Contos e Poemas Zen/Chan

Poemas de Eihei Dogen

O arroz e os outros vegetais têm vida,
os peixes e os outros animais têm vida,
e é graças às suas vidas que podemos viver.
Recebamos a comida com gratidão pelas suas preciosas vidas,
sempre dizendo: “eu agradecidamente recebo esta dádiva de alimento”
e “agradeço por essa maravilhosa comida”.

*    *    *

O valor de uma pessoa não tem nada a ver
com sua posição, fortuna ou ocupação.
Avaliar uma pessoa com base em sua instrução
ou talento levará ao erro.
Antes, são as ações e os pensamentos que dão vida
ao conhecimento que são preciosos.
Pensamentos e ações são o que formam o valor de uma pessoa.

*    *    *

“Saber” e “entender” são coisas diferentes.
Mesmo quando sabemos, sem colocar o conhecimento em prática,
não podemos entender.
Apenas ler a bula de um remédio
não cura a doença.
O Zen também é algo que não se pode entender
até que se ponha em prática.

*    *    *

A vida não tem limite de idade
Não há os “anos de decadência” ou os “anos que restam”.
Nós saudamos a morte. Até este instante, a vida é uma ocupação ativa.
A vida ser uma ocupação ativa significa
ser uma pessoa que não tem arrependimentos quando a vida termina,
ser uma pessoa que não tem medo da “idade da velhice” e da “morte”,
que, em lugar disso, conhece apenas
a “idade da generosidade e da beleza” e a “tranqüilidade da morte”.

*    *    *

Tudo o que nasce morre.
Tudo o que chega parte.
O que foi tomado será perdido.
O que foi feito será quebrado.
O tempo passa como uma flecha.
Tudo é efémero.
Há algo, neste mundo,
que não seja transitório?

*    *    *

Ao arrumar nossos sapatos cuidadosamente, trazemos harmonia a nossas mentes,
quando nossas mentes estão em harmonia, arrumamos nossos sapatos cuidadosamente.
Se arrumamos nossos sapatos cuidadosamente quando os tiramos,
nossas mentes não se perturbarão quando os calçarmos.
Se alguém deixa os sapatos em desordem,
silenciosamente devemos arrumá-los.
Tal ato certamente trará harmonia
para a mente das pessoas de todo o mundo.

Traduzido por Keiun e Koun.
Templo Busshinji, outono de 2004


Na primavera as flores de cerejeira
no verão o cuco
no outono a lua
e no inverno a neve
branca e fresca.

*    *    *

O corvo construiu seu ninho
no topo de minha cabeça
enquanto a aranha teceu sua teia
em minha sobrancelha.

*    *    *

Tendo procurado no mais profundo
das montanhas longínquas
achei o meu lar.
Meu lar, onde tinha sempre vivido.

*    *    *

As ondas são calmas.
O vento vai morrendo
num barco abandonado.
A lua da meia-noite
alta e brilhante.

Tradutor e fonte: SanghaMargha


O conhecimento
é como a lua refletida na água.
A lua não se molha
nem a água se rompe.

*    *    *

Quando uma gota d’água cai no oceano,
quando um grão de pó cai na terra,
a gota d’água já não é
mais uma gota d’água,
torna-se o Oceano,
e o grão de poeira
torna-se a Terra inteira.

*    *    *

Aproveite este refúgio de montanha e ainda sinta a melancolia,
Estudando o Sutra de Lótus todos os dias,
Praticar zazen em pensamento único;
O que importa o amor e o ódio
Quando eu estou aqui sozinho,
Ouvindo o som da chuva no final desta noite de outono.

*    *    *

Os ventos do Caminho
circulando por toda parte
são mais duros que diamantes.
A Terra inteira é suportada por eles.

Imagem de destaque: Ricardo Sousa / Olhar Budista


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