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As 4 Nobres Verdades

As 4 Nobres Verdades São:

  1. A Nobre Verdade do Dukkha (sofrimento, insatisfação)
  2. A Nobre verdade da Origem do Dukkha
  3. A Nobre Verdade do Cessar do Dukkha
  4. A Nobre Verdade do Caminho que Conduz à Cessação do Dukkha (Caminho Óctuplo)

Trechos do livro As Quatro Nobres Verdades, de Ven. Ajahn Sumedho

A Primeira Nobre Verdade

O que é a Nobre Verdade do Sofrimento? Nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento e morte é sofrimento. Separação daquilo que gostamos é sofrimento, não obter aquilo que queremos é sofrimento: em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.

Existe esta Nobre Verdade do Sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.
Esta Nobre Verdade deve ser penetrada através da completa compreensão do sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.

Esta Nobre Verdade foi penetrada através da completa compreensão do sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.

[Samyutta Nikaya LVI, 11]

A Primeira Nobre Verdade é composta por três fases: ‘Existe sofrimento, dukkha. Dukkha deve ser compreendido. Dukkha foi compreendido.’

É um ensinamento muito prático, expresso numa simples fórmula, fácil de memorizar. É também aplicável a todas e quaisquer experiências que possas ter, a tudo o que possas fazer ou pensar, relacionado com o passado, o presente ou o futuro.

Sofrimento ou dukkha é o elo comum que todos nós partilhamos. Toda a gente em toda a parte sofre. Seres humanos sofreram no passado, na Índia da antiguidade, sofrem hoje em dia em Inglaterra, e no futuro os seres humanos também irão sofrer… O que é que temos em comum com a Rainha Elizabete? Ambos sofremos. O que é que temos em comum com um pobre em Charing Cross? Sofrimento. Encontra-se a todos os níveis, desde os seres humanos mais privilegiados aos mais desesperados e desprivilegiados. Toda a gente em todo o lado sofre. É uma ligação que temos em comum, algo que todos compreendemos.

Quando falamos acerca do sofrimento humano levanta-se em nós o sentimento da compaixão mas, quando falamos acerca das nossas opiniões, acerca daquilo que eu penso e do que tu pensas em relação à política e religião, então podemos entrar em guerra. Há dez anos atrás, em Londres, lembro-me de ver um filme que mostrava mulheres Russas com bebés e homens Russos a levarem os seus filhos a piqueniques, tentando retratar os Russos como seres humanos. Na altura, esta representação do povo Russo era pouco usual porque a maior parte da propaganda no Ocidente retratava-os como monstruosidades ou seres reptilianos de coração gelado e por esse motivo nunca pensava neles como seres humanos. Se quiseres matar pessoas tens de as mostrar dessa forma. Não é tão fácil matar alguém se reconheceres que elas sofrem da mesma forma que tu. Tens de pensar que elas não têm coração, que são imorais, más, sem qualquer valor e que é melhor vermo-nos livres delas. Tens de pensar que elas são o mal e que é bom livrarmo-nos do mal. Com esta atitude podes sentir-te justificado em bombardeá-los e metralhá-los mas, se tiveres em mente o sofrimento como elo comum isso torna-te incapaz de agir dessa forma.

A Primeira Nobre Verdade não é uma desagradável afirmação metafísica que somente nos diz que tudo é sofrimento. É importante notar que existe uma diferença entre a doutrina metafísica, em que fazes uma afirmação acerca do Absoluto, e a Nobre Verdade que é uma reflexão. A Nobre Verdade é uma verdade para ser reflectida, não é um absoluto, não é O Absoluto. É neste ponto que os Ocidentais se sentem bastante confusos porque interpretam esta Nobre Verdade como um tipo de verdade metafísica do Budismo mas, na realidade nunca houve a intenção de ser tal coisa.

Podes constatar que a Primeira Nobre Verdade não é uma afirmação absoluta pois sabemos que a Quarta Nobre Verdade é o caminho para o fim do sofrimento. Não podes ter sofrimento absoluto e depois ter um caminho para sair dele, ou podes? Isso não faz sentido. No entanto algumas pessoas pegam na Primeira Nobre Verdade e dizem que o Buddha ensinou que tudo é sofrimento.

