre esse drama, não precisamos ir para o chat. A fofoca está bem aqui, em nossos pensamentos. Mesmo atualmente, quando possuímos tantos recursos materiais, tantos confortos, entretenimentos e distrações, disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, descobrimos que não podemos chegar ao fim do dia sem nos sentirmos um pouco deprimidos e não sabemos como desfrutar de nossas circunstâncias sem nos sentirmos culpados. Mesmo quando temos um dia quase perfeito, perguntamo-nos: eu mereço mesmo isso? Será que trabalhei o suficiente por isso? Onde há drama autocentrado, há sofrimento. E assim segue, indefinidamente, até que ultrapassemos esse drama, percebendo o Darma de quem realmente somos.

NADA ACONTECE

Quando estudei na Universidade de Columbia e meus professores me pediram para que eu me apresentasse a meus colegas, eu não sabia o que dizer. Eu não sabia quem eu realmente era. Será que eu era tibetano, por causa dos meus pais, ou indiano, por ter nascido na Índia? Ou será que eu não era nenhuma dessas duas coisas — talvez uma pessoa sem nacionalidade? Tendo imigrado primeiro para o Canadá e depois para os Estados Unidos, para onde retorno depois de minhas viagens à Índia, tudo me parece um pouco estrangeiro. Minhas conversas com amigos e colegas do passado são diferentes. Nem sempre compartilhamos o mesmo senso de humor ou as mesmas referências cotidianas, e nossos valores parecem mudar o tempo todo. E lá vou eu de novo: um estrangeiro no país onde nasci, um desconhecido para os meus velhos amigos. Embora não seja surpreendente que eu me sinta estrangeiro em uma feira no interior dos Estados Unidos, é surpreendente que eu me sinta um forasteiro na terra onde cresci. Os únicos locais onde agora me sinto não ser notado e onde me percebo normal é nos metrôs e nas ruas de Nova York; na minha primeira morada na América do Norte, o centro de Vancouver; e no meu apartamento de subsolo em Seattle, onde o dia começa com uma xícara de café e termina com o Colbert Report à noite. Quem sou eu de fato? O que aconteceu comigo? Como o XVI Karmapa disse, certa vez: “Nada acontece.” Logo, talvez nada realmente tenha acontecido comigo. O fato é que, de acordo com alguns, sou da Geração X e um súdito leal do BlackBerry, mas a verdade é que sou um rebelde sem uma cultura própria, a caminho de encontrar o Buda que sei que está dentro de mim.

Minha intenção, ao compartilhar essa jornada da mente e da cultura nestas páginas, é transmitir a mensagem do Buda sobre a verdade de quem realmente somos, além das aparências. É um conhecimento que vale a pena buscar. Ele nos guia à liberdade e a liberdade nos conduz à felicidade. Possamos todos vivenciar a perfeita felicidade e que ela, por sua vez, libere o sofrimento do mundo.

Buda rebelde

Quando ouvimos a palavra “buda”, o que nos vem à mente? Uma estátua dourada? Um príncipe jovem sentado sob uma árvore suntuosa? Ou quem sabe Keanu Reeves, no filme O pequeno buda? Monges de cabelo raspado em suas vestes monásticas? Podemos fazer muitas associações ou nenhuma. A maioria de nós está bem longe de qualquer conexão condizente com a realidade.

A palavra “buda”, no entanto, significa simplesmente “desperto” ou “acordado”. Não se refere a uma figura histórica particular, ou a uma filosofia ou religião. Refere-se à própria mente. Sabemos que temos uma mente, mas como ela é? É desperta. E com isso não quero dizer apenas que ela “não está dormindo”. Quero dizer que a mente é realmente desperta, além de nossa imaginação. Nossa mente é brilhantemente lúcida, aberta, espaçosa e cheia de qualidades excelentes: amor incondicional, compaixão e sabedoria, que nos fazem perceber as coisas como elas realmente são. Em outras palavras, nossa mente desperta é sempre uma boa mente, nunca está turva ou confusa. Nunca é atribulada por dúvidas, medos e emoções que muitas vezes nos torturam. Pelo contrário, nossa verdadeira mente é alegre, livre de todo sofrimento. É isso que realmente somos. Essa é a verdadeira natureza de nossa mente e da mente de todos os outros. Mas nossa mente não fica apenas parada sendo perfeita, sem fazer nada. Ela está brincando o tempo todo, criando os nossos mundos.