A palavra Pali, dukkha, significa ‘incapaz de satisfazer’ ou ‘não ser capaz de suportar algo’, ou seja, sempre em mudança, incapaz de nos preencher verdadeiramente ou de nos tornar felizes. O mundo sensorial é assim, uma vibração na natureza. Seria de facto terrível se encontrássemos satisfação no mundo dos sentidos, porque então nunca procuraríamos para além dele, ficaríamos limitados. No entanto, ao despertarmos para este dukkha, começamos a procurar a saída para deixarmos de estar constantemente aprisionados à consciência sensorial.

(…)

A Segunda Nobre Verdade

O que é a Nobre Verdade da Origem do Sofrimento? É o desejo que renova a existência e é acompanhado pela cobiça e prazer, cobiçando isto e aquilo: ou seja, desejo pelos prazeres sensoriais, desejo por ser, desejo por não ser. Mas onde nasce e floresce este desejo? Onde quer que exista algo adorável e gratificante, ai ele nasce e floresce.

Existe esta Nobre Verdade da Origem do Sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.
Esta Nobre Verdade deve ser penetrada abandonando a origem do sofrimento…

Esta Nobre Verdade foi penetrada tendo abandonado a origem do sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.

[Samyutta Nikaya LVI, 11]

A Segunda Nobre Verdade é composta por três fases: ‘Existe a origem do sofrimento que é o apego ao desejo. O desejo deve ser abandonado. O desejo foi abandonado.’

A Segunda Nobre Verdade diz-nos que existe uma origem para o sofrimento e que essa origem se encontra nos três tipos de desejo: desejo de prazeres sensoriais (kama tanha), desejo de ser (bhava tanha) e o desejo de não ser (vibhava tanha). Esta é a declaração da Segunda Nobre Verdade, a tese, a pariyatti. Isto é o que tu contemplas: a origem do sofrimento encontra-se no apego ao desejo.

Três tipos de desejo

Desejo ou tanha em Pali é algo importante a ser compreendido. O que é o desejo? Kama tanha é muito fácil de perceber. Este tipo de desejo é querer prazeres sensoriais através do corpo ou dos outros sentidos e procurar sempre coisas que excitem e agradem os sentidos. Podes realmente contemplar: como é quando tens desejo de prazer? Por exemplo, quando estás a comer, se tens fome e a comida é deliciosa podes manter-te consciente de querer comer mais uma garfada. Percebe essa sensação quando estás a saborear algo agradável e repara como queres mais. Não acredites nisto só por acreditar, experimenta por ti próprio. Não penses que sabes isto só porque sempre foi assim, faz a experiência quando comeres outra vez, saboreia algo delicioso e observa o que se passa a seguir: o surgir do desejo de querer mais. Isso é kama tanha.

Nós também contemplamos a sensação de querer ser algo. Se existir ignorância então, quando não estamos a procurar algo delicioso para comer ou alguma boa música para ouvir, podemos encontrar-nos presos num mundo de ambição e conquista, o desejo de vir a ser. Somos apanhados nesse movimento, nessa luta para nos tornarmos felizes; procuramos formas de enriquecer ou tentamos tornar a nossa vida em algo importante, ao empenharmo-nos para pôr o mundo em ordem. Assim, apercebe-te desta sensação de querer ser algo mais do que aquilo que és neste momento.

Escuta o bhava tanha na tua vida: ‘Eu quero praticar meditação para poder ser livre da minha dor. Eu quero tornar-me iluminado. Eu quero ser um monge ou uma monja. Eu quero tornar-me iluminado como pessoa leiga. Eu quero ter uma mulher e filhos e uma boa profissão. Eu quero gozar o mundo dos sentidos sem ter que abdicar de nada e tornar-me num arahant (Ser Nobre)’.

Quando nos tornamos desiludidos com a tentativa de querer ser algo, então surge o desejo de vermo-nos livres de certas coisas. Aí contemplamos vibhava tanha, o desejo de nos libertarmos: ‘Eu quero ver-me livre do meu sofrimento. Eu quero ver-me livre da minha raiva. Eu tenho esta irritação e quero ver-me livre dela. Eu quero libertar-me da minha inveja, medo e ansiedades.’ Nota isto como uma reflexão acerca do desejo de não ser vibhava tanha. Na realidade estamos a contemplar aquilo que dentro de nós se quer ver livre das coisas; não estamos a tentar ver-nos livres do vibhava tanha. Não estamos a tomar a posição de estar contra o desejo de nos querermos ver livres das coisas, nem estamos a encorajar esse desejo. Em vez disso, estamos a reflectir ‘É desta forma; é assim que nos sentimos quando nos queremos ver livres de algo; eu tenho de conquistar a minha ira; eu tenho de matar o Diabo e ver-me livre do meu egoísmo, aí eu serei…’ Podemos observar através desta corrente de pensamentos que querer ser e querer vermo-nos livres estão bastante associados.

Mas convém ter em mente que estas três categorias de kama tanha, bhava tanha e vibhava tanha são apenas convenientes métodos para contemplarmos o desejo. Elas não são formas de desejo totalmente diferentes mas sim diferentes aspectos do mesmo.

A segunda revelação da Segunda Nobre Verdade é: ‘O desejo deve ser abandonado’. É assim que o abandonar surge na nossa prática. Tu tens a revelação de que o desejo deve ser abandonado, mas essa revelação não é um desejo de te quereres ver livre de nada. Se não fores suficientemente sensato e não estiveres a reflectir, tens a tendência a seguir o ‘eu quero ver-me livre de…, eu quero libertar-me de todos os meus desejos’ mas, isto é somente outro desejo. No entanto podes reflectir acerca dele; podes observar o desejo de te quereres ver livre, o desejo de querer ser ou o desejo de prazeres sensoriais. Compreendendo estes três tipos de desejo, podes deixá-los ir.

A Segunda Nobre Verdade não te pede que penses, ‘eu tenho muitos desejos sensoriais’, ou ‘eu sou mesmo ambicioso. Eu sou todo bhava tanha mais, mais, mais!’ ou ‘Eu sou um verdadeiro niilista. Eu só quero desaparecer. Eu sou um verdadeiro fanático do vibhava tanha’.A Segunda Nobre Verdade não é nada disso. Não se trata de forma alguma de identificação com os desejos mas sim do reconhecimento desses desejos.

Eu costumava perder bastante tempo a observar quanto da minha prática era desejo de ser algo. Por exemplo, quanto das boas intenções da minha prática de meditação como monge eram para que gostassem de mim, quanto do meu relacionamento com os outros monges ou monjas ou com as pessoas leigas, tinha a ver com o desejo de ser apreciado e respeitado. Isto é bhava tanha, desejo de ter elogios e sucesso. Como monge, tens este bhava tanha; o querer que as pessoas percebam tudo e que apreciem o Dhamma, até estes subtis, quase nobres desejos são bhava tanha.

Depois temos vibhava tanha na vida espiritual, que pode ser parecer muito virtuoso: ‘Eu quero ver-me livre, aniquilar e exterminar estas contaminações da mente’. Atentamente, eu ouvia-me a pensar ‘ Eu quero ver-me livre dos desejos. Eu quero ver-me livre da raiva. Eu nunca mais quero ter medo ou inveja. Eu quero ser corajoso. Eu quero ter alegria e felicidade no meu coração’.

Esta prática do Dhamma não é para nos odiarmos por termos tais pensamentos mas, observar claramente que estes são condicionados pela mente. Eles são impermanentes. O desejo não é aquilo que somos mas a forma como tendemos a reagir devido à nossa ignorância, quando ainda não compreendemos estas Quatro Nobre Verdades nos seus três aspectos. Nós tendemos sempre a reagir desta maneira e estas são reacções normais devido à ignorância.

Mas não necessitamos de continuar a sofrer, não somos somente vítimas desesperadas do desejo. Podemos deixar o desejo ser da forma que é e assim começarmos a libertarmo-nos dele. O desejo só nos ilude e tem poder sobre nós, enquanto o agarramos, acreditamos e a ele reagimos.

(…)

A Terceira Nobre Verdade

O que é a Nobre Verdade do Cessar do Sofrimento?
É o desaparecimento do último vestígio e cessação desse mesmo desejo; o rejeitar, o abandonar, o deixar e o renunciar do mesmo. Mas onde é que este desejo é abandonado e terminado? Onde quer que exista aquilo que parece adorável e gratificante, aí é abandonado e terminado.

Existe esta Nobre Verdade do Cessar do Sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.
Esta Nobre Verdade deve ser penetrada, realizando a Cessação do sofrimento…

Esta Nobre Verdade foi penetrada, realizando o Cessar do sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.

[Samyutta Nikaya LVI, 11]

A Terceira Nobre Verdade é composta por três fases: ‘Existe a cessação do sofrimento, do dukkha. O cessar do dukkha deve ser realizado. A cessação do dukkha foi realizada.’