Se isso é verdade, então por que a nossa vida e todo o mundo não são perfeitos? Por que não somos felizes o tempo todo? Por que em um momento estamos rindo e em outro estamos desesperados? E por que pessoas supostamente “despertas” discutiriam, brigariam, mentiriam, enganariam, roubariam e fariam guerras? O motivo é que, embora o estado desperto seja a verdadeira natureza da mente, a maioria de nós não o reconhece. Por quê? Algo se interpõe. Algo bloqueia a nossa percepção. Claro, percebemos partes do estado desperto aqui e ali, mas, no momento em que o reconhecemos, repentinamente surgem outras coisas em nossa mente — Que horas são? Está na hora do almoço? Ah, veja, uma borboleta! — e, assim, nosso discernimento se dissipa.

Ironicamente, o que bloqueia a nossa visão da verdadeira natureza da mente — nossa mente de buda — é a própria mente, a parte dela que está sempre ocupada, que está constantemente envolvida em um fluxo contínuo de pensamentos, emoções e conceitos. Essa mente ocupada é o que acreditamos que somos. Ela é mais fácil de enxergar, como o rosto de uma pessoa sentada bem à nossa frente. Por exemplo, o pensamento que você está tendo agora pode ser óbvio para você, ainda que não o seja para a sua consciência. Quando você sente raiva, presta mais atenção ao que o irrita do que à própria fonte de sua irritação. Em outras palavras, você percebe o que a sua mente está fazendo, mas não vê a própria mente. Identificamo-nos com os conteúdos dessa mente ocupada — pensamentos, emoções e ideias — e acabamos pensando que todas essas coisas são nosso “eu” e que “somos assim”.

Quando fazemos isso, é como dormir e sonhar acreditando que as imagens no sonho são verdadeiras. Se, por exemplo, sonhamos que estamos sendo perseguidos por um desconhecido, isso nos é muito assustador e real. Porém, no momento em que acordamos, tanto o desconhecido quanto os nossos sentimentos de medo simplesmente desaparecem e sentimos um grande alívio. Além disso, se já soubéssemos que estávamos apenas dormindo em nossa cama, não teríamos sentido medo algum.

Da mesma forma, em nossa mente comum, somos sonhadores que acreditam que os seus sonhos são reais. Acreditamos que estamos acordados, mas não estamos. Pensamos que essa mente ocupada com pensamentos e emoções é quem realmente somos. Mas, quando acordamos, os enganos sobre quem somos — e o sofrimento que essa confusão cria — desaparecem totalmente.

UM REBELDE INTERIOR

Se pudéssemos, provavelmente permaneceríamos completamente mergulhados nesse sonho que se passa por vida cotidiana, mas algo segue nos cutucando em nosso sono. Não importa o quão confuso ou perplexo fique o nosso sonolento eu, ele está sempre conectado com o estado desperto completo. Esse estado tem uma qualidade nítida e penetrante. Nossa inteligência e nossa consciência lúcida são dotadas da capacidade de ver quem realmente somos, indo além de qualquer coisa que bloqueie a nossa visão — essa é a verdadeira natureza de nossa mente. Se, por um lado, estamos bastante acostumados com o sono e satisfeitos com ele, por outro, nosso eu desperto está sempre nos sacudindo e acendendo a luz, digamos assim. Isso que está acordado em nós, a mente verdadeira e desperta, quer sair das limitações do sono, quer emergir da ilusão que se passa por realidade. Enquanto estamos confinados em nossos sonhos, ela enxerga o potencial para a liberdade. Então, ela provoca, cutuca, sacode e nos instiga, até que tomemos uma atitude. Pode-se dizer que temos um rebelde morando dentro de nós.