Os ensinamentos Budistas têm como objectivo fundamental o desenvolver de uma mente reflectiva, para assim se poder abandonar as ilusões. As Quatro Nobres Verdades são um ensinamento acerca desse abandono, através do olhar atento e da investigação, contemplando: ‘Porque é que é assim? Porque é que é deste modo?’

É bom ponderar acerca de coisas como, porque é que os monges rapam a cabeça ou o porquê de Buddha-rupas terem a aparência que têm. Nós contemplamos…a mente não está a formar uma opinião acerca do facto de estas serem boas, más, úteis ou desnecessárias. Na verdade a mente está a abrir-se e a considerar, ‘O que é que isto significa? O que é que os monges representam? Porque é que eles usam a “malga de almas” (oferendas)? Porque é que eles não podem ter dinheiro? Porque é que eles não podem cultivar os seus próprios alimentos?’

Contemplamos como esta forma de vida tem mantido esta tradição, permitindo que a mesma seja transmitida do seu fundador original, o Buda Gautama, até aos dias de hoje.

Nós reflectimos acerca da forma como vimos o sofrimento; como vimos a natureza do desejo; como reconhecemos que o apego ao desejo é sofrimento, e assim alcançamos a revelação interna que permite abandonar o desejo, a realização do “não-sofrimento”, a cessação do sofrimento. Estas revelações só podem surgir através da reflexão; elas não surgem só porque acreditas nelas. Tu não te podes fazer acreditar ou realizar uma revelação só por vontade; é através da verdadeira contemplação e reflexão destas verdades, que as revelações te surgem. Elas só surgem através da abertura e receptividade da mente para com os ensinamentos, fé cega não é certamente aconselhada ou esperada de ninguém. Em vez disso a mente deve estar disposta a estar receptiva, ponderando e considerando.

Este estado mental é muito importante, é o caminho para abandonar o sofrimento. Não é uma mente com ideias fixas e preconceitos, que pensa que sabe tudo ou que só aceita ser verdade o que as outras pessoa dizem. É uma mente que está aberta para estas Quatro Nobres Verdades e que consegue reflectir acerca de algo que podemos ver dentro da nossa própria mente.

As pessoas raramente realizam o “não-sofrimento” porque este requer uma vontade muito especial para se poder ponderar e investigar e assim passar para além do grosseiro e do óbvio. É preciso força de vontade para observar honestamente as tuas próprias reacções, ser capaz de reconhecer os apegos e contemplar: ‘Como é que é sentir apego?’

Por exemplo, sentes-te feliz ou liberto estando apegado ao desejo? Sentes-te positivo ou depressivo? Estas questões são para tu investigares. Se achares que estar apegado aos teus desejos é libertador, então continua. Apega-te aos teus desejos e vê qual é o resultado.

Na minha prática, tenho observado que o apego para com os meus desejos é sofrimento. Não tenho qualquer dúvida acerca disso. Consigo ver quanto sofrimento na minha vida tem sido causado por apego a coisas materiais, ideias, atitudes ou medos. Consigo ver todo o tipo de infelicidade desnecessária que eu causei a mim próprio por causa deste apego e porque não compreendia as coisa como elas realmente são. Eu fui criado na América, a terra da liberdade. Ela promete o direito de ser feliz, mas o que na realidade ela oferece é o direito de ser apegado a tudo. A América encoraja-te a tentares ser o mais feliz possível possuindo coisas, no entanto, se trabalhares com as Quatro Nobres Verdades, o apego deve ser compreendido e contemplado; aí então, surge a revelação do desapego. Isto não é uma posição intelectual ou uma ordem do teu cérebro a dizer que não deves ser apegado; é somente uma revelação natural sobre o desapego ou extinção do sofrimento.

(…)

A Quarta Nobre Verdade

O que é a Nobre Verdade do Caminho que Conduz á Cessação do Sofrimento? É este Nobre Óctuplo Caminho, que é como dizer: Entendimento correcto, Intenção Correcta, Linguagem Correcta, Acção Correcta, Meio de Vida correcto, Esforço correcto, Atenção Plena Correcta e Concentração Correcta. Existe esta Nobre Verdade do Caminho que Conduz à Cessação do Sofrimento do Sofrimento: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.