Quando pensamos nos rebeldes políticos ou sociais — contemporâneos ou históricos, famosos ou desconhecidos —, pessoas que lutaram e que estão lutando pela causa da liberdade e da justiça, pensamos neles como heróis: dos patriarcas da Revolução Norte-Americana a Harriet Tubman, Mohandas Gandhi, Martin Luther King Jr., Aung San Suu Kyi e Nelson Mandela. Hoje, ficamos assombrados com a sua coragem, compaixão e impressionantes conquistas. Ainda assim, esses idealistas e reformadores são sempre considerados agitadores por aqueles que eles desafiam. Suas ideias e intenções, e até mesmo a associação de qualquer pessoa com eles, nem sempre são bem-vindas. Aparentemente, os rebeldes são uma faca de dois gumes — bons para mostrar no cinema, mas, na vida real, deixam-nos nervosos. É difícil ignorá-los: continuam a fazer as perguntas que ninguém faz; não ficam satisfeitos com verdades parciais ou meias respostas; recusam-se a seguir convenções que os controlariam ou que os aprisionariam, ou que aprisionariam as pessoas em suas sociedades. O seu caminho para a vitória segue em território turbulento. Mas o seu caráter rebelde não é facilmente desencorajado. Compromisso com uma causa — uma visão mais ampla de como as coisas deveriam ser: esse é o sangue que corre em suas veias.

No caminho espiritual, a rebelião é a voz de nossa mente desperta. É a inteligência lúcida e afiada que resiste ao status quo de nossa confusão e de nosso sofrimento. Como seria esse buda rebelde? É um agitador de proporções heroicas. O buda rebelde é o renegado que nos faz trocar nossa aliança com o sono pela aliança com o estado desperto. Isso significa que temos o poder de acordar nosso eu de sonho, o impostor que finge ser quem realmente somos. Temos a chave para abrir todas as amarras e todos os grilhões que nos prendem ao sofrimento e à confusão. Somos líderes da nossa própria liberdade. Por fim, a missão do buda rebelde é instigar uma revolução da mente.

BUDAS COMUNS

Este livro trata de um caminho para a liberdade descrito pelo buda histórico, o Buda Sakyamuni, 26 séculos atrás. Há muitas histórias belas e eloquentes sobre o nascimento do Buda, sobre sua vida e sobre a maneira através da qual ele atingiu o estado iluminado. Algumas pessoas tratam o Buda como um homem comum que teve uma vida extraordinária. Outros o têm como uma espécie de super-homem espiritual, um ser divino cujas ações mostraram como pessoas comuns podem atingir a mesma liberdade que ele encontrou.

Na verdade, os elementos básicos da vida do Buda não são tão diferentes dos elementos de nossa vida, exceto pelo fato de que, diferentemente da maioria de nós, ele nasceu em uma influente família monárquica. Ao examinarmos a primeira parte da vida do Buda Sakyamuni — quando era conhecido simplesmente como Sidarta —, vemos a luta de um jovem por independência e liberdade, perante a autoridade de seus pais e da sociedade. De certa forma, é a velha história do menino rico que foge de casa:

Sidarta, o futuro Buda, nasceu filho único do rei e da rainha dos Sakyas, um reino no Norte da Índia. Encontrou uma vida protegida e cheia de luxos, controlada bem de perto pelos pais, que só aguardavam o dia em que o jovem príncipe sucederia o pai ao trono. Ele tinha todas as vantagens, os privilégios e os confortos que se possa imaginar — um palácio fabuloso, roupas de estilista, servos e fantásticas festas entre celebridades e lobistas. Mas Sidarta não estava feliz com uma vida só de posses materiais, status social e poder político. Ele ansiava encontrar o sentido e a finalidade da vida em face ao que nos aguarda: doença, velhice e morte. Por um tempo se esforçou em satisfazer as expectativas de seus pais, mas finalmente decidiu que precisava seguir o próprio rumo. Na calada da noite, saiu do palácio, sozinho, e trocou o conforto e a proteção por um destino desconhecido.

Se transpusermos esse conto ancestral para a Nova York de hoje, obteremos uma história norte-americana moderna:

Um rico e influente casal aguardava o nascimento de seu primeiro filho. Compreendendo os perigos e as dificuldades do mundo moderno, eles se comprometeram a utilizar a sua riqueza e a sua influência para que a vida de seu filho fosse tão segura e fácil quanto possível. Antes mesmo de nascer, ele já estava inscrito na mais exclusiva pré-escola. O filho recebeu um nome longo e ilustre, que ecoava a grandeza de sua linhagem familiar, mas os seus amigos o chamavam de Sid. Ele cresceu em meio ao círculo da elite social e política de Nova York, com todos os privilégios que isso implica. Seus pais tinham em mente um destino especial para ele e até imaginaram seu casamento com a filha do senador…

Não nos surpreenderíamos se descobríssemos que Sid decidiu formar uma banda de rock, ir de mochila nas costas para o Alasca ou sair sem destino, pedindo carona para ver onde iria chegar. É assim com qualquer jovem ou com qualquer pessoa de coração jovem. Não interessa qual é a nossa situação: seja ela comum ou extraordinária, queremos descobrir o nosso caminho, queremos encontrar o sentido último de nossa vida.

Pela história, sabemos que o príncipe Sidarta teve sucesso em sua busca, mas não sabemos o que acontecerá com Sid, nosso amigo dos tempos modernos. Apenas lhe desejamos o melhor. A questão aqui é o fato de que, no momento da partida, nenhum deles sabe o que trará o futuro. Ambos assumem um sério risco, abandonam a segurança e o mundo conhecido, dando um salto rumo ao desconhecido. Mas é tão natural para Sid aceitar esse risco como foi para Sidarta pular a cerca do palácio. O impulso em direção à liberdade é uma parte essencial de nossa constituição, não é domínio exclusivo de seres especiais ou de homens em trajes diferentes, vindos de tempos longínquos e de terras exóticas. O desejo por liberdade é um bem comum. E, de fato, a principal característica do povo norte-americano é muitas vezes descrita como o “amor pela liberdade” — pelo menos é isso que se ouve no noticiário —, mas, se caminhamos pelas ruas de qualquer cidade moderna, encontraremos o mesmo espírito, especialmente entre os jovens.

Sem dúvida, a juventude norte-americana contribui para essa famosa natureza de amor pela liberdade. Com exceção dos povos nativos, todos os que vivem hoje por aqui são recém-chegados da Europa, da Ásia ou da África. Embora, atualmente, a maioria de nós esteja um tanto desligada de nossas raízes étnicas e alguns as tenham até mesmo esquecido completamente (acreditando que somos simplesmente “americanos”), em algum sentido, o que há de melhor e único em relação à América é justamente essa ancestralidade globalizada, esse espírito pioneiro e esse caráter independente para o qual todo o mundo parece ter contribuído.

Esse caldeirão chamado América é o lar de revolucionários, de inventores, de livres pensadores e de visionários, bem como é o lar de pragmáticos e de puritanos. Artistas de vanguarda e músicos pegam o metrô ao lado de banqueiros e trabalhadores assalariados. Oficialmente, todos são bem-vindos. As reuniões de família norte-americanas são tão tensas que saem faíscas — aconteçam elas em nossas casas ou nos palcos nacionais, sendo documentadas pela CNN e pelo Entertainment Weekly. Mas, quando as fagulhas dessa fricção de opostos se dão em uma atmosfera de abertura, isso faz toda a diferença. Assim, em vez de um mero atrito, acabamos em uma dança que gera uma energia muito criativa. Ao testar os limites, desafiando ao extremo antigos conceitos, o que antes era impensável torna-se o padrão. Por exemplo, não faz muito tempo, ninguém sonhava em apertar um interruptor e com isso fazer surgir luz, muito menos em assistir a imagens longínquas na televisão ou em navegar no ciberespaço. Bem recentemente, nos anos 1960, ficamos maravilhados ao ver, da nossa sala de estar, um homem caminhando na lua e fazendo a sala ficar tão pequena.