Esta Nobre Verdade deve ser penetrada cultivando o Caminho… Esta Nobre Verdade foi penetrada, cultivando o Caminho: tal foi a visão, revelação, sabedoria, verdadeiro conhecimento e luz que em mim surgiram acerca de coisas nunca antes ouvidas.

[Samyutta Nikaya LVI, 11]

A Quarta Nobre Verdade, assim como as primeiras três, é composta por três fases. A primeira é que: ‘Existe o Óctuplo caminho, ou atthangika magga – o caminho para sair do sofrimento.’ É também chamado de ariya magga, o Ariyan ou Nobre Caminho. A segunda fase é que: ‘Este caminho deve ser desenvolvido’. A ultima revelação é: ‘Este caminho foi plenamente desenvolvido’.

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Dukkha

Trecho do livro No Que Os Buddhistas Acreditam, de Ven. Dr. K. Sri Dhammananda

Há muitas maneiras de entender a palavra pali ‘dukkha’. Ela tem sido geralmente traduzida como ‘sofrimento’ ou ‘insatisfatoriedade’, mas esse termo, tal como usado nas Quatro Nobres Verdades, tem um significado mais profundo e amplo. Dukkha contém não apenas o significado ordinário de sofrimento, mas também inclui idéias mais profundas tais como imperfeição, dor, impermanência, desarmonia, desconforto, irritação ou consciência da incompletude e insuficiência. Dukkha inclui o sofrimento físico e mental: nascimento, decadência, doença, morte, estar unido ao desagradável, estar separado do agradável, não conseguir o que se deseja. Entretanto, muitas pessoas não compreendem que mesmo durante os momentos de alegria e felicidade, há dukkha por tais momentos serem todos estados impermanentes que irão passar quando as condições mudarem. Portanto, a verdade de dukkha abrange toda a existência, em nossa felicidade e pesar, em cada aspecto de nossas vidas. Tanto quanto vivermos, seremos profundamente sujeitos a essa verdade.

Monge Genshô fala sobre a primeira nobre verdade e sobre a palavra Dukkha:

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O Budismo é pessimista?

Trecho de Budismo em Poucas Palavras, por Venerável Narada Mahathera

O Budismo repousa sobre o eixo da dor. Mas aqui não se deve inferir que o Budismo é pessimista. Nem é totalmente pessimista nem totalmente otimista, mas, ao contrário, ensina que a verdade repousa no meio do caminho entre os dois. Poderia encontrar-se justificação em chamar Buddha pessimista se ele tivesse apenas enunciado a verdade do sofrimento sem sugerir um meio para acabar com ele. O Buddha percebeu a universalidade da dor e receitou uma prescrição para esse mal universal da humanidade. A maior felicidade que se possa imaginar, de acordo com o Buddha, é Nibbana, que é a total extinção do sofrimento.

O autor do artigo sobre pessimismo na Enciclopédia Britânica escreve: “O Pessimismo denota uma atitude de desesperança face à vida, uma vaga opinião geral de que a dor e o mal predominam os assuntos humanos. A doutrina original de Buddha é tão otimista como qualquer otimismo no ocidente. Chamar de pessimismo é simplesmente aplicar o principio característico do ocidente pela qual a felicidade é impossível sem personalidade. O verdadeiro Budista espera com entusiasmo ser absorvido pela felicidade eterna.”

Normalmente, o desfruto dos prazeres sensuais é a maior e única felicidade do homem comum. Não há dúvida sobre o tipo de felicidade momentânea envolvendo expectativa, satisfação e lembrar de tais prazeres materiais efémeros, mas são ilusórios e temporários. De acordo com Buddha, o não-apego é uma felicidade ainda maior.

Buddha não espera que seus seguidores mantenham uma reflexão constante sobre o sofrimento que os conduz a uma miserável vida infeliz. Os exorta a estarem sempre felizes e alegres porque o entusiasmo (Pīti) é um dos fatores da Iluminação.

A felicidade real encontra-se no interior e não se define em termos de riqueza, filhos, honra ou fama. Se tais posses são mal utilizadas, são obtidas injustamente ou pela força, apropriadas indevidamente ou até mesmo vistas com apego, serão uma fonte de infelicidade e dor dos seus possuidores.

Sobre este assunto consulte também o post: O Buda era pessimista?


Saiba mais (links externos):

Veja também:

Olhar Budista > Recursos > Budismo: comece aqui!


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