CHEGANDO ONDE ESTAMOS INDO

Da mesma forma que os cientistas buscam, constantemente, desvendar os segredos do mundo externo para descobrir a natureza da realidade, Sidarta sonhava em desvendar os segredos do mundo interno da mente. Quando saiu do palácio, deixou para trás a jovem esposa, um filho e a sua vida de luxo. Estava determinado a domar a ignorância e encontrar a realidade cara a cara. Foi para a floresta, sem nenhuma garantia de que teria um teto sobre si, meios de se sustentar ou alguém que pudesse protegê-lo.

Naquele momento, a sociedade indiana passava por um momento interessante. A estrutura social era muito rígida: um sistema de castas decidia que lugar alguém tinha na sociedade, quais os deveres, a ocupação e até a posição espiritual, tudo isso determinado no nascimento. Por outro lado, era também um tempo de intensa agitação. Filósofos e intelectuais estavam sempre promovendo debates entusiasmados, que produziram várias tradições espirituais bem diferentes umas das outras. Jovens começaram a se encontrar na floresta, reunindo-se em grupos que existiam à margem da sociedade. Sidarta também o fez, acabando por estudar com dois dos mais renomados sábios da floresta. Porém, ele logo superou a compreensão de seus professores e foi se unir a um grupo de cinco praticantes de ascetismo. Cada vez mais determinado a atingir o seu objetivo, ele abandonou todos os confortos. Assumiu a prática torturante dos ascetas, que incluía passar fome para transcender o corpo físico e exaurir os desejos da mente. Depois de seis anos dessa prática, Sidarta chegou bem próximo da morte. Nesse momento, ele abandonou a crença de que esse caminho de privação intensa o levaria à liberdade e tombou à beira de um rio.

Embora não soubesse disso, Sidarta estava muito próximo de seu objetivo. Uma jovem que levava uma tigela de arroz de leite passou por ali e lhe ofereceu o alimento. Ele o aceitou, quebrando o seu jejum de seis anos. Quando viram a cena, seus cinco irmãos ascetas pensaram que Sidarta havia abandonado a disciplina. Furiosos, fizeram um voto de nunca mais falar com ele e foram embora. Sidarta contemplou a sua situação, enquanto aos poucos recuperava a força. Ele percebeu que tanto a sua vida mimada no palácio quanto a sua vida de automortificação na floresta não o levariam à liberdade. Eram dois caminhos extremos e o apego a quaisquer extremos era um obstáculo. O caminho verdadeiro estava no meio, entre os extremos. Ao reconhecer isso, ele estava pronto para um empurrãozinho final. Sentou em uma almofada de grama, sob as acolhedoras folhagens de uma árvore, e fez um voto pessoal de ficar naquele lugar até que soubesse a verdade sobre a sua mente e sobre o mundo.

Sidarta meditou por 49 dias e, aos 35 anos de idade, atingiu a liberdade que buscava. A sua mente se tornou expansiva e aberta. Ele enxergou a verdade do sofrimento de todos os seres e a causa desse sofrimento. Enxergou que a liberdade é uma realidade ao alcance de todos e também como atingi-la. Tornou-se conhecido como Buda, O Desperto, e ofereceu ensinamentos a todos que se aproximavam, nos 45 anos subsequentes. Outras pessoas seguiram as suas instruções. Atingiram a liberdade e, assim, uma linhagem de despertar se iniciou.

Mas isso aconteceu naquela época. Como seria hoje? O que aconteceu com Sid? O que aconteceu com os seus sonhos? Se ele souber para onde deseja ir, precisará apenas de um mapa e do acesso a alguém que já tenha estado nesse lugar. Muitas rotas se assemelham e é fácil confundir-se ao longo do caminho. Algumas rotas mudam de direção, outras simplesmente se acabam. Sid pode começar na direção do Alaska e acabar em um bar de blues em Chicago, ou no subúrbio com uma esposa e três filhos. Pode se tornar um escritor, um cientista ou o presidente dos Estados Unidos. Ou pode começar um novo movimento, uma revolução da mente e inspirar uma geração. Há possibilidades infindáveis para cada um de nós.

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